Exercícios sobre os Povos Andinos
(UFU-MG)
“A terra queimará e haverá grandes círculos brancos no céu. A amargura surgirá e a abundância desaparecerá. Será o tempo da dor, das lágrimas e da miséria. É o que está por vir” – PROFECIA MAIA
São formas de dominação, impostas pelos conquistadores espanhóis na América, que mostram o cumprimento da profecia maia, exceto:
a) A espada, significando a superioridade bélica dos espanhóis.
b) A cruz, associando o trabalho de catequese da Igreja à dominação.
c) A fome, como consequência da mudança das relações de trabalho.
d) A epidemias, transmitidas pelos europeus aos indígenas.
e) A indolência, que levava os indígenas a se recusarem a trabalhar.
Letra E. Observando atentamente o enunciado, observamos que a questão pede uma ação que não se enquadrava ao processo de dominação espanhol. Nesse sentido, indolência indígena contra o trabalho pode ser vista enquanto uma ação de resistência dos nativos, indo justamente contra as pretensões de controle impostas pelos dominadores espanhóis.
(Unicamp-SP)
“Nosso mundo acaba de descobrir um outro, não menos povoado e organizado que o nosso [...] Os que o subjugaram [...] usavam coletes de uma pele luminosa e dura e armas cortantes e resplandecentes para quem, pelo milagre da luz de um espelho ou de uma faca, iam trocando uma grande riqueza em ouro e perolas [...]. Quantas cidades arrasadas, quantas nações exterminadas, quantos milhões de povos passados a fio de espada [...]: vitórias mecânicas.” – Montaigne, escritor do século XVI, referindo-se aos colonizadores espanhóis na América.
a) Como Montaigne explica a conquista da América?
b) Em que consiste, para Montaigne, a superioridade europeia sobre os povos conquistados. Explique.
a) O autor aponta que o processo de dominação dos nativos aconteceu por meio de um processo violento marcado pela deflagração de milhares de mortes. Nesse sentido, ele ressalta que as armas tiveram função essencial para que os nativos fossem dominados pelo homem europeu.
b) Tendo uma visão bastante incomum para a época, Montaigne entende que a superioridade dos europeus estava limitada ao poder das armas. Isso porque, ao observar a complexidade e o grau de desenvolvimento das nações andinas, ele percebe que esses povos contavam com formas de organização que poderiam ser tranquilamente equiparadas às sociedades encontradas no Velho Mundo.
(FGV-SP)
“A língua deste gentio, toda pela Costa, é uma: carece de três letras – não se acha nela F, nem L, nem R, cousa digna de espanto por que assim não têm fé, nem lei, nem rei; e desta maneira vivem sem justiça e desordenadamente” – Pero de Magalhães Gandavo, século XVI.
A partir do trecho dado podemos afirmar tratar-se de um texto que:
a) subestima a cultura indígena.
b) respeita as especificidades das diferentes culturas.
c) está isento de valores.
d) é de forte caráter relativista.
e) vê como completas as sociedades indígenas.
LETRA A. Através da fala de Pero de Magalhães, observamos a construção de um discurso visivelmente etnocêntrico. Ao notar que os indígenas não compartilhavam dos valores e instituições presentes no Velho Mundo, o autor detecta a ausência de práticas que são vistas como essenciais para que aquela sociedade se desenvolvesse de forma ordeira e justa. Com isso, ele não reconhece a autonomia das práticas culturais historicamente desenvolvidas entre os povos nativos do continente americano.
(Vunesp)
“Vi também as coisas que trouxeram ao rei, do novo país do ouro: um sol todo em ouro medindo uma toesa de largura; do mesmo modo, uma lua toda de prata e igualmente grande; também dois gabinetes repletos de armaduras idênticas e toda sorte de armas por eles usadas, escudos, bombardas, armas de defesa espantosas, vestimentas curiosas (...).” (Albert Dürer, pintor alemão, 1471-1528.)
“As pessoas (...) tanto homens quanto mulheres, andam nuas assim como suas mães as pariram, exceto algumas das mulheres que cobrem suas partes com uma única folha de grama ou tira de algodão (...). Eles não possuem armas, exceto varas de cana cortadas
(...), e tem receio de usá-las (...); são tratáveis e generosos com o que possuem (...). Entregavam o que quer que possuíam, jamais recusando qualquer coisa que lhes fosse pedida (...).” (Trecho da Carta de Cristóvão Colombo, de 15 de fevereiro de 1493.)
Os textos referem-se aos habitantes da América na época dos descobrimentos.
a) Dê dois exemplos de grupos indígenas que podem ser identificados com os textos.
b) Por que os dois relatos são diferentes?
a) No primeiro relato, observamos a descrição de uma sociedade que pode ser muito bem identificada como sendo inca ou maia. Já no relato seguinte, o comportamento apresentado pode estar mais próximo aos índios tupinambás, caraíbas ou tupi-guaranis
b) Os relatos são diferentes porque justamente demonstram que a população nativa que habitava as Américas não pode ser vista de um modo uniforme. Em cada região temos o desenvolvimento de crenças, práticas sociais, instituições políticas, modelos familiares, danças, arquitetura, etc. que apontam a existência de um vasto mosaico cultural entre as populações que habitavam o Novo Mundo.
(UFU – MG )
"(...) Assim, não pense ninguém que foram tirados o poder, os bens e a liberdade (dos indígenas): e sim que Deus lhes concedeu a graça de pertencerem aos espanhóis, que os tornaram cristãos e que os trata e os consideram exatamente como digo. (...) Ensinaram-lhes o uso do ferro e da candeia (...) Deram-lhes moedas para que saibam o que compram e o que vendem, o que devem e possuem. Ensinaram-lhes latim e ciências, que valem mais do que toda a prata e todo o ouro que eles tomaram. Porque,
com conhecimentos, são verdadeiramente homens, e da prata nem todos tiravam muito proveito. (...)" (GÓMARA, Francisco López de. "Historia General de las India". Coletânea de Documentos para a História da América. São Paulo: CENP, 1978)
O texto acima expressa uma forma de se ver a conquista e a colonização da América pelos espanhóis. A partir da análise do texto e de seus conhecimentos sobre esse processo histórico
a) Faça um comentário sobre a visão antropocêntrica do autor, destacando a forma como os valores culturais de espanhóis e indígenas são tratados no texto.
b) Identifique e caracterize uma das três principais sociedades indígenas conquistadas pelos espanhóis, mostrando como viviam e se organizavam social e politicamente no período imediatamente anterior à conquista.
a) Em uma breve consideração, vemos que o autor do texto simplesmente ignora a diversidade da cultura indígena. Por meio de um discurso raso, aponta que o contato com os europeus consistiu em um ganho incondicional de valores e práticas que aprimorou o modo de vida dos índios. Sendo assim, ao mesmo tempo em que desconsidera a cultura nativa, também se silencia em relação aos episódios de violência que marcaram a colonização do território americano.
b) Maias. Antes da dominação hispânica, esse povo se organizava em diferentes cidades-Estado, independentes onde tinham a presença de um chefe local que representava a vontade dos deuses naquele lugar. Organizada de forma rígida, a sociedade maia contava com a família real e os mais importantes membros do Estado compondo a elite. Logo em seguida, havia os comerciantes e funcionários públicos compondo uma faixa intermediária e, por fim, os trabalhadores braçais que compunham a maioria absoluta da população.