Enem: lista de exercícios sobre patrimônio e diversidade no Brasil
(Enem Digital 2020)
A carroça sem cavalo
Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos barulhos estranhos. Os moradores da cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de Santa Catarina, eram acordados de madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroça andando sem cavalo e sem ninguém puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos barulhentos, como panelas, bules, inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que um carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites de manifestação da assombração, a carroça saía de um nevoeiro, assustava a população e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.
Disponível em: www.gazetaonline.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem uma função social específica, esse texto tem por função:
a) abordar histórias reais.
b) informar acontecimentos.
c) questionar crenças populares.
d) narrar histórias do imaginário social.
e) situar fatos de interesse da sociedade.
As narrativas populares compõem um importante elemento da cultura de um povo. Elas, de alguma forma, revelam as representações coletivas que servem para cristalizar práticas comuns do convívio social dos indivíduos.
O artigo relata um fato de temática inusitada e com um toque de fantástico, recursos bastante comuns em narrativas populares de tradição oral, conhecidas também como “causos”, cuja etimologia é proveniente do cruzamento de caso e causa.
No Brasil, esse tipo de conto recebeu influência de indígenas, africanos e portugueses, representando uma importante fonte de identidade cultural e social, preservação da memória, união de gerações e interação de grupos. Assim, é correta a opção [D].
(Enem 2019)
Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa um conflito entre culturas e sua presença em museus decorrente da:
a) valorização do mercado das obras de arte.
b) definição dos critérios de criação de acervos.
c) ampliação da rede de instituições de memória.
d) burocratização do acesso dos espaços expositivos.
e) fragmentação dos territórios das comunidades representadas.
Muitos museus se utilizam de critérios etnocêntricos para constituírem seus acervos ao enquadrarem determinadas culturas como sendo primitivas ou exóticas. É nesse debate acerca dos critérios de criação de acervos que a imagem se insere. A imagem questiona os critérios de escolha dos acervos dos museus. Nesse sentido, questiona a utilização da cultura e da arte, como um todo, como forma de legitimação das desigualdades sociais, uma vez que os acervos dos museus são, em geral, etnocêntricos e ortodoxos. Assim, é correta a opção [B].
(Enem 2016)
Participei de uma entrevista com o músico Renato Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a música sertaneja antiga e a atual. A resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença alguma. A música caipira sempre foi a mesma. É uma música que espelha a vida do homem no campo, e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida no campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz exalava uma solidão, um certo distanciamento do país “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje, num interior conectado, globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem ou para o mal, a música reflete seu próprio tempo.
BARCINSKI. A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado).
A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto socioeconômico do atual campo brasileiro:
a) crescimento do sistema de produção extensiva.
b) expansão de atividades das novas ruralidades.
c) persistência de relações de trabalho compulsório.
d) contenção da política de subsídios agrícolas.
e) fortalecimento do modelo de organização cooperativa.
Nas últimas décadas, aconteceram processos de modernização da agropecuária e forte urbanização do interior do Brasil com o surgimento de pequenas cidades e cidades médias no interior de São Paulo, Centro-Oeste e Sul. Também aconteceu uma expansão das redes de transportes, comunicações e informática nas zonas rurais. Esses processos conduziram a “novas ruralidades” e apresentam reflexo na cultura e nos padrões de consumo, a exemplo do declínio da música sertaneja “tradicional” e avanço da música sertaneja “moderna” com formas como o “sertanejo universitário”.
Sociologicamente, é um equívoco considerar que a cultura é estanque. Na realidade, ela está em constante transformação, e a música sertaneja é um bom exemplo dessa mudança. Devido a alterações nas formas de produção, o campo brasileiro produziu aquilo que se pode chamar de “novas ruralidades”, que carregam consigo novas produções culturais e relações sociais. Assim, é correta a opção [B].
(Enem 2016) Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores, como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a):
a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.
