Exercícios sobre o romantismo no estilo prosa
(Faculdade de Ciências Agrárias do Pará)
Relacione a frase da direita com o nome da obra à esquerda e a seguir assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta dos números:
I – O Guarani
II – Iracema
III – Senhora
IV – Diva
V – Lucíola
( ) Desenvolve o enredo de tal maneira a condenar o casamento de conveniência.
( ) Observa-se neste romance a atitude romântica de se eleger a prostituta como centro da narrativa, procurando justificar suas dores e compreendendo o tipo de vida que levava.
( ) Neste romance são contados os primeiros contatos dos índios com os civilizados.
a) IV- II – I
b) V – I – II
c) III – I – IV
d) V – IV – I
e) III – V – II
Alternativa correta demarcada pela letra “E”.
Tendo em vista que Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, representa uma obra cuja recorrência se torna indiscutível no ambiente de sala de aula, bem como nas provas de vestibulares de renomadas universidades, certamente que esteja apto (a) a discorrer acerca de algumas questões inerentes à temática em questão. Assim, dada essa razão, procure tecer um comentário abordando sobre as características nela presentes.
O romance em questão parece figurar como sendo um galho à parte da árvore cujos frutos resultam dos romances voltados para os padrões que tanto demarcaram a época do Romantismo propriamente dito. Assim, sob essa perspectiva, podemos afirmar que se tratava de prenúncios de uma época que somente veio a se fortalecer tempos mais tarde – o Modernismo. Numa atitude totalmente antirromântica, Almeida deixa escapar a sua intenção em mostrar a cara do povo brasileiro como realmente denunciava a situação, ou seja, “para tudo se dá um jeitinho”, “uma mão lava a outra”, “salve-se quem puder” diante das amarras e das intempéries provocadas pela luta de classes, entre outros aspectos.
Falamos com base na temática em si, mas não nos esquecendo de que a linguagem também não se mostrava nem um pouco aquém daquilo que mais tarde viria a se demarcar tanto nas intenções de Mário e de Oswald de Andrade, os quais, ao procurar o retrato da nacionalidade, acabaram trabalhando a linguagem de forma muito próxima à realidade, adornada por um tom coloquial, por marcas de oralidade, isenta, pois, de rebuscamentos formais, de sintaxe exagerada, de tom melancólico, do instinto de camuflar aquilo que embora pareça explícito aos olhos da sociedade, todavia impedido de se tornar constatado por todos, enfim, muito próxima à linguagem popular demarcada no dia a dia das pessoas.
(ESAM – RN)
No romance “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, o que chama a atenção é um aspecto pouco comum nos romances românticos, ou seja, a visão social transmitida a partir da perspectiva:
A – das classes dominantes e aristocráticas.
b – dos segmentos militares da sociedade.
c- do submundo do crime e da violência.
d - da população estudantil acadêmica.
e – das classes pobres e desfavorecidas.
Alternativa correta demarcada pela letra “E”.
Partindo do princípio de que o artista, pautado pelos traços ideológicos (sobretudo vivendo em meio a um contexto social, político, econômico e histórico) que norteiam a sua forma de expressar frente à realidade que o cerca, leia, analise e teça um comentário acerca do fragmento que segue, ora representado pelo romance de José de Alencar, intitulado “Senhora”:
A moça agitou então a fronte com uma vibração altiva:
- Mas o senhor não me abandonou pelo amor de Adelaide e sim por seu dote, um mesquinho dote de trinta contos! Eis o que não tinha o direito de fazer, e que jamais lhe podia perdoar! Desprezasse-me embora, mas não descesse da altura em que o havia colocado dentro de minha alma. Eu tinha um ídolo; o senhor abateu-o de seu pedestal, e atirou-o no pó. Essa degradação do homem a quem eu adorava, eis o seu crime; a sociedade não tem leis para puni-lo, mas há um remorso para ele. Não se assassina assim um coração que Deus criou para amar, incutindo-lhe a descrença e o ódio.
Seixas, que tinha curvado a fronte, ergueu-a de novo, e fitou os olhos na moça.
Conservava ainda as feições contraídas, e gotas de suor borbulhavam na raiz de seus belos cabelos negros.
- A riqueza que Deus me concedeu chegou tarde; nem ao menos permitiu-me o prazer da ilusão, que têm as mulheres enganadas. Quando a recebi, já conhecia o mundo e suas misérias; já sabia que a moça rica é um arranjo e não uma esposa; pois bem, disse eu, essa riqueza servirá para dar-me a única satisfação que ainda posso ter neste mundo. Mostrar a esse homem que não me soube compreender, que mulher o amava, e que alma perdeu. Entretanto ainda eu afagava uma esperança. Se ele recusa nobremente a proposta aviltante, eu irei lançar-me a seus pés. Suplicar-lhe-ei que aceite a minha riqueza, que a dissipe se quiser; consinta-me que eu o ame. Essa última consolação, o senhor a arrebatou. Que me restava? Outrora atava-se o cadáver ao homicida, para expiação da culpa; o senhor matou-me o coração, era justo que o prendesse ao despojo de sua vítima. Mas não desespere, o suplício não pode ser longo: este constante martírio a que estamos condenados acabará por extinguir-me o último alento; o senhor ficará livre e rico.
Ao nos atermos ao trecho “- Mas o senhor não me abandonou pelo amor de Adelaide e sim por seu dote, um mesquinho dote de trinta contos!”, constatamos que o renomado autor, José de Alencar, imprime a presente criação um tom extremamente crítico aos costumes da época, demarcados, sobretudo pela mercantilização do casamento – uma prática significamente comum da sociedade burguesa da época em que o romance foi escrito. Assim, o que ocorria era que as mulheres mais cobiçadas eram aquelas que possuíam o dote mais alto. Dessa forma, foi o que realmente ocorreu, pois Aurélia e Fernando Seixas, apaixonados desde a juventude, acabaram sendo separados por problemas de ordem financeira, uma vez que o rapaz se sentiu seduzido por um noivado com uma moça mais rica que Aurélia, a qual lhe renderia um dote mais alto. Aurélia, ao se ver naquela situação, resolveu se vingar, casando-se então com um rapaz que comprara com um dote de cem contos de réis.