Exercícios sobre a poesia de Augusto dos Anjos

Estes exercícios sobre a poesia de Augusto dos Anjos abordam as principais características da obra poética de um dos nomes mais importantes da literatura brasileira. Publicado por: Luana Castro Alves Perez
Questão 1

(MACK-SP)

Assinale a alternativa onde aparece uma característica que não se aplica à obra de Augusto dos Anjos.

a) referência à decomposição da matéria.

b) pessimismo diante da vida.

c) amor reduzido a instinto.

d) incorporação de vocabulário científico.

e) nacionalismo exaltado.

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Alternativa “e”.

Questão 2

“Sua popularidade deve-se ao caráter original, paradoxal, até mesmo chocante, da sua linguagem, tecida de vocábulos esdrúxulos e animada de uma virulência pessimista sem igual em nossas letras. Trata-se de um poeta poderoso, que deve ser mensurado por um critério estético extremamente aberto que possa reconhecer, além do “mau gosto” do vocabulário rebuscado e científico, a dimensão cósmica e a angústia moral da sua poesia”. (Alfredo Bosi, em História concisa da literatura brasileira).

O trecho acima se refere a(à):

a) Cruz e Sousa.

b) Alphonsus de Guimaraens.

c) Augusto dos Anjos.

d) Cecília Meireles.

e) Gregório de Matos.

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Alternativa “c”. As inovações temáticas e de estilo fizeram de Augusto dos Anjos um importante poeta brasileiro, embora tenha publicado apenas um livro ao longo de sua vida. O “mau gosto” do vocabulário rebuscado e científico, a dimensão cósmica, a angústia moral e o pessimismo de sua poesia – características encontradas em um de seus mais famosos poemas, Psicologia de um Vencido – tornaram-no um escritor sem igual na literatura brasileira, cuja vida e obra ainda despertam o interesse do público.

Questão 3

Leia o soneto de Augusto dos Anjos e marque a alternativa correta:

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Produndissimamente hipocondríaco, 
Este ambiente me causa repugnância... 
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia 
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas 
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los, 
E há-de deixar-me apenas os cabelos, 
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

I. O poema condensa todos os elementos centrais da poética de Augusto dos Anjos, autor que se apropriou de um vocabulário científico para produzir efeito de angústia existencial diante das implacáveis leis da natureza.

II. Em todas as expressões, as realidades cósmicas e vitais acham-se vinculadas a qualificações depressivas e substantivos que indicam o mal e a morte: “Monstro de escuridão e rutilância”; “Já o verme — este operário das ruínas —/Que o sangue podre das carnificinas/ Come, e à vida em geral declara guerra”.

III. Nos quartetos há a preferência pelos vocábulos coloquiais, uma das principais características da poesia de Augusto dos Anjos.

IV. Trata-se de um soneto em versos decassílabos com a presença de rimas ricas (rimas entre palavras de classes gramaticais diferentes (rutilância e infância) e uma rima rara (roê-los e cabelos), no qual o poeta demonstra grande virtuosismo técnico e certa inspiração parnasiana.

a) Todas estão corretas.

b) Apenas I está correta.

c) I, II e III estão corretas.

d) II, III e IV estão corretas.

e) Apenas IV está correta.

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Alternativa “c”. Entre as principais características da poesia de Augusto dos Anjos está a adoção de um vocabulário pouco comum, repleto de palavras com forte carga cientificista.

Questão 4

(MACK-SP)

A estrofe que NÃO apresenta elementos típicos da produção poética de Augusto dos Anjos é:

a) Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

b) Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja a mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

c) Meia-noite.
Ao meu quarto me recolho.

Meu Deus! E este morcego!
E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

d) Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo…

Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

e) Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,

Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial.

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Alternativa “d”. A estrofe da alternativa “d” é fragmento do poema Lembrança de morrer, do poeta ultrarromântico Álvares de Azevedo. A exarcebação da sentimentalidade e a morbidez estão entre os temas que definem a estética ultrarromântica. Na obra de Álvares de Azevedo,  é comum encontrar expressões que transportam o leitor para um universo mórbido e depressivo, características que estabelecem certo dialogismo com a poética de Augusto dos Anjos. Contudo, na obra de Augusto dos Anjos não há a idealização do amor, tampouco a idealização da figura feminina conforme observamos nos versos do poema Lembranças de morrer.

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