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Exercícios sobre conjunções

Esta lista de exercícios vai testar seu conhecimento sobre conjunções. As orações podem apresentar diversos tipos de conjunções coordenativas ou subordinativas.

Por Warley Souza
Questão 1

(Enem)

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe

Nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe

Na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe

No breve espaço de beijar.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de

A) oposição.

B) comparação.

C) conclusão.

D) alternância.

E) finalidade.

Questão 2

(Enem)

Tarefa

Morder o fruto amargo e não cuspir

Mas avisar aos outros quanto é amargo

Cumprir o trato injusto e não falhar

Mas avisar aos outros quanto é injusto

Sofrer o esquema falso e não ceder

Mas avisar aos outros quanto é falso

Dizer também que são coisas mutáveis...

E quando em muitos a não pulsar

— do amargo e injusto e falso por mudar —

então confiar à gente exausta o plano

de um mundo novo e muito mais humano.

CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.

Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas” articulam, para além de sua função sintática,

A) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.

B) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.

C) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.

D) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.

E) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.

Questão 3

Assinale a alternativa que apresenta uma conjunção coordenativa aditiva.

A) Naquele dia, as pessoas não estavam preocupadas nem estressadas.

B) Naquele dia, as pessoas não estavam preocupadas, mas relaxadas.

C) Naquele dia, as pessoas não estavam preocupadas ou estressadas.

D) Naquele dia, as pessoas estavam preocupadas; logo, estressadas.

Questão 4

(Fumarc)

Quando as séries ou novelas começam, as conversas cessam e todos são abduzidos para outro universo.

As conjunções presentes no período acima indicam, respectivamente, relações de:

A) causa e conclusão.

B) comparação e adição.

C) consequência e conclusão.

D) tempo e adição.

Questão 5

(IFPE)

Uma revisão de dados recentes sobre a morte de línguas

Linguistas preveem que metade das mais de 6 mil línguas faladas no mundo desaparecerá em um século — uma taxa de extinção que supera as estimativas mais pessimistas quanto à extinção de espécies biológicas. [...]

Segundo a Unesco, 96% da população mundial falam só 4% das línguas existentes. E apenas 4% da humanidade partilha o restante dos idiomas, metade dos quais se encontra em perigo de extinção. Entre 20 e 30 idiomas desaparecem por ano — uma média de uma língua a cada duas semanas.

[...]

Disponível em: http://revistalingua.com.br/textos/116/a-morte-anunciada-355517-1.asp. Acesso em 28 set. 2015.

Na frase “Linguistas preveem que metade das mais de 6 mil línguas faladas no mundo desaparecerá em um século”, que aparece no início do texto, o vocábulo “que” funciona como

A) conjunção integrante e introduz uma nova oração com valor de predicativo do sujeito.

B) pronome relativo e estabelece uma ligação entre o verbo e a palavra “metade”.

C) conjunção integrante e introduz uma nova oração com valor de sujeito.

D) pronome e estabelece uma relação entre “linguistas” e o que sucede o pronome.

E) conjunção integrante e introduz uma oração com valor de objeto direto.

Questão 6

Assinale a alternativa que apresenta uma conjunção subordinativa causal.

A) Se sou um pássaro voando, você é meu lindo céu azul.

B) Embora seja pacífica, não permito que eles me humilhem.

C) Como um pássaro voando, fui até a casa do meu amor.

D) Como sou pacífica, eles pensam que podem me humilhar.

Questão 7

(UFLA)

Tempo high tech*

[...]

A tecnologia do consumidor, tradicionalmente, tem prometido poupar tempo e mão de obra, deixando-nos livres para nos dedicar a atividades que realmente interessam, e poucos negarão que as tecnologias do consumidor tornaram nossa vida mais fácil durante o século passado. Não precisamos mais lavar roupas com as mãos, calcular cifras de cabeça ou fazer pão a partir do zero. “Faça as coisas rapidamente, deixando mais tempo para ser feliz”, nas palavras de uma propaganda da Microsoft. Os produtos para o consumidor nos seduzem com um largo espectro de promessas, e então manipulam nossa vida e aumentam a velocidade das nossas expectativas. Ao longo dos anos, temos consumido essas promessas tão depressa quanto a riqueza o tem permitido.

