Enem: lista de exercícios sobre gêneros textuais

Com esta lista de exercícios, você se prepara para a prova de Linguagens do Enem, com foco nas questões que envolvem gêneros textuais. Publicado por: Maria Beatriz
Questão 1

(Enem 2020 / 2ª Aplicação)

O Brasil (descrição física e política)

O Brasil é um país maior do que os menores e menor do que os maiores. É um país grande, porque, medida sua extensão, verifica-se que não é pequeno. Divide-se em três zonas climatéricas absolutamente distintas: a primeira, a segunda e a terceira. Sendo que a segunda fica entre a primeira e a terceira. Há muitas diferenças entre as várias regiões geográficas do país, mas a mais importante é a principal. Na agricultura faz-se exclusivamente o cultivo de produtos vegetais, enquanto a pecuária especializa-se na criação de gado. A população é toda baseada no elemento humano, sendo que as pessoas não nascidas no país são, sem exceção, estrangeiras. Tão privilegiada é hoje, enfim, a situação do país que os cientistas procuram apenas descobrir o que não está descoberto, deixando para a indústria tudo o que já foi aprovado como industrializável e para o comércio tudo o que é vendável. É, enfim, o país do futuro, e este se aproxima a cada dia que passa.

FERNANDES, M. In: ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível.
São Paulo: Parábola, 2009 (adaptado).

Em relação ao propósito comunicativo anunciado no título do texto, esse gênero promove uma quebra de expectativa ao

a) abordar aspectos físicos e políticos do país de maneira impessoal.

b) apresentar argumentos plausíveis sobre a estrutura geopolítica do Brasil.

c) tratar aspectos físicos e políticos do país por meio de abordagem cômica.

d) trazer informações relevantes sobre os aspectos físicos e políticos do Brasil.

e) propor uma descrição sucinta sobre a organização física e política do Brasil.

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Resposta

Letra C

O texto é uma crônica de caráter humorístico na medida em que é construído a partir de dados que contradizem o conteúdo pressuposto, incitando, assim, a quebra de expectativa. É possível comprovar essa afirmação ao constatar que, enquanto o título indicia um texto dissertativo acerca de aspectos físicos e políticos do território brasileiro, o desenvolvimento limita-se à obviedade dos fatos: a segunda zona climática fica entre a primeira e a terceira; na agricultura, faz-se exclusivamente o cultivo de vegetais, gerando comicidade.

Questão 2

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis foi um dos maiores escritores brasileiros, tendo responsabilidade pela criação da Academia Brasileira de Letras, onde foi presidente por dez anos. Machado de Assis também foi o responsável por implantar no Brasil o Realismo na literatura por meio da observação da sociedade carioca da época em que baseava suas obras.

Além de escritor, Machado também teve inúmeros cargos públicos, chegando até mesmo a ser diretor da Diretoria do Comércio, na Secretaria de Estado da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Brasil. Suas principais obras são hoje clássicos da literatura brasileira, tais como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.

Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/machado-assis.htm>. Acesso em: 30 de setembro de 2021.

A análise dos elementos constitutivos desse texto, como forma de composição, tema e estilo de linguagem, permite identificá-lo como

a) científico, pois investiga informações sobre a vida de Machado de Assis.

b) jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacionados ao autor brasileiro.

c) didático, já que explica a importância das contribuições de Machado de Assis.

d) ensaístico, já que discute fatos da vida do escritor.

e) biográfico, pois narra a trajetória de vida de Machado de Assis.

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Resposta

Letra E.

Trata-se de um texto biográfico, que se estrutura em relatos cronológicos sobre a vida da pessoa biografada. Esse gênero textual tem caráter descritivo-narrativo e a função de compartilhar as experiências de uma figura de relevância a partir de um relato específico de sua vivência pessoal, familiar, educacional etc.

Questão 3

(Enem 2020 / Aplicação Digital)

O livro It – A Coisa, de Stephen King

Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno, que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Em It – A Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.

Disponível em: <www.livrariacultura.com.br>. Acesso em: 1 dez. 2017.