Na contemporaneidade, a indústria cultural, ao padronizar a produção cultural, produz a ilusão de que os indivíduos estão escolhendo o que vão consumir. No entanto, isso é um efeito da ideologia, uma vez que todos os produtos são massificados e extremamente parecidos entre si. Assim, é correta a opção [E].
(Enem 2019) O processamento da mandioca era uma atividade já realizada pelos nativos que viviam no Brasil antes da chegada de portugueses e africanos. Entretanto, ao longo do processo de colonização portuguesa, a produção da farinha foi aperfeiçoada e ampliada, tornando-se lugar-comum em todo o território da colônia portuguesa na América. Com a consolidação do comércio atlântico em suas diferentes conexões, a farinha atravessou os mares e chegou aos mercados africanos.
BEZERRA, N. R. Escravidão, farinha e tráfico atlântico: um novo olhar sobre as relações entre o Rio de Janeiro e Benguela (1790-1830). Disponível em: www.bn.br. Acesso em: 20 ago. 2014 (adaptado).
Considerando a formação do espaço atlântico, esse produto exemplifica historicamente a:
a) difusão de hábitos alimentares.
b) disseminação de rituais festivos.
c) ampliação dos saberes autóctones.
d) apropriação de costumes guerreiros.
e) diversificação de oferendas religiosas.
A alimentação brasileira é resultado de diversos processos culturais que incorporaram e modificaram hábitos presentes em muitas culturas. O consumo da farinha de mandioca é um bom exemplo de um hábito originalmente indígena e que se difundiu pelo território, para além das culturas autóctones.
Podemos identificar no consumo da mandioca, e de sua farinha, uma forma de relação social no Brasil Colônia, uma vez que a mandioca era um produto tipicamente de trato indígena, mas foi incorporada pelo branco português ao seu cardápio. Assim, é correta a opção [A].
(Enem 2018) Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também homens brancos.
CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013 (adaptado).
A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto representava um(a):
a) expressão do valor das festividades da população pobre.
b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.
c) estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.
d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.
e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.
Baseados no desamparo social, uma vez que os negros eram retirados dos seus núcleos sociais na África e não eram amparados na sociedade brasileira, os escravos criaram formas de resistência que faziam referência à sua própria cultura, como a bolsa de mandinga citada no texto.
O texto da questão apresenta as crenças religiosas como forma de proteção, sendo utilizadas não somente por negros e escravos, mas também por brancos, o que revela a complexidade da cultura brasileira. Assim, é correta a opção [E].
(Enem 2017)
A fotografia, datada de 1860, é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a:
a) ambiguidade do trabalho doméstico exercido pela ama de leite, desenvolvendo uma relação de proximidade e subordinação em relação aos senhores.
b) integração dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da sociedade imperial.
c) melhoria das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o trabalho doméstico a privilégios para os cativos.
d) esfera da vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher na educação letrada dos infantes.
e) distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem.
O indício citado no comando da questão, pertencente à cultura escravista brasileira, era a clara diferenciação entre os escravos braçais e os escravos “de casa”, ou seja, aqueles que exerciam suas funções dentro das casas dos senhores. Entre as funções exercidas por esses escravos, estava a de ama de leite, o que criava um laço de proximidade entre as escravas e as crianças brancas. Apesar de não perder a condição de escravidão, as amas de leite chegavam a ser chamadas de “mães pretas” pelas crianças que amamentavam.
Muitos são os estudos que demonstram que nossas relações de raça na sociedade atual foram forjadas no período escravista. O destaque da questão está na ama de leite, mulher negra, mas que ocupava um papel importante no espaço privado, ao ter forte contato com as crianças de seus senhores. Atualmente, muito dessa relação ambígua existe com empregadas domésticas ou babás de crianças das classes mais altas de nossa sociedade. Assim, é correta a opção [A].
(Enem 2017) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 2017.