Cada vez mais, aquilo que promete poupar nosso tempo consome o nosso tempo. A tecnologia do consumidor requer a priorização das necessidades, a seleção de marcas, a compra, a instalação, a manutenção e o progressivo aperfeiçoamento.

[...]

Na frase “[...] aquilo que promete poupar nosso tempo consome o nosso tempo”, a oposição existente entre os verbos poupar e consumir expressa-se também, pelo emprego das conjunções grifadas, nas seguintes alternativas, EXCETO:

A) A tecnologia promete poupar o nosso tempo, portanto, ela consome o nosso tempo.

B) Embora a tecnologia prometa poupar o nosso tempo, ela consome o nosso tempo.

C) A tecnologia promete poupar o nosso tempo, porém, consome o nosso tempo.

D) Apesar de a tecnologia prometer poupar o nosso tempo, ela consome o nosso tempo.

Questão 8

(UFLA)

Declaração de amor

Clarice Lispector

Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

[...]

Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e posso escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

No trecho “Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever,...”, a conjunção e o tempo verbal expressam, respectivamente,

A) dúvida/ incerteza.

B) desejo/ expectativa.

C) conclusão/ resignação.

D) condição/ hipótese.

Questão 9

Assinale a alternativa que apresenta uma conjunção coordenativa adversativa.

A) Não queríamos causar tanta comoção e tínhamos que mostrar a realidade dos fatos.

B) Não queríamos causar tanta comoção ou tínhamos que mostrar a realidade dos fatos.

C) Não queríamos causar tanta comoção; porém, tínhamos que mostrar a realidade dos fatos.

D) Não queríamos causar tanta comoção; então, tínhamos que mostrar a realidade dos fatos.

E) Não queríamos causar tanta comoção, pois tínhamos que mostrar a realidade dos fatos.

Questão 10

(UENP)

Leia o trecho a seguir.

Se a pessoa se contenta com linguagem simples — frases curtas da televisão e das redes sociais, vocabulário pobre e sintaxe pouco elaborada —, o desenvolvimento cerebral se estabiliza e a pessoa se torna incapaz de compreender ideias com consequências significativas para si mesma e para a sociedade.

Em relação aos termos grifados, assinale a alternativa correta.

A) O primeiro termo é uma conjunção condicional e o segundo um pronome que retoma a palavra “contenta”.

B) O primeiro termo é uma conjunção conformativa e o segundo um pronome que retoma a palavra “pessoa”.

C) O primeiro termo é uma conjunção conformativa e o terceiro um pronome que retoma a expressão “desenvolvimento cerebral”.

D) O segundo termo retoma a palavra “pessoa” e o terceiro retoma a palavra “estabiliza”.

E) O terceiro termo retoma a expressão “desenvolvimento cerebral” e o quarto retoma a palavra “pessoa”.

Questão 11

A psicologia explica por que as pessoas acreditam em teorias conspiratórias sobre o coronavírus

Por que é tão fácil acreditar em mitos sobre a pandemia de Covid-19, e quem tem as maiores chances de se deixar enganar.

Julia Ries

07/14/2020 05:00am-03 | Updated julho 17, 2020

Bill Gates está arquitetando um plano para vacinar a população inteira. A pandemia de covid-19 foi provocada pelas torres de telefonia 5G. O coronavírus foi criado num laboratório chinês para ser usado como arma de guerra biológica.

Várias teorias conspiratórias como essas estão circulando no momento, propondo explicações criativas (e pouco plausíveis) sobre como e por que o coronavírus avançou de tal maneira em todo o planeta.

Um vídeo intitulado “Plandemic” circulou nas redes sociais propondo ideias falsas sobre a Covid-19. Por exemplo, a teoria de que máscaras ativam o vírus e que o fato de termos sido vacinados no passado nos torna mais vulneráveis à doença.

[...]

As pessoas não são fãs da incerteza

Como disse Karen Douglas, as pessoas se rendem a teorias conspiratórias em períodos de grande incerteza. Pelo fato de ligar os pontinhos, essas hipóteses tiram o elemento desconhecido da equação, dando às pessoas a sensação de controle. Mesmo que a ideia em que elas creem seja falsa, o fato de ter algum tipo de explicação do que está acontecendo pode ser altamente tranquilizador.

