Exercícios sobre Machado de Assis

Machado de Assis foi uma grande representante da Literatura Brasileira, haja vista que o estilo por ele adotado representou um significativo amadurecimento temático e formal. Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte
Questão 1

(UFPI-PI)

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.

O enunciado acima se refere a uma das obras de Machado de Assis intitulada:

a - Dom Casmurro
b – Memorial de Aires
c – Memórias póstumas de Brás Cubas
d - Quincas Borba
e – Esaú e Jacó

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Podemos afirmar que a alternativa que se adéqua ao enunciado diz respeito à letra “C”Memórias póstumas de Brás Cubas, cujos trechos se encontram abaixo evidenciados:

"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei acelebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." (grifos nossos)

Questão 2

ESAM-RN

“gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí, vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.”

Podemos dizer que o trecho acima pertence ao Realismo, já que apresenta as seguintes características:

a – dúvida em torno da validade da religião; descaso pelo homem como ser socializado; apologia dos sentimentos nobres.

b –descrença dos sentimentos humanos; morbidez em face do amor; conformismo diante da fragilidade do ser humano;

c –apologia do materialismo; desprezo pela atitude místico-religiosa dos homens; passividade diante da contínua presença da morte;

d –visão materialista do mundo; desprezo pelos valores sociais estabelecidos; desprezo pelo homem e pela vida;

e –ausência de visão sentimentalista do mundo; descrença em valores religiosos, consciência da fragilidade oral e física do ser humano.

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Temos que a alternativa “D” se evidencia como a adequada ao enunciado em questão, sobretudo em se tratando das características que demarcam a estética realista.  Por se tratar de um trecho extraído do romance machadiano “Memórias póstumas de Brás Cubas”, as características expostas na questão tão bem demarcam as verdadeiras intenções a que se propõe esse nobre autor: por meio de uma ironia ferina, ele acaba “descortinando”, deixando às claras, alguns valores relacionados à natureza humana, tais como: falsas virtudes, falta de caráter impressa nas diversas categorias inerentes à sociedade como um todo, as indecisões, enfim. Dessa forma, ele deixa claro que “gosta dos epitáfios”, que, como sabemos, trata-se de uma inscrição sepulcral, a qual se evidencia como uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.  Ou seja, de forma bem crítica, Machado releva que o ser humano, dotado de tantas instabilidades, ao menos depois da morte consegue arrancar algo que o concebe como alguém dotado de características positivas.

Questão 3

Machado de Assis, embora considerado um escritor que trabalhou uma ideologia muito mais evoluída, uma vez comparada a dos outros representantes que pertenceram à época realista, deixou algumas “pegadas” que tão bem evidenciaram os rumores de um novo tempo, tempo esse em detrimento, sobretudo aos moldes românticos. Procure, dessa forma, evidenciar algumas dessas características.

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No intuito de discorrer acerca da questão levantada, torna-se imprescindível ressaltarmos que entre os estilos de época, ou as escolas literárias, os posicionamentos por meio delas firmados tendem a se contrapor ou, raras as vezes, complementar-se. Partindo desse princípio, afirmamos que o Realismo, materializando-se enquanto estética, representou uma verdadeira inovação, uma vez comparada ao que tanto preconizou o estilo romântico. A figura da mulher, sobretudo na voz de Flaubert e Eça de Queiróz, evidenciou-se mesmo como uma espécie de desmitificação, haja vista que ela, considerada como ser humano, concebeu-se como alguém passível de falhas, aspecto esse materializado pelo adultério.

No caso de Machado, no conto “Uns braços”, podemos plenamente constatar essa questão, já não falando em outras obras dele, renomadas por sinal. Dessa forma, temos que o Realismo procurou explorar de forma ímpar a questão do psicológico do ser humano, ser esse dotado de falhas, de imperfeições – algo que jamais seria retratado em outras estéticas passadistas.

Questão 4

Falar sobre Machado de Assis, sem sombra de dúvida, requer tempo e argumentos, dada a preciosidade artística desse nobre representante de nossas letras. Assim, procure evidenciar, ainda que em simples linhas, um pouco das características inerentes ao trabalho que ele desenvolveu, o qual nos rendeu um legado cultural sem margens para discussões.

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Talvez um exemplo possa subsidiar nossa discussão, extraído do romance “Memórias póstumas de Brás Cubas”:

CAPÍTULO LV / O VELHO DIÁLOGO DE ADÃO E EVA

BRÁS CUBAS................................?

VIRGÍLIA...............................

BRÁS CUBAS.......................................................................................

VIRGÍLIA..........................................!

BRÁS CUBAS.................................

VIRGÍLIA...............................................................................? .........................................................................................................

BRÁS CUBAS.................................

VIRGÍLIA...............................................

BRÁSCUBAS..................................................................................................................... !..............................!...........................!

VIRGÍLIA....................................................?

BRÁS CUBAS..............................................!

VIRGÍLIA...................................................!

Constatamos uma verdadeira inovação por parte do escritor: as interrupções feitas ao longo de uma narrativa, deixando a cargo do leitor extrair suas próprias conclusões. Outro aspecto, não menos relevante, é a ironia, o ceticismo, o humor, mesmo que breve, ora demonstrado em determinadas passagens. No romance em questão, algo inusitado ocorre, quando comparado aos demais, tidos como convencionais, ou seja, o narrador se ocupa de transmitir a nós, leitores, uma história de alguém que narra sua experiência de vida após a morte, razão pela qual ele próprio afirma: “eu sou um defunto-autor”, em vez de um autor-defunto.

Ainda fazendo referência a tal romance, outra inovação para a época diz respeito ao fato de ele ser narrado em 160 capítulos, breves por sinal, sem falar nos espaços franqueados para as intertextualizações que Machado fez a grandes escritores, especialmente os da literatura inglesa e francesa, fato que comprovadamente evidencia que o gênio assim não se concebia por acaso.

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