Relacionando-se os elementos que compõem esse texto, depreende-se que sua função social consiste em levar o leitor a:

a) compreender a história vivenciada por amigos na cidade de Derry.

b) interpretar a obra com base em uma descrição detalhada.

c) avaliar a publicação com base em uma síntese crítica.

d) adquirir a obra apresentada no site da livraria.

e) argumentar em favor da obra resumida.

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Resposta

Letra D.

A função social do gênero sinopse é apresentar uma descrição sintética do objeto cultural, de modo a despertar o interesse de leitores pelo conteúdo, sem que haja indícios de juízo de valor. Considerando que o texto é vinculado à Livraria Cultura (para isso, basta se analisar a perigrafia), entende-se que a circulação dessa publicação visa despertar a curiosidade e atrair possíveis compradores ao site em questão.

Questão 4

Considere o texto a seguir:

Assum preto

Luiz Gonzaga

Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor

Mas Assum Preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor

Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió

Furaro os óio do Assum Preto
Pra ele assim, ai, cantá mió

Assum Preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá

Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá

Assum Preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus

Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/47082/>. Acesso em 23 jul. 2021.

A respeito da tipologia textual e da linguagem utilizadas nesse fragmento, é correto afirmar que se trata de um texto

a) descritivo, em que a variante linguística ocorre no nível sintático.

b) injuntivo, destacando o uso de linguagem informal.

c) descritivo, com realce ao uso da linguagem conotativa.

d) narrativo, com predomínio de linguagem coloquial.

e) expositivo, em que ressai uma variedade de linguagem regionalista.

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Resposta

Letra D.

Luiz Gonzaga, na música “Assum Preto”, relata o sofrimento de um pássaro cujos olhos foram mutilados para que passasse a cantar melhor. O texto é, portanto, de caráter narrativo, marcado por uma variedade linguística coloquial que caracteriza a identidade do nordestino brasileiro, percebida, por exemplo, em “oiá”, em vez de “olhar” e “roubaro”, em vez de “roubaram”.

Questão 5

(Enem 2020 / 1ª Aplicação)

Mulher tem coração clinicamente partido após morte de cachorro

Como explica o The New England Journal of Medicine, a paciente, chamada Joanie Simpson, tinha sinais de infarto, como dores no peito e pressão alta, e apresentava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um ecocardiograma, os médicos encontraram o problema: cardiomiopatia de Takotsubo, conhecida como síndrome do coração partido.

Essa condição médica tipicamente acontece com mulheres em fase pós-menstrual e pode ser precedida por um evento muito estressante ou emotivo. Nesses casos, o coração apresenta um movimento discinético transitório da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular, de acordo com um artigo médico brasileiro que relata um caso semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após dois dias e passou a tomar medicamentos regulares.

Ao Washington Post, ela contou que estava quase inconsolável após a perda do seu animal de estimação, um cão da raça yorkshire terrier. Recuperada após cerca de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal de estimação porque aprecia a companhia e o amor que os cachorros dão aos humanos. O caso aconteceu em Houston, nos Estados Unidos.

Disponível em: <https://exame.abril.com.br>. Acesso em: 1 dez. 2017.

Pelas características do texto lido, que trata das consequências da perda de um animal de estimação, considera-se que ele se enquadra no gênero

a) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simpson.

b) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do animal.

c) reportagem, pois discute cientificamente a cardiomiopatia.

d) relato, pois narra um fato estressante vivido pela paciente.

e) notícia, pois divulga fatos sobre a síndrome do coração partido.

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Letra E.

Trata-se de um texto informativo sobre um evento real (o desencadeamento da síndrome do coração partido), veiculado por um meio de comunicação jornalístico (revista Exame): uma notícia. É impessoal, sintético e apresenta descrições detalhadas sobre um fato realístico, atual e cotidiano.