A realidade é que a covid-19 foi provocada por causas naturais e que ainda não sabemos como impedir o vírus de se alastrar. Isso é assustador. Se uma pessoa acredita que a covid-19 foi causada por torres de 5G, ela tem algo concreto a combater, em vez de sentir que está tateando no escuro.

[...]

* Este texto foi originalmente publicado no HuffPost UK e traduzido do inglês.

https://www.huffpostbrasil.com/entry/teorias-conspiracao-coronavirus_br_5ed90592c5b6575627583dee. Acesso em 01/12/2020.

Releia o seguinte trecho do texto:

“Como disse Karen Douglas, as pessoas se rendem a teorias conspiratórias em períodos de grande incerteza”.

Considerando o uso da conjunção “como”, no contexto do trecho destacado acima, é correto afirmar que ela estabelece uma relação de:

A) afirmação, com o objetivo de esclarecer a visão da especialista, o que é esperado em notícias de tema científico.

B) causa, que explica a visão da professora e de outros especialistas, o que é esperado em textos dissertativos.

C) comparação entre a afirmação da professora e a de outros especialistas, o que é esperado em artigos de opinião.

D) conformidade, com o objetivo de introduzir a explicação da especialista, o que é esperado em reportagens.

E) semelhança entre a visão da professora e a de outros especialistas, o que é esperado em artigos de divulgação científica.

Questão 12

Marque a alternativa que apresenta uma conjunção subordinativa concessiva.

A) Fiquei na exposição até o final, como aqueles que gostam de arte tradicional.

B) Fiquei na exposição até o final, embora eu não goste de arte tradicional.

C) Fiquei na exposição até o final, porque eu gosto de arte tradicional.

D) Ficaria na exposição até o final, caso eu gostasse de arte tradicional.

Questão 13

(Unimontes)

O caminho da sustentabilidade

Nenhum cidadão responsável pode deixar de estar preocupado com os estragos que sofre o meio ambiente. Por isso, seja no governo, seja fora dele, muitos tomam iniciativas para mitigar os desastres. Os governantes passam leis com fé ingênua nos seus efeitos. Almas generosas e bem-intencionadas pregam a defesa do meio ambiente. Economistas só pensam em prêmios e punições financeiras. Olhando os resultados, é um no cravo e outro na ferradura. O pobre caboclo, perdido na Floresta Amazônica, está longe da lei que impediria suas aventuras com a motosserra. E, se estivesse ao alcance de pregações, não veria razões para segui-las. [...].

Temos três ferramentas: a lei, os incentivos econômicos e os valores. Individualmente, funcionam em alguns casos e falham em outros. No fundo, a boa receita requer invenção e inteligência, para combinar o seu uso. Em conjunto, seu poder de fogo é amplamente maior. É a tal da sinergia. Proibir bolsinhas plásticas em Belo Horizonte teria sido mais uma lei que não cola. Mas colou, porque foi precedida de um movimento popular que mostrou os seus inconvenientes ecológicos. [...].

Do dia para a noite, a geração fotovoltaica em residências e pequenas empresas tornou-se viável. Bastou uma lei que obrigasse as companhias elétricas a comprar o excesso de produção. De dia, vende-se para a rede. De noite, compra-se dela. Como os impostos sobre eletricidade são muito altos, igualam-se os preços da rede aos da geração local com células fotovoltaicas, ainda caras. Apelos para que se use menos água têm pouco impacto, seja em nossas chuveiradas, seja na agricultura irrigada. Mas, se combinados com leis que estabeleçam preços para a água, bem como cotas de uso, podem ter um impacto fulminante. Não encontramos receitas para coibir as queimadas. Mas é porque temos memória curta. No século XVII, as Ordenações Filipinas prescreviam que onde a mata foi queimada não se podia caçar, retirar carvão nem manter gado. Vejam a genialidade: não é possível impedir os incêndios, pois basta um fósforo quando ninguém olha. Mas os benefícios desfrutáveis da mata queimada podem ser fiscalizados. Ou seja, como não se pode impedir o ato, retiram-se as motivações. A receita inteligente está no tripé virtuoso: o convencimento, as ações que mexem no bolso e as boas leis. Em muitos casos, as que criam incentivos tendem a ser mais eficazes do que as proibições, mais difíceis de fiscalizar. O que cada um desses instrumentos isolados não pode fazer torna-se possível com uma combinação imaginativa e robusta dos três.

