Exercícios sobre Renascimento Científico
(Cesgranrio) A Revolução Científica, ocorrida na Europa Moderna entre os séculos XVI e XVII, caracterizou-se por:
a) acentuar o espírito crítico do homem através do desenvolvimento da ciência experimental.
b) reforçar as concepções antinaturalistas surgidas nos primórdios do Renascimento.
c) comprovar a tese de um universo geocêntrico contrária à explicação tradicional aceita pela Igreja
Medieval.
d) negar os valores humanistas, fortalecendo assim as ideias racionalistas.
e) confirmar os fundamentos lógicos e empiristas da filosofia escolástica em sua crítica aos dogmas católicos medievais.
Letra A
A Revolução Científica se valeu das perspectivas naturalistas do início do Renascimento Europeu (ao contrário do que aponta a alternativa B) e passou a ser contrária à explicação cosmológica geocêntrica de Ptolomeu que foi endossada pela Igreja Católica durante séculos (o que elimina a alternativa C). No contexto no Renascimento Científico, humanismo e racionalismo eram faces da mesma moeda, ou seja, a valorização da Razão pressupunha a valorização do Homem e seus atributos (sendo assim, está incorreta a alternativa D). Tal valorização acentuava o espírito crítico do Homem, por meio do desenvolvimento da ciência experimental (o que aponta para a alternativa correta, letra A). O pensamento filosófico característico da Baixa Idade Média, a Escolástica, não tinha fundamentos empiristas, mas teve um desenvolvimento avançado da Lógica. A Revolução Científica deste período também não se confrontou diretamente com os dogmas católicos, mas sim com as formulações cosmológicas elaboradas anteriormente (o que invalida a alternativa E).
(Puccamp) [Modificada] Leia o texto abaixo:
As ordens já são mandadas, já se apressam os meirinhos.
Entram por salas e alcovas, relatam roupas e livros:
(...)
Compêndios e dicionários, e tratados eruditos
sobre povos, sobre reinos, sobre invenções e Concílios...
E as sugestões perigosas da França e Estados Unidos,
Mably, Voltaire e outros tantos, que são todos libertinos...
(Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. "Romanceiro da Inconfidência")
A referência compêndios, dicionários e tratados eruditos no século XVIII nos sugere uma clara valorização do conhecimento científico, postura que também se verifica no período conhecido como Renascimento. Contribuíram para eclosão deste amplo movimento cultural na Europa:
a) a unificação da Itália e o enfraquecimento da Igreja católica.
b) as descobertas científicas e a revolução industrial na Inglaterra.
c) o fortalecimento das burguesias e o desenvolvimento dos centros urbanos.
d) a Contrarreforma e a fragmentação do poder político dos soberanos.
e) a expansão marítima e a hegemonia árabe na península ibérica.
Letra C
O Renascimento se tornou um evento histórico de proporções grandiosas, sobretudo na Península Itálica, a partir do momento em que a burguesia que havia se formado em cidades como Gênova e Veneza e que, também, havia estabelecido o controle comercial do Mar Mediterrâneo, forneceu as condições de desenvolvimento urbano necessárias para que houvesse a eferverscência cultural naquela região (sendo assim, a alternativa correta é a C). A Unificação da Itália só ocorreu no século XIX (o que invalida a alternativa A), enquanto que as descobertas científicas e a revolução industrial na Inglaterra são acontecimentos posteriores ao Renascimento (o que invalida a questão B). Da mesma forma, a Contrarreforma é um acontecimento posterior ao Renascimento (o que elimina a alternativa D). A expansão marítima do século XV deveu-se à unificação dos reinos ibéricos, que se deu com a expulsão dos árabes da Península Ibérica (sendo assim, a alternativa E está incorreta).
“Resta-me ainda falar de Kepler, cuja obra tampouco é inteiramente científica, sendo profundamente inspirada pela ideia de harmonia, pela ideia de que Deus organizou o mundo segundo leis de harmonia matemática. Para Kepler, essa é a chave da estrutura do Universo. Quanto aos respectivos lugares que atribui ao Sol e à Terra, ele é, bem entendido, copernicano, pela mesma razão de Copérnico: para ele, o Sol representa Deus; é o Deus visível do Universo, símbolo do Deus criador, que se exprime no Universo criado; e é por isso que é preciso que ele esteja no centro.” (KOYRE, Alexandre. “As etapas da cosmologia científica”. In: Estudos de História do Pensamento Científico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991, p. 88.)