Questão 6

Considere o texto a seguir:

A vaca

Numa noite de temporal, um navio naufragou ao largo da costa africana. Partiu-se ao meio, e foi ao fundo em menos de um minuto. Passageiros e tripulantes pereceram instantaneamente. Salvou-se apenas um marinheiro, projetado à distância no momento do desastre. Meio afogado, pois não era bom nadador, o marinheiro orava e despedia-se da vida, quando viu a seu lado, nadando com presteza e vigor, a vaca Carola. A vaca Carola tinha sido embarcada em Amsterdam. Excelente ventre, fora destinada a uma fazenda na América do Sul. Agarrado ao chifre da vaca, o marinheiro deixou-se conduzir, e, assim, ao romper do dia, chegaram a uma ilhota arenosa, onde a vaca depositou o infeliz rapaz, lambendo-lhe o rosto até que ele acordasse. Notando que estava numa ilha deserta, o marinheiro rompeu em prantos: “Ai de mim! Esta ilha está fora de todas as rotas! Nunca mais verei um ser humano!”. Chorou muito, prostrado na areia, enquanto a vaca Carola fitava-o com seus grandes olhos castanhos. Finalmente, o jovem enxugou as lágrimas e pôs-se de pé. [...]

SCLIAR, Moacyr. O carnaval dos animais. Editora Movimento. Rio Grande: 1968.

O fragmento do texto “A vaca”, de Moacyr Scliar, é narrativo porque

a) a trama explora, entre seus elementos de composição, problemas do cotidiano.

b) nele predomina o discurso direto, com consequente apagamento da figura do narrador.

c) os eventos se sucedem em progressão temporal, com espaço e personagens bem delimitados.

d) utiliza elemento fantástico, como o fato de os animais falarem.

e) caracteriza espaço e tempo com detalhes minuciosos que promovem o envolvimento dos leitores.

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Resposta

Letra C.

No texto narrativo, normalmente, empregam-se sequências discursivas para contar um caso ou relatar o desenrolar de uma ação específica, real ou ficcional, a partir da utilização de elementos como espaço, tempo, narrador etc. No fragmento de A vaca, os eventos que compõem o enredo principal são narrados em ordem cronológica no passado e delimitam um conflito vivido pelos personagens (um marinheiro e uma vaca) após um naufrágio. Embora, na narrativa, possam existir componentes fantásticos e seguimentos descritivos minuciosos, é a identificação dos elementos principais desse tipo de texto que o caracteriza assim.

Questão 7

(Enem 2019 / 1ª Aplicação)

Ed Mort só vai

Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.

VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado).

Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma

a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem.

b) ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal.

c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos.

d) sequenciação narrativa na qual se articulam eventos absurdos.

e) seleção lexical na qual predominam informações redundantes.

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Resposta

Letra C.

Apesar de haver uma composição singular de períodos fragmentados abruptamente, destoando da norma-padrão no que diz respeito às relações de subordinação (como em “Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão”), não é o aspecto sintático que constrói o efeito de humor na narrativa. Esse processo concentra-se, na verdade, na sequência de fatos inusitados e intencionalmente cômicos, como as baratas roubando as máscaras e a balconista fazendo topless.

Questão 8

Distúrbios psiquiátricos têm base genética diferente de doenças neurológicas

De modo geral, pessoas que sofrem de diferentes transtornos psiquiátricos ou neurológicos podem apresentar sintomas e características parecidos entre si, às vezes até iguais ‒ alucinações, por exemplo, são um traço comum tanto em pacientes com esquizofrenia quanto em quem tem Alzheimer. Por esse motivo, a possibilidade de tais doenças possuírem as mesmas bases biológicas sempre foi levantada por cientistas. Pesquisa recente, publicada em artigo na revista Science, traz resultados que ajudam a esclarecer a questão. Pode-se concluir, por exemplo, que grande parte das doenças psiquiátricas, como ansiedade, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo, possuem alto índice de correlação genética entre si, ou seja, compartilham genes parecidos. Por outro lado, as doenças neurológicas, dentre elas Alzheimer, Parkinson e epilepsia, apresentam correlação genética pouco significativa comparadas umas com as outras. Quando cruzadas as informações dos transtornos psiquiátricos com dos neurológicos, descobriu-se que a correlação genética entre ambos também é baixa, sugerindo que sejam causados por fatores diferentes, mesmo que compartilhem algumas características. Conforme explica Helena Brentani, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e uma das autoras, de forma simplificada, pode-se dizer que a neurologia estuda a relação do cérebro com os demais órgãos do corpo, enquanto a psiquiatria considera também o relacionamento do indivíduo com o ambiente externo, inclusive as outras pessoas. A conclusão do estudo reforça a compreensão destes transtornos em categorias separadas: já que possuem origens diversas, faz sentido que sejam analisados de modo distinto.

Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/doencas-psiquiatricas-e-neurologicas-tiveram-base-genetica-comparada/>. Acesso em 23 jul. 2021.

Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por seus objetivos. Esse fragmento é um(a)

a) notícia, pois registra um fato cotidiano de interesse popular e apresenta um caráter propagandístico.

b) resenha, pois sintetiza as principais informações de um objeto analisado e reproduz as percepções do autor.

c) texto de divulgação científica, pois tem o objetivo de tornar público o conhecimento produzido pelo segmento científico por meio da pesquisa.

d) relatório, pois enumera as atividades exercidas no meio científico e informa os resultados alcançados com elas.

e) artigo de opinião, pois predomina uma avaliação pessoal do autor do texto sobre o objeto analisado.

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Resposta

Letra C.

Tem-se, no fragmento de texto divulgado pelo Jornal USP, uma sequência expositiva e argumentativa elaborada mediante pesquisas, aprofundamentos teóricos e resultados de investigações sobre a base genética que distingue distúrbios psiquiátricos de doenças neurológicas. Considerando, portanto, o caráter acadêmico dessa dissertação, em que os dados são apresentados com fundamentação técnica, livres de juízo de valor, é possível considerá-la um texto de divulgação científica

Questão 9

(Enem 2020 / Aplicação Digital)

Na imagem, ocorre a junção do gênero publicitário e bula de remédio para chamar atenção sobre a adoção de animais

Disponível em: <www.pmf.sc.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2017.

Nesse texto, o entrelaçamento de vários gêneros textuais é um mecanismo discursivo para

a) destacar a fidelidade dos cães.

b) realçar as vantagens de se adotar um cão.

c) mostrar a dependência decorrente do amor aos cães.

d) enfatizar o interesse das pessoas pela adoção de cães.

e) sensibilizar a comunidade sobre a carência dos cães.

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Resposta

Letra C.

O texto mescla características do gênero publicitário à bula de medicamentos com a intenção de chamar a atenção do leitor para uma causa importante: a adoção de animais no canil municipal. O caráter injuntivo do texto é percebido a partir de alertas informativos de cunho humorístico, enquanto a estrutura de recomendações médicas é ressignificada quando enumera as vantagens de se adotar um cão.

Questão 10

 VENDO IMÓVEL

Em ótima localização
Te vi passando
Pela primeira vez
E à primeira vista
Fiquei assim, sem reação:
Vendo, imóvel.

BRUNO FÉLIX. “Poemas Classificados”.

Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/microcontos/6795875>. Acesso em 23 jul. 2021.

Com o propósito de realizar uma intervenção artística, o poeta Bruno Félix desperta o interesse de leitores a partir de uma nova forma de apresentar o gênero textual poema. Sobre esse texto, pode-se afirmar que

a) o autor brinca com a linguagem a partir de uma variação coloquial urbana.

b) o título explora a ambiguidade da expressão “vendo imóvel”, desfeita pelo uso da vírgula no último verso.

c) o autor inova o gênero poético ao vincular o texto a um meio de comunicação por qual os leitores são desinteressados.

d) há rimas organizadas de forma simétrica, respeitando as características de poesias tradicionais.

e) a quebra de expectativa descaracteriza o gênero poesia, que deveria se estruturar de forma harmoniosa. 

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Letra C.

No poema, o autor explora o caráter estético do gênero textual ao brincar com a significação das palavras e gerar certa ambiguidade interpretativa ao longo dos versos. Ao passo que o enunciado seria comum em um Classificados, com a intenção de se “vender” algo, emprega-se “vendo” no sentido de “ver”, “enxergar”, o que pode ser confirmado pelo uso da vírgula, que, no último verso, estaria isolando a forma nominal do verbo “ver” do complemento nominal referente ao sujeito, que estava “imóvel”.