CASTRO, Cláudio de Moura. O caminho da sustentabilidade. Revista Veja, p. 24. 19 de setembro de 2012.

Assinale a alternativa em que o valor semântico da conjunção foi identificado incorretamente.

A) “Apelos para que se use menos água têm pouco impacto...” (Finalidade).

B) “Mas colou, porque foi precedida de um movimento popular...” (Explicação).

C) “E, se estivesse ao alcance de pregações, não veria razões para segui-las.” (Condicionalidade).

D) “...como não se pode impedir o ato, retiram-se as motivações.” (Comparação).

Questão 14

(Unimontes)

Nem tudo se pode ver, ouvir ou dizer

Betty Milan*

Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania de grandeza de alguns. O convívio com “egos inflados” é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que fazer.

[...]

Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão, como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito — um desejo vital de se opor às forças do inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe, e nós não somos donos de nós mesmos.

A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que tanto o valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para se perpetuar.

(Veja, 12/1/2011)

* A psicanalista e escritora Betty Milan, uma vez por mês, publica em Veja um artigo escrito para a revista impressa.

A locução conjuntiva “Desde que”, em “Desde que não sejam um efeito da repressão...”, exprime

A) tempo.

B) causa.

C) condição.

D) hipótese.

Questão 15

Marque a alternativa que apresenta uma conjunção subordinativa conformativa.

A) Enquanto o lugar for deslumbrante, minha irmã não vai poder reclamar de nada.

B) Para minha irmã fazer tal declaração, o lugar só pode ser simplesmente deslumbrante.

C) O lugar é simplesmente deslumbrante, conforme minha irmã declarou.

D) Quanto mais o lugar for deslumbrante, menos minha irmã vai reclamar.

Questão 16

(Unimontes)

O que é o perdão hoje?

O perdão laico pressupõe uma transformação moral tanto do agressor como de quem foi agredido. Para haver perdão, é preciso, de um lado, arrependimento sincero e, do outro, disposição para apagar os ressentimentos. Esse é um processo complexo. Como saber, por exemplo, se o remorso demonstrado por um assassino é verdadeiro ou apenas um gesto dissimulado? [...]

[...]. Na Odisseia, de Homero, Ulisses mata cada um dos 108 pretendentes à mão de sua esposa, Penélope. Um deles, Eurímaco, pede clemência e oferece dinheiro como reparação. Não há arrependimento por parte de Eurímaco, mas a intenção de se safar da morte. No segundo livro de Retórica, uma extensa análise das emoções humanas, o filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.) avalia a raiva e o seu oposto, o apaziguamento. O pensador sugere várias maneiras de apaziguar uma pessoa irada. Uma delas é mostrando arrependimento: “As pessoas sentem-se mais dispostas diante de quem não as enfrenta”. Em nenhum momento, no entanto, Aristóteles sugere a necessidade de uma mudança na atitude do agressor.

Nos tempos do Império Romano, um gladiador podia, a pedido do público reunido ao redor da arena, receber a piedade de César e ser poupado da morte. O imperador usava essa benevolência inclusive nos campos de batalha, a fim de atrair inimigos para o seu lado. Havia, portanto, um cálculo político por trás da absolvição. O Velho e o Novo Testamento também trazem histórias de perdão, mas sempre como uma dádiva divina. Quando Jesus ressuscita Lázaro e perdoa seus pecados, é acusado de blasfêmia por uma testemunha. Jesus responde: “O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados”. Com isso, dá a entender que é o representante de Deus e, portanto, pode agir em Seu nome. Essa prerrogativa — conferida mais tarde aos papas e aos padres — era tão valorizada que a Igreja Católica, na Idade Média, passou a cobrar dos fiéis para redimir seus pecados. A venda de indulgências pelo papado só era possível porque uma pessoa não podia perdoar a outra. No máximo, podia abster-se de procurar vingança como uma forma de ganhar pontos para, posteriormente, conseguir a própria redenção junto a Deus. O islamismo segue o mesmo princípio. O sentido moderno do perdão surgiu da revolução do pensamento ético liderada pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804). O pensador insistia na autonomia moral do homem em relação a Deus. Isso criou a condição para um entendimento secular de perdão entre as pessoas, no qual o remorso e a mudança interior do agressor deveriam ser julgados não por Deus, mas pela pessoa ofendida, que faria o esforço quase sobre-humano de ver o outro como alguém merecedor do perdão. Já quem se arrepende o faz não por ser virtuoso, mas porque a natureza humana é capaz de mudar.

