Exercícios sobre figuras de pensamento
(Fuvest) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:
a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.
b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.
c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.
d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
e) Amanheceu, a luz tem cheiro.
Alternativa C.
A catacrese é uma figura de linguagem que consiste no uso de termos ou expressões que não descrevem com exatidão o que se quer expressar, mas são empregados por não haver outra palavra ou expressão melhor. Nesse caso, essa palavra é “embarcar”, que, originalmente, serve apenas para designar a entrada em um barco.
(UFPE)
DESCOBERTA DA LITERATURA
No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/
cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./
E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/
para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./
Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/
ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/
com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./
Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/
em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/
e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/
a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/
que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/
e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/
receava que confundissem/ o de perto com o distante,/
o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/
e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/
ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./
(…)
João Cabral de Melo Neto
Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo:
(1) Romance de barbante ( ) Pleonasmo
(2) Roda morta; folheto guenzo ( ) Metáfora
(3) Como puro alto-falante ( ) Comparação
(4) Perto/distante ( ) Metonímia
Ali/espaço mágico
Franzino/gigante
(5) Cochichavam-me em segredo ( ) Antítese
A ordem correta é:
a) 1, 2, 3, 4, 5
b) 5, 2, 3, 1, 4
c) 3, 1, 4, 5, 2
d) 2, 1, 3, 4, 5
e) 2, 4, 5, 3, 1
Alternativa B.
Pleonasmo: quando há uma redundância na frase.
Metáfora: quando transportamos a palavra ou expressão do seu sentido literal para o sentido figurado.
Comparação: quando há uma comparação entre palavras ou expressões.
Metonímia: quando se emprega um termo no lugar do outro, havendo entre eles relação de sentido muito próxima.
Antítese: quando há exposição de ideias opostas e, entre as palavras ou expressões que representam essas ideias, há uma aproximação.
Quanto às afirmações listadas, o que está correto assinalar como verdadeiro?
I. “Enterrou o dedo no alfinete” é metonímia.
II. “Saio do hotel com quatro olhos,
- Dois do presente,
- Dois do passado.” é comparação.
III. Chorei bilhões de vezes naquele dia é hipérbole.
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III
(D) Apenas I e II.
(E) Nenhuma afirmação está correta.
Alternativa C.
A hipérbole é um recurso que indica um exagero sobre determinada situação ou coisa. Chegando, às vezes, a não condizer com a realidade. No caso, “chorar bilhões de vezes” em um único dia é um tanto impossível.
4) Assinale a alternativa incorreta:
(A) Ele entregou a alma a Deus é eufemismo.
(B) “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) é uma antítese.
(C) “embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu” (Luis Fernando Veríssimo) é uma comparação.
(D) A cidade maravilhosa continua linda é uma perífrase.
(E) Aqueles ali são uns anjos, vivem metidos em confusão é uma ironia.
Alternativa C.
A frase da alternativa C apresenta um paradoxo, uma vez que não há quase vida e não há quase morte; ou se vive ou se está morto. O autor faz uso desse recurso da linguagem a fim de fazer com o os leitores reflitam sobre a vida que não é plenamente vivida.