Questão 11

(Enem 2018 / 2ª Aplicação)

Cores do Brasil

Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho predomina o uso da sequência

a) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.

b) argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.

c) narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.

d) descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.

e) expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

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Letra E.

No trecho, predomina o uso de uma sequência discursiva normalmente usada para expor, de uma perspectiva mais objetiva, informações fundamentadas sobre determinado assunto. Entre elas, a definição do objeto artístico, a pretensão do evento e o fato que o motivou, bem como os artistas incluídos, por fim. Tem-se, portanto, um texto de caráter expositivo/dissertativo.

Questão 12

Nuvem de palavras “Obrigado” em diferentes idiomas

Nuvem de tags, nuvem de palavras ou nuvem de etiquetas é uma lista hierarquizada visualmente que tem a função de

a) apresentar os itens relacionados a um conteúdo de modo a incitar uma análise de dados visualmente.

b) ilustrar o valor das palavras que se destacam necessariamente em ordem de relevância a respeito de um tema.

c) descrever os principais conceitos ligados a determinada área do conhecimento com a respectiva significação.

d) fomentar análises críticas a partir da forma como se brinca com dados sobre um conteúdo estipulado.

e) compilar palavras relativas a um ramo do conhecimento em ordem alfabética.

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Letra A.

O gênero nuvem de tags se caracteriza pela disposição visual de palavras que permite a análise de dados de forma facilitada, dinâmica, comum no ambiente virtual. Embora seja comum que, nesse gênero, destaquem-se certos vocábulos, o realce pode se dar, por exemplo, quanto à frequência de uso, não necessariamente em relação à relevância do termo ao tema.

Questão 13

(Enem 2020 / 1ª Aplicação)

Caminhando contra o vento,
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento).

É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam na organização temática são

a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando contra a violência urbana.

b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade.

c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e interage com a mulher amada.

d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.

e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria experiência.

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Letra D.

No texto poético, as sequências narrativas são percebidas a partir da delimitação de elementos característicos dessa tipologia, como espaço e tempo marcados pela ação de caminhar do personagem-narrador. O ambiente da narrativa é apresentado de forma descritiva, uma vez que se caracteriza a paisagem e as impressões vistas sob o reflexo do sol. Não é possível afirmar a presença de passagens argumentativas e injuntivas, posto que não há objetivo de convencimento e persuasão na canção de Veloso.

Questão 14

Considere o texto a seguir:

O curupira, como protetor da floresta, voltava-se contra todos aqueles que a destruíam e, por isso, era visto com grande temor pelos indígenas. Esses povos acreditavam que a figura folclórica aterrorizava e matava aqueles que entravam na floresta para caçar ou derrubar árvores. O pavor era tão grande que os indígenas ofereciam presentes quando entravam na floresta para impedir que fossem vitimados pelo curupira. A lenda fala que a entidade adorava receber fumo e cachaça como presentes. Além de aterrorizar os caçadores, o curupira também era responsável por fazê-los se perder na floresta e esquecer o caminho pelo qual sairiam dela.

Uma forma de atormentar os caçadores era o ato de o curupira assoviar continuadamente. Para fugir dele, caso ele o encontre no meio da floresta, é necessário realizar um nó em um pedaço de cipó. Agora, achar por conta própria o curupira na floresta é quase impossível, pois seus pés ao contrário tornam sua localização improvável. Isso porque ele é um habitante nato das florestas, então, para encontrá-lo, é necessário adentrar na mata densa. Sendo assim, esse ser evita estar nos locais com grande presença humana, somente indo atrás de humanos quando eles entram na floresta para caçar ou derrubar árvores.

Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiab/curupira.htm>. Acesso em 23 jul. 2021. (adaptado)

Com destaque à figura folclórica do curupira, esse texto faz referência ao gênero textual lenda, narrativa fantasiosa que tem o intuito de

a) narrar fatos irreais que são meramente produto da imaginação humana.

b) manter a tradição das narrativas épicas que fazem referência a temas históricos e mitológicos.

c) transmitir uma lição de moral a partir da verossimilhança presente na narrativa.

d) explicar a origem de episódios misteriosos com o relato de fatos verídicos vivenciados por povos de gerações anteriores.

e) contar um fato histórico que se amplifica sob o efeito da imaginação popular.