[...]

Veja, 28/7/2010 (Adaptação).

A conjunção ou locução conjuntiva sublinhadas, nos exemplos abaixo, tiveram corretamente identificada a relação que estabelecem no contexto em que estão sendo usadas, EXCETO

A) “Havia, portanto, um cálculo político por trás da absolvição.” → CONCLUSÃO.

B) “Já quem se arrepende o faz não por ser virtuoso, mas porque a natureza humana é capaz de mudar.” → CAUSA.

C) “Essa prerrogativa (...) era tão valorizada que a igreja católica, na Idade Média, passou a cobrar dos fiéis para redimir seus pecados.” → CONSEQUÊNCIA.

D) “Em nenhum momento, no entanto, Aristóteles sugere a necessidade de uma mudança na atitude do agressor.” → CONCESSÃO.

Questão 17

(Unimontes)

A flor no asfalto

Otto Lara Resende

Conheço essa estrada genocida, o começo da Rio-Petrópolis. Duvido que se encontre um trecho rodoviário ou urbano mais assassino do que esse. São tantos os acidentes que já nem se abre inquérito. Quem atravessa a avenida Brasil fora da passarela quer morrer. Se morre, ninguém liga. Aparece aquela velinha acesa, o corpo é coberto por uma folha de jornal e pronto. Não se fala mais nisso.

Teria sido o destino de d. Creusa, se não levasse nas entranhas a própria vida. Na pista que vem para o Rio, a vinte metros da passarela de pedestres, d. Creusa foi apanhada por uma Kombi. O motorista tentou parar e não conseguiu. Em seguida veio outro carro, um Apolo, e sobreveio o segundo atropelamento. A mesma vítima. Ferida, o ventre aberto pelas ferragens, deu-se aí o milagre.

D. Creusa estava grávida e morreu na hora. Mas no asfalto, expelida com a placenta, apareceu uma criança. Coberta a mãe com um plástico azul, um estudante pegou o bebê e o levou para o acostamento. Nunca tinha visto um parto na sua vida. Entre os curiosos, uma mulher amarrou o umbigo da recém-nascida. Uma menina. Por sorte, vinha vindo uma ambulância. Depois de chorar no asfalto, o bebê foi levado para o hospital de Xerém.

[...]

Do livro Bom dia para nascer, crônicas — Companhia das Letras, 1993.

Em qual das alternativas a conjunção coordenativa “e” tem valor adversativo?

A) “O motorista tentou parar e não conseguiu.”

B) “D. Creusa estava grávida e morreu na hora.”

C) “...um estudante pegou o bebê e o levou para o acostamento.”

D) “Em seguida veio outro carro, um Apolo, e sobreveio o segundo atropelamento.”

Questão 18

(Unimontes)

Sem os jovens, futuro da política é sombrio

(Marcos da Costa, O Estadão)

A juventude brasileira está inconformada com o país em que vive. Afastada dos partidos e da política, pouco quer saber dos fundamentos da economia e do desenvolvimento, de modo geral, bem como não lhe interessa comparar o passado com o presente, pois seu olho se dirige ao futuro. Já fez protestos em 2013, participando de passeatas contra o aumento das passagens de ônibus e a falta de serviços públicos de qualidade. Foram as maiores manifestações públicas da história do Brasil desde a campanha das Diretas Já e dos caras pintadas que levaram à renúncia do presidente Fernando Collor.