Com base no texto, assinale a alternativa correta:
a) O historiador da ciência Alexandre Koyrè assinala que o astrônomo Kepler, um dos principais personagens do Renascimento Científico, era ainda um mau cientista por acreditar, como Copérnico, que Deus havia organizado o Universo.
b) Kepler, segundo Koyrè, deu uma explicação cosmológica (explicação que vai além da descoberta científica por meio de experimentos) para o Universo, que estava de acordo com preceitos filosóficos e teológicos cristãos.
c) Com a expressão “cuja obra tampouco é inteiramente científica”, Koyré aponta a presença perniciosa da harmonia matemática na obra de Kepler.
d) O desenvolvimento da ciência moderna, da qual Kepler fez parte, dependeu exclusivamente do resgate da tradição grega durante o Renascimento.
e) As descobertas científicas se davam e ainda se dão por meio da observação e da experimentação, porém as explicações cosmológicas hoje em dia são inteiramente dispensáveis.
Letra B
Koyrè não quer caracterizar Kepler como um cientista ruim ou incompleto por conta de sua crença no fato de ter Deus “organizado o Universo”. O historiador da ciência apenas ressalta o tipo de cosmologia (cristã) que Kepler aperfeiçoou a partir de suas descobertas científicas (o que elimina a letra A e aponta a alternativa B, que é a correta). Koyrè quer ressaltar que a cosmologia de Kepler depende, fundamentalmente, de sua concepção de harmonia matemática do Universo. Para ele, se o Homem consegue depreender leis físicas da observação dos fenômenos naturais, o “Ser Divino” é o responsável por ter infundido na natureza tais leis (sendo assim, a alternativa C está incorreta). O desenvolvimento da ciência moderna deve-se ao cruzamento cultural de pelo menos três grandes civilizações: a grega (cuja filosofia, e em especial o raciocínio lógico, foram decisivos), a muçulmana (que desenvolveu os algarismos arábicos e várias fórmulas matemáticas) e a cristã (que concebeu a ideia de um Deus criador da natureza, que a organizou logicamente; fato que liberou os homens à investigação da lógica dos fenômenos naturais) (desse modo, a alternativa D está incorreta). Hoje em dia, o grande problema que as ciências, sobretudo a física, enfrenta é incapacidade de elaborar explicações cosmológicas para o Universo. Estas explicações são extremamente importantes e necessárias, mas necessitam de um forte diálogo com outras formas de saber, sobretudo a religião e a filosofia. Diálogo este que nem sempre se dá de forma profícua em nossos dias (elimina-se a alternativa E).
O desenvolvimento da ciência moderna experimental, nos séculos XVI e XVII, ocasionou aquilo que Max Weber denominou “desencantamento do mundo”, processo que, a longo prazo, invalidou as explicações fantásticas e mitológicas sobre fenômenos naturais, pestes, epidemias etc. e as substituiu por explicações racionais e prováveis experimentalmente. Um dos efeitos deste “desencantamento do mundo” foi:
a) o retardamento do progresso tecnológico no século XVIII.
b) a expansão da cosmovisão muçulmana nas nações europeias.
c) o atraso do desenvolvimento urbano europeu.
d) a proliferação de epidemias como cólera e leptospirose.
e) o desenvolvimento tecnológico industrial, seguido do processo de higienização das cidades, bem como crescimento urbano e populacional da Europa.
Letra E
O fenômeno do “desencantamento do mundo”, descrito por Weber, apesar de afastar as visões fantásticas (ou fantasiosas) de mundo europeias, não deu lugar à visão de mundo árabe/muçulmana, dado que os árabes não conseguiram se alastrar por todo o continente europeu, já que foram expulsos do continente com a unificação da Espanha (sendo assim, a alternativa B está incorreta). Com “o desencantamento do mundo”, tornou-se possível o desenvolvimento da ciência moderna, calcada na observação e explicação dos fenômenos naturais, incluindo doenças e catástrofes. Soma-se ao desenvolvimento científico, um grande desenvolvimento da tecnologia, que passou a tornar melhores e mais adequadas as condições de habitação e saúde, o que viabilizou o crescimento urbano e populacional moderno. (Sendo assim, a alternativa E está correta, pois aponta para isso, enquanto que as restantes – A, C e D – expõem exatamente o oposto disso).