Exercícios sobre escritores brasileiros

Com estes exercícios sobre escritores brasileiros, você poderá testar seus conhecimentos sobre obras e autores importantes da literatura nacional. Publicado por: Mariana do Carmo Pacheco
Questão 1

(PUC-CAMP) A leitura integral de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, permite a correta compreensão do título desse “auto de natal pernambucano”:

a) Tal como nos Evangelhos, o nascimento do filho de Seu José anuncia um novo tempo, no qual a
experiência do sacrifício representa a graça da vida eterna para tantos “severinos”.

b) Invertendo a ordem dos dois fatos capitais da vida humana, mostra-nos o poeta que, na condição
“severina”, a morte é a única e verdadeira libertação.

c) O poeta dramatiza a trajetória de Severino, usando o seu nome como adjetivo para qualificar a
sublimação religiosa que consola os migrantes nordestinos.

d) Severino, em sua migração, penitencia-se de suas faltas e encontra o sentido da vida na confissão final que faz a Seu José, mestre capina.

e) O poema narra as muitas experiências da morte, testemunhadas pelos migrantes, mas culmina com a cena de um nascimento, signo resistente da vida nas mais ingratas condições.

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Alternativa E. O título da obra, que propõe o último encontro com a vida, sugere a vitória da resistência e da insistência na esperança. O nascimento de uma criança apresenta a contradição entre a opção de desistir da vida e a alternativa de agarrar-se à existência e resistir à morte. Nessa perspectiva, a simbologia da criança traz a ideia da limpeza de toda a podridão associada à morte.

Questão 2

(Unifesp) Leia o texto a seguir e responda à questão.

Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! — é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que me vejam — é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho...(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.)

O texto de Guimarães Rosa mostra uma forma peculiar de escrita, denunciada pelos recursos linguísticos empregados pelo escritor. Entre as características do texto, está:

a) o emprego da linguagem culta, na voz do narrador, e o da linguagem regional, na voz da personagem.

b) a recriação da fala regional no vocabulário, na sintaxe e na melodia da frase.

c) o emprego da linguagem regional predominantemente no campo do vocabulário.

d) a apresentação da língua do sertão fiel à fala do sertanejo.

e) o uso da linguagem culta, sem regionalismos, mas com novas construções sintáticas e rítmicas.

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Alternativa B. Existe uma recriação da linguagem a fim de dar maior grandeza ao discurso. A fala do sertanejo do mundo de Grande Sertão: Veredas baseia-se em elementos tirados da fala real do homem do sertão. Perceba que não é uma cópia da linguagem do sertanejo, mas uma recriação realizada com base no “original”.

Questão 3

Analise as afirmações e assinale a alternativa correta em relação à obra A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector:

I. A protagonista é tomada pelo nojo da barata, mas precisa enfrentá-la, tocá-la e provar o seu sabor. A náusea que a toma violentamente representa a angústia que antecede a epifania e resulta na dolorosa sensação de fragilidade da condição humana.

II. Essa é a única obra de Lispector que o fluxo de consciência não é uma característica.

III. Trata-se de um monólogo.

a) Todas estão corretas.

b) I

c) III

d) I e III

e) I e II

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Alternativa D. A afirmação de número II está incorreta, visto que o fluxo de consciência é uma das características mais marcantes da escrita de Clarice e não fica de fora da obra Paixão segundo G.H.

Questão 4

Sobre a obra de Arnaldo Antunes é correto afirmar que:

a) não possui características da poesia de vanguarda concretista.

b) a base de seu processo criativo é apenas a semiótica.

c) não dialoga com a estrutura do verso tradicional.

d) tradicionalismo é o que impera em sua poesia.

e) o processo criativo do autor segue tendências do Concretismo e da Poesia marginal.

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Alternativa E. Arnaldo Antunes retoma a proposta do movimento concretista. Essa tendência faz com que a escrita de Antunes distancie-se do tradicionalismo, mas não quer dizer que não há nenhum tipo de influência dos versos tradicionais em sua poesia.
Nas palavras do autor: “Eu acho que a minha poesia tem influências do concretismo mas não poderia ser classificada como poesia concreta. Acabam fazendo esta classificação, mas eu acho muito limitado ler a realidade sob a ótica de um movimento ou conceito. As coisas, vistas dessa maneira, ficam reduzidas. Tenho afinidade e admiração pelos poetas concretos e sou influenciado por suas obras, mas também tenho influência de outras áreas, como por exemplo, da tradição de letras de músicas da MPB, da cultura pop, do rock end roll e de outras áreas da literatura. Acaba sendo engraçado, pois, não tenho nenhuma pretensão de equiparar minha poesia com a dos poetas concretos. O trabalho deles é mais sofisticado. Tenho uma música no CD O Silêncio que se refere a mistura racial. Acho que define bem a forma como vejo a minha criação artística e, também,e o retorno disso: "somos inclassificáveis".” Arnaldo Antunes e a palavra - Estado de S. Paulo - Zap!: 1999. Acesso em: 12/02/2016