[...]

A Seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil lamenta a existência de um oceano de distância entre a classe política e os jovens, desiludidos como a maioria da população. Encastelados em Brasília, os políticos pouco respiram o clima do tempo, as necessidades das ruas, o cotidiano das pessoas, o jeito de pensar da nova geração.

É nosso papel, enquanto na vanguarda social, trabalhar para inserir os jovens no espectro da política, de modo a que se transformem em protagonistas da contemporaneidade. Sem sua participação, o Brasil não pegará o bonde da história. [...]

Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/sem-os-jovens-futuro-da-politica-e-sombrio/. Publicado em: 6 jun. 2018. Acesso em: 26 jun. 2018.

Nesta questão, temos, por um lado, as conjunções ou locuções conjuntivas e, por outro, os galicismos. Sobre isso, explanemos:

1) Relativamente às conjunções e locuções conjuntivas, assim se constituem seus sentidos: estabelecem, por não terem “vida” própria, uma conexão entre construções frasais e, para produzir sentidos, medeiam essas frases, levando o teor do conteúdo enunciado a produzir um sentido em detrimento de outro(s).

2) Acerca dos galicismos, são palavras de origem francesa, utilizadas no português:

A tradição normativa [...] no Brasil (ver Dicionário Houaiss da língua portuguesa) considera que as locuções conjuntivas “de forma a”/ “de forma a que”, [...] “de modo a”, “de modo a que”, “de maneira a”/ “de maneira a que”, “de sorte a”/ “de sorte a que” são galicismos, pelo que são preferíveis as sequências sem a preposição a, isto é, “de forma que”, [...] “de modo que”, “de maneira que”, “de sorte que”.

Apesar disso, na atualidade, o uso está a impor as formas com a referida preposição, havendo, portanto, maior tolerância com “de maneira a”, “de modo a” etc., com infinitivo. É o que se conclui das palavras de Maria Helena de Moura Neves (Guia de uso do português, São Paulo, Editora Unesp, 2003), a respeito do português do Brasil: “As lições normativas tradicionais condenam o uso da expressão de maneira a, mas ela é mais usual (52%), nos diversos registros. Muitos países, por exemplo, indexaram seus bens de capital, de MANEIRA a criar compensações em torno da inflação”.

Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt. Acesso em: 26 jun. 2018.

Partindo desses aspectos, por meio do trecho: “É nosso papel, enquanto na vanguarda social, trabalhar para inserir os jovens no espectro da política, de modo a que se transformem em protagonistas da contemporaneidade.”, pode-se afirmar que

A) “de modo que” substituiria precisamente a locução do trecho acima, pois o “a” — não especialmente por ser parte de um galicismo, mas por sua eliminação não afetar o sentido do texto — poderia ser descartado.

B) o “a”, embora seja parte de um galicismo, torna-se necessário por ser parte complementar da regência do verbo “transformar(-se)”, nesse trecho específico.

C) a substituição para “de modo a se transformarem em protagonistas da contemporaneidade” incorreria num mau emprego do “a”, que deve ser condenado no português, de acordo com Maria Helena de Moura Neves.

D) “ao modo de que”, considerando-se a 1a e a 2a explanações, também poderia ser uma expressão aceita, considerando-se a gramática normativa.

Questão 19

(Unimontes)

O profissionalismo como religião

Cláudio de Moura Castro

Logo que me mudei para a França, tive de levar meu carro para consertar. Ao buscá-lo, perguntei se havia ficado bom. O mecânico não entendeu. Na cabeça dele, se entregou a chave e a conta, nada mais a esclarecer sobre o conserto. Mais à frente, decidi atapetar um quartinho. O tapeceiro propôs uma solução que me pareceu complicada. Perguntei se não poderia, simplesmente, colar o tapete. O homem se empertigou: “O senhor pode colar, mas, como sou profissional, eu não posso fazer isso”. Pronunciou a palavra “profissional” com solenidade e demarcou um fosso entre o que permite a prática consagrada e o que lambões e pobres mortais como eu podem perpetrar.

[...]