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Letra E.

As lendas são narrativas fantasiosas transmitidas pela tradição oral, as quais combinam fatos realísticos e históricos com fatos irreais, que são produto da imaginação aventuresca humana (não se restringindo ao mentiroso, ao mitológico, nem mesmo sendo fruto de verdades concretas). Esse gênero textual se amplifica, portanto, sob o efeito do imaginário popular e mantém-se, assim, na história por gerações.

Questão 15

(Enem 2020 / Aplicação Digital)

Porta dos Fundos: contrato vitalício

Diretor: Ian SBF;

Tempo: 1 h 46 min;

Brasil, 2016.

O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos, conhecido por seus mais de 12 milhões de assinantes no YouTube, estreou para o público brasileiro que curte as esquetes na internet. O desafio do grupo foi transformar os vídeos curtos em um longa para o cinema, que, apesar de grande investimento do elenco e dos produtores, não empolga tanto. O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier), que, vencedores em Cannes, no auge de suas carreiras, decidem assinar um contrato vitalício em que o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do produtor Miguel. A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos: uma famosa blogueira, um jornalista de fofoca, um agente de celebridades, uma diretora de elenco radical, um detetive, um ajudante e atores. O ponto forte do filme é satirizar justamente o mundo das celebridades da internet e do cinema, ou seja, eles mesmos neste momento.

Disponível em: <www.criticasdefilmes.com.br>. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).

Nesse texto, um trecho que traz uma marca linguística da função avaliativa da resenha é

a) “Porta dos Fundos: contrato vitalício; Diretor: Ian SBF; Tempo: 1 h 46 min; Brasil, 2016.”

b) “O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fundos [...] estreou para o público brasileiro que curte as esquetes na internet.”

c) “O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. Duvivier) [...]”.

d) “[...] o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do produtor Miguel.”

e) “A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos [...]”.

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Letra E.

Em “A produção do filme maluco conta com o ótimo elenco do Porta dos Fundos [...]”, há juízo de valor quando se caracteriza o elenco que compõe o filme (é ótimo). Considerando a resenha um texto descritivo e opinativo, é a partir dessa marca de pessoalidade que se percebe, entre outros excertos predominantemente informativos, uma característica avaliativa do gênero entre as alternativas.

Questão 16

Considere o texto a seguir:

Erico, meu querido:

Ainda no belíssimo cartão que você me deu aqui estou para cobrar-lhe o material para nosso Museu da Literatura Brasileira: fotos (antigas, modernas, você com Mafalda, com os filhos, com os amigos), textos, manuscritos, caricaturas, cartas que escritores famosos lhe escreveram – enfim, todas as marcas de sua passagem quente. Seremos de agora em diante verdadeiramente imortais. É verdade que ninguém quer saber de museu, mas José Geraldo Nogueira Moutinho e eu bolaremos uma ala erótica, só para iniciados. Vai ser estimulante.

Meu querido, lembra? Eu te disse um dia que meu pai tinha algo do seu. Aí vai a prova.

Beijo carinhoso,

Lygia

Ah! Por favor, estenda o pedido ao Mario Quintana, sim? O M. Rosenblatt também deve ter bom material.

12/9/75

Disponível em: <https://www.correioims.com.br/carta/todas-as-marcas-de-sua-passagem-quente/>. Acesso em 24 jul. 2021.

Nessa carta destinada ao escritor brasileiro Erico Verissimo, Lygia Fagundes Telles convoca-o a doar fotografias e manuscritos ao novo Museu da Literatura Brasileira, bem como a estender o convite aos seus conhecidos. Considerando as características do gênero textual apresentado, esse texto evidencia uma situação de comunicação

a) informal, marcada pela presença de marcas de oralidade e a presença de um apelo emocional ao pedido feito pela autora brasileira.

b) pedante, considerando-se que a autora se expressa ostentando cultura e erudição.

c) íntima, percebida pelo comentário final feito pela autora acerca de um fato antecedente, ressaltando a aproximação entre os interlocutores.

d) difusa, visto que há um longo discurso com explicações supérfluas.

e) formal, motivada pelo distanciamento entre os interlocutores e o intento argumentativo manifestado pela remetente.

