Exercícios sobre a Invenção da Imprensa
(ENEM - 2012) Com o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcance de nossos olhos e de nossas mãos um sonho muito antigo da humanidade, que se poderia resumir em duas palavras, universalidade e interatividade. As luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos homens uma promessa universal, cultivavam um modo de utopia. Elas imaginavam poder, a partir das práticas privadas de cada um, construir um espaço de intercâmbio crítico das ideias e opiniões. O sonho de Kant era que cada um fosse ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juízos sobre as instituições de seu tempo, quaisquer que elas fossem e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juízo emitido pelos outros. Aquilo que outrora só era permitido pela comunicação manuscrita ou a circulação dos impressos encontra hoje um suporte poderoso com o texto eletrônico. (CHARTIER. Roger. A Aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Unesp, 1998.)
No trecho apresentado, o sociólogo Roger Chartier caracteriza o texto eletrônico como um poderoso suporte que coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho de universalidade e interatividade, uma vez que cada um passa a ser, nesse espaço de interação social, leitor e autor ao mesmo tempo. A universalidade e a interatividade que o texto eletrônico possibilita estão diretamente relacionadas à função social da internet de:
a) propiciar o livre e imediato acesso às informações e ao intercâmbio de julgamentos.
b) globalizar a rede de informações e democratizar o acesso aos saberes.
c) expandir as relações interpessoais e dar visibilidade aos interesses pessoais.
d) propiciar entretenimento e acesso a produtos e serviços.
e) expandir os canais de publicidade e o espaço mercantilista.
Letra A
A invenção da imprensa desencadeou todo o progresso na área da difusão de informações e da interatividade de conhecimentos e juízos, como ressalta a resposta oficial do Enem a respeito da questão: “A universalidade pode ser entendida como o livre acesso que a internet propicia a informações variadas. A interatividade, por sua vez, diz respeito ao fato de os usuários dela poderem não apenas acessar as informações, mas também postar suas opiniões para os outros usuários, estabelecendo, assim, um intercâmbio de julgamentos.”
Um dos grandes efeitos, a longo prazo, da invenção da máquina de imprensa por Gutenberg foi:
a) O retrocesso da leitura silenciosa.
b) O retrocesso do interesse por assuntos religiosos.
c) O arrefecimento da Reforma Protestante.
d) A disseminação da leitura.
e) A disseminação da escrita em tabuinhas de argila.
Letra D
Como a imprensa inventada por Gutenberg possuía a capacidade de replicar, em larga escala, um determinado livro, a difusão da leitura foi algo consequente disso, haja vista que havia, no século XVI, em especial na Alemanha, uma demanda por livros de assuntos relacionados com o luteranismo.
Leia o texto: “Para o desenvolvimento do protestantismo a longo prazo, a tradução da Bíblia de Lutero foi ainda mais importante do que seus panfletos. […] Mais de 80% dos livros em alemão publicados no ano de 1532 […] tratavam da reforma da igreja. […] Eles foram descritos, com algum exagero, como um 'meio de comunicação de massa'.” (BURKE, Peter e BRIGGS, Asa. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.)
Partindo do texto, pode-se afirmar que:
a) a invenção da imprensa, associada à tradução da Bíblia para o alemão, feita por Lutero, provocou uma grande difusão do protestantismo na Alemanha.
b) a imprensa não teve nenhum papel importante na difusão do luteranismo.
c) o protestantismo via com antipatia a imprensa, haja vista que a leitura da Bíblia não era importante para a disseminação da fé.
d) a invenção da imprensa só teve impacto dentro da Alemanha, não se espalhando para outros países.
e) os livros que circulavam na Alemanha, apesar de abundantes, eram todos escritos em latim.
Letra A
Lutero traduziu a Bíblia do latim para o alemão e essa tradução foi amparada pela imprensa dos tipos móveis, que passou a produzir maciçamente códices com o texto sagrado. Esse fato mudou a história do cristianismo, pois alastrou o protestantismo – primeiro na Alemanha, depois no restante da Europa.
Observe o texto a seguir: “No Oriente, sem dúvida, os caracteres móveis são conhecidos; lá, aliás, é que foram inventados e utilizados bem antes de Gutenberg: caracteres de argila cozida já são utilizados na China no século XI e, no século XIII, na Coreia, textos são impressos com caracteres metálicos. Mas, à diferença do Ocidente depois de Gutenberg, a utilização dos caracteres móveis permanece, no Oriente, limitada, descontínua, confiscada pelo imperador ou pelos mosteiros, o que, assim mesmo não significa a ausência de uma cultura do impresso de larga envergadura.” (CHARTIER, Roger. Do códige ao monitor: a trajetória do escrito. Estud. av. 1994, vol.8, n.21, pp. 185-199. ISSN 0103-4014.)
De acordo com o texto:
a) A revolução tecnológica da imprensa foi feita primeiramente na China.
b) Gutenberg apropriou-se da estrutura tipográfica oriental e a disseminou no Ocidente.
c) Apesar de haver uma técnica de impressão no Oriente, lá não foi possível a revolução que Gutenberg realizaria no Ocidente, em face das limitações culturais.
d) Os chineses transportaram a tecnologia da imprensa para o Ocidente.
e) Os tipos móveis da imprensa de Gutenberg dependiam de manutenção chinesa.
Letra C
A revolução tecnológica da imprensa, promovida por Gutenberg, dependia das condições políticas que a conjuntura dos reinos alemães, à época, oferecia-lhe. A réplica de textos com tipos móveis tornou-se uma prática tipicamente ocidental porque, ao contrário do Oriente, no período da Idade Moderna, o Ocidente havia disseminado a prática da leitura silenciosa, e o desenvolvimento das línguas nacionais, como o alemão, ajudou a publicação de livros com maior recepção do público.