Essa incursão na história das corporações serve para realçar que nem só de mercado vive o mundo atual. Aqueles países com forte tradição de profissionalismo disso se beneficiam vastamente. Nada de fiscalizar para ver se ficou bem feito. O fiscal severo e intransigente está de prontidão dentro do profissional. É pena que os sindicatos, herdeiros das corporações, pouco se ocupem hoje de qualidade e virtuosismo. Se pagarmos com magnanimidade, o verdadeiro profissional executará a obra com perfeição. [...].

Existe relação entre o que pagamos e a qualidade obtida. Mas não é só isso. O profissionalismo define padrões de conduta e excelência que não estão à venda. Verniz sem rugas traz felicidade a quem o aplicou. Juntas não têm gretas, mesmo em locais que não estão à vista. Ou seja, foram feitas para a paz interior do marceneiro e não para o cliente, incapaz de perceber diferenças. A lâmina do formão pode fazer a barba do seu dono. O lanterneiro fica feliz se ninguém reconhece que o carro foi batido. Onde entra uma chave de estria, não se usa chave aberta na porca. Alicate nela? Nem pensar! [...].

Veja, 1/6/2011.

Em qual dos exemplos abaixo, “se” é uma conjunção integrante, encabeçando uma oração subordinada substantiva objetiva direta?

A) “Na cabeça dele, se entregou a chave e a conta, nada mais a esclarecer sobre o conserto.”

B) “Se pagarmos com magnanimidade, o verdadeiro profissional executará a obra com perfeição.”

C) “Perguntei se não poderia, simplesmente, colar o tapete.”

D) “O lanterneiro fica feliz se ninguém reconhece que o carro foi batido.”

Questão 20

(Unicamp)

O telejornalismo é um dos principais produtos televisivos. Sejam as notícias boas ou ruins, ele precisa garantir uma experiência esteticamente agradável para o espectador. Em suma, ser um “infotenimento”, para atrair prestígio, anunciante e rentabilidade. Porém, a atmosfera pesada do início do ano baixou nos telejornais: Brumadinho, jovens atletas mortos no incêndio do CT do Flamengo, notícias diárias de feminicídios, de valentões armados matando em brigas de trânsito e supermercados. Conjunções adversativas e adjuntos adverbiais já não dão mais conta de neutralizar o tsunami de tragédias e violência, e de amenizar as más notícias para garantir o “infotenimento”. No jornal, é apresentada matéria sobre uma mulher brutalmente espancada, internada com diversas fraturas no rosto. Em frente ao hospital, uma repórter fala: “mas a boa notícia é que ela saiu da UTI e não precisará mais de cirurgia reparadora na face...”. Agora, repórteres repetem a expressão “a boa notícia é que...”, buscando alguma brecha de esperança no “outro lado” das más notícias.

Adaptado de Wilson R. V. Ferreira, Globo adota “a boa notícia é que...” para tentar se salvar do baixo astral nacional. Disponível em https://cinegnose.blogspot.com/2019/02/globo-adota-boa-noticia-e-que-para.html. Acessado em 01/03/2019.

Considerando a matéria apresentada no jornal, o uso da conjunção adversativa seguido da expressão “a boa notícia é que” permite ao jornalista

A) apontar a gravidade da notícia e compensá-la.

B) expor a neutralidade da notícia e reforçá-la.

C) minimizar a relevância da notícia e acentuá-la.

D) revelar a importância da notícia e enfatizá-la.

Resposta - Questão 1

Alternativa A.

A conjunção “e” é usada com o mesmo sentido de “mas”. Portanto, apresenta caráter adversativo, ou seja, expressa uma oposição.

Resposta - Questão 2

Alternativa C.

A conjunção “mas” tem valor adversativo. Contudo, no poema, ela não expressa oposição. Assim, ela introduz um argumento, manifestação ou raciocínio mais forte do que a expressão anterior. No mais, os verbos não são semanticamente semelhantes (por exemplo, “cuspir” e “avisar”). O enunciado introdutório, ou anterior, não se configura em causa de “avisar”. Por fim, a intensidade marcada pela palavra “quanto” é referente aos adjetivos subsequentes (“amargo”, “injusto” e “falso”). No entanto, a conjunção “mas” está diretamente relacionada a “avisar” e não a esses adjetivos.