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Resposta

Letra C.

O texto escrito por Lygia Fagundes Telles caracteriza-se como uma carta pessoal, na qual o tom de intimidade é percebido, entre outros aspectos, pela forma de tratamento (“meu querido”) e pelo relato de experiências vividas em conjunto pelos escritores, ressaltadas na última linha, em que Lygia cobra uma lembrança de seu interlocutor.

Questão 17

(Enem 2019 / 1ª Aplicação)

Campanha publicitária sobre bullying – enunciado questão Enem 2019

Disponível em: www.essl.pt.
Acesso em: 9 maio 2019 (adaptado).

Essa campanha se destaca pela maneira como utiliza a linguagem para conscientizar a sociedade da necessidade de se acabar com o bullying. Tal estratégia está centrada no(a)

a) chamamento de diferentes atores sociais pelo uso recorrente de estruturas injuntivas.

b) variedade linguística caracterizadora do português europeu.

c) restrição a um grupo específico de vítimas ao apresentar marcas gráficas de identificação de gênero como “o(a)”.

d) combinação do significado de palavras escritas em línguas inglesa e portuguesa.

e) enunciado de cunho esperançoso “passe à história” no título do cartaz.

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Resposta

Letra A.

O cartaz utiliza sequências injuntivas, com verbos conjugados no imperativo, em segunda pessoa, com a intenção de mobilizar leitores em torno da problemática do bullying. Por não ser comum, na maior parte do Brasil, o emprego da forma imperativa em relação ao “tu”, o candidato pode confundir-se com a alternativa que faz referência à variedade linguística do português europeu, mas não se deve considerar essa uma estratégia de conscientização da sociedade. É a mobilização dos agentes de atuação, a partir da enumeração de ações que devem ser tomadas, que leva o leitor à persuasão.

Questão 18

SINOPSE: As vantagens de ser invisível – Stephen Chbosky

Elogiado pela crítica e adorado pelos leitores, As vantagens de ser invisível – que foi adaptado para os cinemas com Emma Watson, a Hermione de Harry Potter, e Logan Lerman, de Percy Jackson, no elenco – acaba de ganhar nova reimpressão pela Rocco. Livro de estreia do roteirista Stephen Chbosky, o romance, que vendeu mais de 700 mil exemplares nos EUA desde o lançamento, está de volta ao topo do ranking do The New York Times impulsionado pela adaptação para a telona.

Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, As vantagens de ser invisível reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe – a não ser pelo que ele conta nessas correspondências –, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir “infinito” ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário.

Disponível em: <https://www.skoob.com.br/as-vantagens-de-ser-invisivel-2703ed3512.html>. Acesso em 23 jul. 2021.

Tendo como base a sinopse acima, é correto afirmar que esse gênero textual apresenta muitas semelhanças temáticas e estruturais com

a) a crônica, tendo em vista que é um texto curto, produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, que aborda aspectos do cotidiano.

b) a resenha, considerando-se que o autor vale-se de juízo de valor ao promover o objeto cultural sobre o qual se fala no texto.

c) o artigo de opinião, já que ressai a opinião pessoal do autor da sinopse sobre determinado assunto em prol da iminente persuasão dos interlocutores.

d) o resumo, pois contém uma descrição dos principais aspectos de outro texto de forma encurtada e informativa.

e) a notícia, haja vista a impessoalidade com que se aborda determinado evento, bem como o veículo de comunicação de caráter jornalístico comum aos dois gêneros.

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Resposta

Letra D.

A sinopse constitui-se como uma espécie de resumo, pois consiste em uma síntese dos aspectos gerais da obra, de maneira a convidar possíveis leitores a adquirir o objeto cultural. Não se pode afirmar que há juízo de valor ou avaliações pessoais do autor, como na resenha e no artigo de opinião, nem que se restrinja a um texto de caráter jornalístico, pela informatividade, como a notícia.

