Exercícios sobre o poder da Igreja Católica no mundo feudal
(UFSCAR) O Quarto Concílio de Latrão, em 1215, decretou medidas contra os senhores seculares caso protegessem heresias em seus territórios, ameaçando-os até com a perda dos domínios. Já antes do Concílio e como consequência dele, as autoridades laicas decretaram a pena de morte para evitar a disseminação de heresias em seus territórios, a começar por Aragão em 1197, Lombardia em 1224, França em 1229, Roma em 1230, Sicília em 1231 e Alemanha em 1232. (Nachman Falbel. Heresias medievais, 1976.)
A respeito das heresias medievais, é correto afirmar que:
a) o termo heresia designava uma doutrina contrária aos princípios da fé oficialmente declarada pela Igreja Católica.
b) os heréticos eram filósofos e teólogos que debatiam racionalmente a natureza divina e humana da Trindade no século XIII.
c) a Igreja tinha atitudes tolerantes com os hereges de origem popular, que propunham uma nova visão ética da instituição eclesiástica.
d) os primeiros heréticos apareceram nos séculos XII e XIII e defendiam antigas doutrinas difundidas pelo império otomano.
e) a heresia era conciliável com o poder temporal do Papa, mas provocou a ruptura das relações entre a Igreja e o Estado.
Letra A
A palavra heresia vem do grego “hairesis”, que significa “desvio”. As heresias são desvios da ortodoxia doutrinal católica, construída ao longo dos séculos, desde os pais da Igreja. As primeiras heresias são ainda do tempo apostólico, isto é, da época em que os apóstolos de Cristo, como Pedro e João, ainda estavam vivos.
Leia o trecho a seguir:
“A regra transferia o ideal helênico da pólis como comunidade autossuficiente para uma comunidade cristã. O mosteiro deveria ficar isolado, cercado por terras e muros; deveria ter extensão suficiente para satisfazer as necessidades materiais e espirituais do grupo, mediante a divisão e a cooperação. A vida cotidiana era equilibrada entre o trabalho, o serviço religioso e o estudo”. “[...] A pólis espiritual de São Bento, como parte do Império Cristão, é o símbolo da transição da antiga civilização mediterrânica para a civilização ocidental: da pólis para o império territorial (e, mais tarde, o estado territorial); da civilização urbana para a civilização agrícola feudal; do mito pagão para o espírito de Cristo”. (VOEGELIN, Eric. História das Ideias Políticas (vol. II). São Paulo: É Realizações, 2012. p. 75.)
Sobre o papel da Regra de São Bento para o mundo medieval, é correto afirmar, levando em consideração o texto de Eric Voegelin, que:
a) teve importância secundária no contexto da transição da Idade Antiga para a Idade Média.
b) ofereceu um modelo de construção civilizacional para a Idade Média.
c) desenvolveu uma consciência crítica nos monges, que se rebelaram contra o papado.
d) impediu que os monges estudassem e cumprissem suas atividades sacerdotais.
e) não teve nenhuma importância.
Letra B
A Regra de São Bento, como o filósofo e cientista político Eric Voegelin destaca no trecho acima, teve um papel essencial na construção da sociedade medieval. Apesar de ser uma regra destinada à vida dentro das abadias e monastérios, os seus preceitos, com os passar dos anos, acabaram por se alastrar para a sociedade feudal como um todo, orientando o modo de vida espiritual, de trabalho e cotidiano.
(MACKENZIE) “O conflito entre o tempo da igreja e o tempo dos mercadores afirma-se pois, em plena Idade Média, como um dos acontecimentos maiores da história mental destes séculos, durante os quais se elabora a ideologia do mundo moderno, sob a pressão da alteração das estruturas e das práticas econômicas.” Jacques Le Goff - Para um novo conceito de Idade Média.
Entre as diferenças de concepções mentais entre burgueses e clérigos durante a Idade Média, podemos destacar que:
a) o tempo foi considerado pelos homens como uma mercadoria que pertencia a Deus e, portanto, não cabia aos burgueses atribuir a ele um valor econômico. Tal concepção era antagônica ao pensamento da igreja medieval, que privilegiava a prática da usura.
b) diante de uma intensa ruralização da vida social e econômica, coube aos mercadores os papéis de preservar e difundir os conhecimentos da civilização ocidental cristã, enquanto aos clérigos coube a função de manter a coesão social.
c) o tempo da burguesia era o dos negócios e do trabalho, repleto de significados práticos. O tempo dos clérigos era marcado por significados místicos, relacionados com a memória do Salvador, reafirmando o sentido salvítico da história da humanidade.
d) o comércio, que durante muito tempo teve o papel de principal atividade econômica do período, foi duramente reprimido pela Igreja, apesar dos esforços dos burgueses para obter o apoio dos reis a fim de institucionalizar as práticas mercantilistas.
e) a Igreja considerava que o homem foi condenado à danação eterna por causa do pecado original de Adão, não cabendo à humanidade a possibilidade de remissão de seus pecados. Já a burguesia considerava que as boas ações serviam de base para a busca da Salvação.
Letra C
A burguesia ascendeu na Idade Média por volta do século XIV. A vida nos burgos estava associada às atividades comerciais e à intensa movimentação urbana, bem como ao contato com outros povos e culturas estimulado pelas viagens dos mercadores. Sendo assim, essa eferverscência da vida nas cidades contrastava com o tempo lento, de meditações, orações e trabalho rural dos monges nos monastérios e abadias.
Na Idade Média e também na Idade Moderna, o Sacro Império Romano-Germânico deu unidade política à Europa. Essa unidade estava intimamente articulada com a Igreja Católica e o papado, que detinham a autoridade espiritual. No que diz respeito à relação da Igreja com a estrutura do Sacro Império, podemos dizer que uma das consequências foi:
a) a ditadura clerical de Gregório VII.
b) o cesaropapismo ocidental.
c) a Querela das Investiduras.
d) o fim das indulgências.
e) o fim da ordenação de sacerdotes.
Letra C
A Querela das Investiduras foi o episódio em que o conflito entre a autoridade do Papa (espiritual) e a autoridade do Imperador (secular) fez-se presente. Esse conflito dizia respeito à função de “investir”, isto é, nomear clérigos para postos importantes como o de bispo, por exemplo. Essa era uma função reservada ao poder espiritual, mas os imperadores pretenderam, também, valer-se delas, confrontando o poder da Igreja.