Exercícios sobre estrangeirismos
Observe a tirinha de Adão Iturrusgarai:
Os estrangeirismos, também conhecidos como empréstimos linguísticos, devem ser empregados quando não houver um termo equivalente no idioma
O efeito de humor da tirinha é causado pelo fato de:
a) O personagem não conseguir abrir a porta porque não leu a placa afixada;
b) O personagem não conseguir encontrar a palavra push no dicionário;
c) O personagem acreditar na falsa semelhança entre as palavras push e puxe;
d) O personagem não saber inglês, por isso não consegue abrir a porta.
Alternativa “c”. O personagem acredita na falsa semelhança entre as palavras push, que significa empurre, e puxe, vocábulo da língua portuguesa, por isso, tenta puxar a porta para abri-la, sem sucesso.
Sobre os estrangeirismos, estão corretas as proposições:
I. Tentativa de apropriação de uma língua estrangeira em detrimento do idioma local.
II. Apropriação de elementos, expressões e construções alheias ao idioma.
III. Processo que se refere aos termos que não pertencem genuinamente ao léxico de uma língua, mas em virtude de um processo natural de assimilação cultural, acabam constituindo nosso vocabulário.
IV. Deve-se preferir o próprio vernáculo quando houver correspondentes que façam a substituição eficiente de um termo que esteja em outra língua.
a) I e IV.
b) I, II e III.
c) II e III.
d) II, III e IV.
e) Todas estão corretas.
Alternativa “d”.
Alguns empréstimos linguísticos já se encontram enraizados em nossa cultura, estando eles aportuguesados ou em seu formato original Título: Mafalda e o empréstimo linguístico.
Analisando a tirinha da Mafalda, é possível inferir:
a) Há uma clara apologia ao emprego dos estrangeirismos. O autor da tirinha acha que a palavra living deveria substituir a expressão sala de estar.
b) Mafalda não sabe o significado da expressão sala de estar, o que compromete seu entendimento sobre a revista que está lendo.
c) Há uma crítica bem humorada sobre o abuso do uso dos estrangeirismos, mesmo porque na língua portuguesa existe uma palavra equivalente à palavra living, o que tornaria seu uso dispensável.
d) Mafalda acha que a linguagem utilizada pelo livro dificulta o entendimento do conteúdo.
Alternativa “c”. É possível observar que o autor da tirinha faz uma crítica bem-humorada ao uso abusivo dos estrangeirismos. A palavra living tem um termo correspondente na língua portuguesa, portanto, seu uso é dispensável.
ENEM
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center , delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber:
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Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços públicos do território nacional;
Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como "Me vê um chopps e dois pastel";
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Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra "borraxaria" e nenhum dono de banca de jornal anunciará "Vende-se cigarros";
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Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como "casar-me-ei" ou "ver-se-ão".
PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.
No texto acima, o autor:
a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso.
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os controlem.
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes.
Alternativa “b”. É possível observar que o discurso do autor é irônico, já que propõe a adoção de medidas inviáveis que proibiriam o uso dos estrangeirismos, inviáveis porque algumas apropriações já estão cristalizadas e dificilmente conseguiríamos bani-las do idioma, já que se fazem necessário em diversas situações linguísticas.
ENADE 2006
Samba Do Approach
Zeca Baleiro
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(2x)
Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje me amarro no Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi trash...
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(2x)
Fica ligado no link
Que eu vou confessar my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho engov
Eu tirei o meu green card
E fui prá Miami Beach
Posso não ser pop-star
Mas já sou um noveau-riche...
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(2x)
Eu tenho sex-appeal
Saca só meu background
Veloz como Damon Hill
Tenaz como Fittipaldi
Não dispenso um happy end
Quero jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite, drag queen...
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat...(7x)
(Zeca Baleiro. Perfil, CD 3105-2, Som Livre, 2003.)
I. “(...) Assim, nenhum verbo importado é defectivo ou simplesmente irregular, e todos são da primeira conjugação e se conjugam como os verbos regulares da classe.”
(POSSENTI, Sírio. Revista Língua. Ano I, n.3, 2006.)
II. “O estrangeirismo lexical é válido quando há incorporação de informação nova, que não existia em português.”
(SECCHIN, Antonio Carlos. Revista Língua, Ano I, n.3, 2006.)
III. “O problema do empréstimo linguistico não se resolve com atitudes reacionárias, como estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias.”
(CUNHA, Celso. A língua portuguesa e a realidade brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.)
IV. “Para cada palavra estrangeira que adotamos, deixa-se de criar ou desaparece uma já existente.”
(PILLA, Éda Heloisa. Os neologismos do português e a face social da língua. Porto Alegre: AGE, 2002.)
O Samba do Approach, de autoria do maranhense Zeca Baleiro, ironiza a mania brasileira de ter especial apego a palavras e a modismos estrangeiros. As assertivas que se confirmam na letra da música são, apenas,
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Alternativa “c”.