Questão 19

(Enem 2019 / 1ª Aplicação)

Blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

CAZUZA. Cazuza: o poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento).

Todo gênero apresenta elementos constitutivos que condicionam seu uso em sociedade. A letra de canção identifica-se com o gênero ladainha, essencialmente, pela utilização da sequência textual

a) expositiva, por discorrer sobre um dado tema.

b) narrativa, por apresentar uma cadeia de ações.

c) injuntiva, por chamar o interlocutor à participação.

d) descritiva, por enumerar características de um personagem.

e) argumentativa, por incitar o leitor a uma tomada de atitude.

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Resposta

Letra C.

Ainda que não se conheça as características do gênero ladainha (forma de oração dialogada em que os fiéis se ocupam das respostas), é possível constatar a existência de sequências injuntivas a partir das formas verbais imperativas, na primeira pessoa do plural, que confirmam o chamamento dos interlocutores, como em “vamos pedir piedade”.

Questão 20

 Entrevista com Ana Maria Machado

 Uma das maiores autoras infantojuvenis do Brasil fala da importância da escola na formação das futuras gerações de leitores

A senhora criou um curso na Casa da Leitura, no Rio de Janeiro, para ensinar professores a trabalhar com literatura. Na sua opinião, quais são as principais falhas de formação que eles têm?

Ana Maria Machado Na faculdade, eles aprendem muito sobre pedagogia e psicologia, mas pouco sobre arte. Têm pouco contato com as obras. Acabam entrando no magistério sem instrumentos para distinguir arte de não arte, textos bons de ruins. O objetivo do curso é suprir essa falha, tornando-os capazes de reconhecer, sozinhos e com segurança, a boa literatura. E isso só é possível com interesse e muita leitura.

Nossos docentes leem pouco?

Ana Maria Muito pouco, porque a formação que recebem não dá ênfase a isso. É uma situação completamente contraditória. Ninguém contrata um instrutor de natação que não sabe nadar. No entanto, as salas de aula brasileiras estão cheias de gente que, apesar de não ler, tenta ensinar. Como esperar que os alunos se interessem?
Isso quer dizer que a literatura não está sendo bem trabalhada nas escolas.

Ana Maria Não só a literatura. A arte em geral, toda a cultura criadora e questionadora. Nas minhas viagens pelo interior do Brasil tenho conhecido algumas experiências individuais surpreendentes. Mas elas ainda são mais exceção do que regra dentro do sistema educacional. Esbarram na burocracia, no currículo, no horário que não reserva um espaço para que as crianças leiam.

O texto corresponde a uma entrevista feita pelo portal educativo Nova Escola com uma das maiores autoras infantojuvenis do Brasil. A característica que evidencia o texto lido como pertencente ao gênero discursivo “entrevista” é

a) o tom de conversa íntima entre dois interlocutores, marcado pela dinâmica de perguntas e respostas completas.

b) o discurso direto, que reproduz integralmente a fala de um dos interlocutores com a intenção de reunir informações sobre determinado tema.

c) a oralidade, percebida pela utilização de sinais de pontuação que reproduzem aspectos do entrevistado, como emoção, riso etc.

d) a temática formal, que visa a transmissão de conhecimento sobre determinado assunto a partir de uma voz de autoridade.

e) a descrição detalhada dos fatos, considerando a importância do registro das experiências vividas pelo entrevistado a fim de validar sua autoridade sobre o assunto. 

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Letra B.

A entrevista caracteriza-se por uma dinâmica de perguntas e respostas entre os interlocutores (não necessariamente uma conversa íntima), em que se reproduz a fala do entrevistado de modo a reunir informações e opiniões sobre determinado tema. Não se pode afirmar que há, nesse gênero, marcas de oralidade comuns da fala – que se distingue da escrita –, bem como uma temática formal obrigatoriamente abordada. Embora a descrição possa estar presente no discurso do entrevistado, não é o detalhamento dos fatos que valida a entrevista, mas a contribuição teórica e opinativa do emissor a respeito do tema.

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