Resposta - Questão 3

Alternativa A.

A conjunção “nem” é aditiva.

Resposta - Questão 4

Alternativa D.

No enunciado, as conjunções “quando” e “e” cumprem seu papel tradicional, ou seja, estabelecer, respectivamente, relação de tempo e adição.

Resposta - Questão 5

Alternativa E.

A conjunção “que”, na frase, é integrante, pois introduz a oração subordinada substantiva objetiva direta “que metade das mais [...]”, a qual é complemento do verbo “preveem”.

Resposta - Questão 6

Alternativa D.

Em “Como sou pacífica, eles pensam que podem me humilhar”, a conjunção “como” tem o mesmo valor da conjunção causal “porque”. Diferentemente da ocorrência de “como” em “Como um pássaro voando, fui até a casa do meu amor”, que estabelece uma relação de comparação.

Resposta - Questão 7

Alternativa A.

A conjunção “portanto” não tem valor adversativo, mas sim “conclusivo”. Já as conjunções “embora” e “apesar” são concessivas, mas sugerem ou dialogam com a ideia de oposição. Por fim, “porém” é uma conjunção adversativa.

Resposta - Questão 8

Alternativa D.

No enunciado, a conjunção “se” expressa uma condição para o enunciador dizer que queria pertencer ao inglês. Já os verbos “fosse” e “pudesse” estão no modo subjuntivo, usado, nesse caso, em hipóteses.

Resposta - Questão 9

Alternativa C.

A conjunção “porém” é adversativa.

Resposta - Questão 10

Alternativa E.

Em “o desenvolvimento cerebral se estabiliza e a pessoa se torna incapaz de compreender ideias com consequências significativas para si mesma e para a sociedade”, o terceiro “se” faz referência ao sujeito “desenvolvimento cerebral” e é um pronome reflexivo. Já o quarto “se” faz referência ao sujeito “pessoa”, sendo também reflexivo. Portanto, nesse caso, o “se” não atua como conjunção.

Resposta - Questão 11

Alternativa D. A conjunção “como” estabelece uma relação de conformidade. Tanto é assim, que “como” poderia ser substituída por “conforme” ou “de acordo com”: “Conforme Karen Douglas” ou “De acordo com karen Douglas”.

Resposta - Questão 12

Alternativa B.

A conjunção “embora” é concessiva.

Resposta - Questão 13

Alternativa D.

A conjunção “como”, nesse caso, pode ser substituída pela expressão “já que”, a qual tem valor explicativo.

Resposta - Questão 14

Alternativa C.

A locução “desde que” tem o mesmo valor da conjunção condicional “se”: “se não forem um efeito da repressão”.

Resposta - Questão 15

Alternativa C. A conjunção “conforme” é conformativa.

Resposta - Questão 16

Alternativa D. A locução conjuntiva “no entanto”, nesse caso, tem valor adversativo, ou seja, expressa uma relação de oposição.

Resposta - Questão 17

Alternativa A. Na frase, a conjunção “e” tem o mesmo valor da conjunção adversativa “mas”: “O motorista tentou parar, mas não conseguiu”.

Resposta - Questão 18

Alternativa A. A locução conjuntiva “de modo que” pode substituir a locução do trecho em destaque, já que a eliminação do “a” não afeta o sentido do texto, como podemos ver a seguir: “É nosso papel, enquanto na vanguarda social, trabalhar para inserir os jovens no espectro da política, de modo que se transformem em protagonistas da contemporaneidade”.

Resposta - Questão 19

Alternativa C. A oração “se não poderia, simplesmente, colar o tapete” atua como objeto direto do verbo “perguntei”. Portanto, a conjunção “se” é integrante, já que introduz essa oração subordinada substantiva objetiva direta.

Resposta - Questão 20

Alternativa A.

Usar a conjunção adversativa “mas” seguida da expressão “a boa notícia é” (ou seja, “mas a boa notícia é”) permite ao jornalista apontar a gravidade da notícia, já que essa boa notícia está em relação de oposição com uma notícia grave. E, ao mesmo tempo, traz um equilíbrio, isto é, uma compensação para diminuir o desconforto do receptor da notícia.