A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica fundamental entre:
a) etnia e miscigenação racial.
b) sociedade e igualdade jurídica.
c) espaço e sobrevivência cultural.
d) progresso e educação ambiental.
e) bem-estar e modernização econômica.
O artigo citado na questão pertence à Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã. Tal Constituição trazia uma legislação específica sobre os indígenas, garantindo a eles a posse das terras que já ocupavam e a defesa da preservação de sua cultura.
O artigo da Constituição é claro na relação entre os direitos dos povos indígenas de manterem suas tradições e a necessidade de deterem a posse de suas terras. De fato, a persistência de uma cultura está intimamente relacionada com o território que seus membros ocupam. Assim, é correta a opção [C].
(Enem 2016)
Texto I
Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000).
São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
Texto II
Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.
SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras da:
a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.
b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.
d) transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval.
e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
Ao desprezarem a diversidade cultural indígena, os europeus que chegaram ao continente americano demonstram seu etnocentrismo, que se manifesta tanto na linguagem que utilizaram quanto nas atitudes que tomaram nesses novos territórios.
Assim, é correta a opção [C].
(Enem 2014)
Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro
O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está “inserida na cultura do que é ser mineiro”.
Folha de S. Paulo, 15 maio 2008.
Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está representado em:
a)
b)
c)
d)
e)
O único exemplo de patrimônio cultural imaterial que se relaciona com a produção do pão de queijo é o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo. Os outros exemplos são materiais ou naturais.
Patrimônio imaterial é aquele que corresponde às práticas artísticas ou culturais do povo, transmitidas através das gerações. No caso, a única alternativa que apresenta uma prática desse tipo é a [C].
(Enem PPL 2020) As canções dos escravos tornaram-se espetáculos em eventos sociais e religiosos organizados pelos senhores e chegaram a ser cantadas e representadas, ao longo do século XIX, de forma estereotipada e depreciativa, pelos blackfaces dos Estados Unidos e Cuba, e pelos teatros de revista do Brasil. As canções escravas, sob a forma de cakewalks ou lundus, despontavam frequentemente no promissor mercado de partituras musicais, nos salões, nos teatros e até mesmo na nascente indústria fonográfica – mas não necessariamente seus protagonistas negros. O mundo do entretenimento e dos empresários musicais atlânticos produziu atraentes diversões dançantes com base em gêneros e ritmos identificados com a população negra das Américas.
ABREU, M. O legado das canções escravas nos Estados Unidos e no Brasil: diálogos musicais no pós-abolição. Revista Brasileira de História, n. 69, jan.-jun. 2015.
A absorção de elementos da vivência escrava pela nascente indústria do lazer, como demonstrada no texto, caracteriza-se como:
a) ação afirmativa.
b) missão civilizatória.
c) desobediência civil.
d) apropriação cultural.
e) comportamento xenofóbico.
A apropriação cultural diz respeito a um processo em que traços e características culturais de um grupo são apropriados pelo grupo socialmente hegemônico para lhe dar mais status ou ampliar seus ganhos financeiros. O texto descreve exatamente esse movimento a respeito das canções dos escravos. Assim, é correta a opção [D].
(Enem 2020) Um dos resquícios franceses na dança são os comandos proferidos pelo marcador da quadrilha. Seu papel é anunciar os próximos passos da coreografia. O abrasileiramento de termos franceses deu origem, por exemplo, ao sarué (soirée – reunião social noturna, ordem para todos se juntarem no centro do salão), anarriê (en arrière – para trás) e anavã (en avant – para frente).
Disponível em: www.ebc.com.br. Acesso em: 06 jul. 2015.
A característica apresentada dessa manifestação popular resulta do seguinte processo socio-histórico:
a) massificação da arte erudita.
b) rejeição de hábitos elitistas.
c) laicização dos rituais religiosos.
d) restauração dos costumes antigos.
e) apropriação de práticas estrangeiras.
A cultura nunca é estática, e isso é perceptível pelo processo de apropriação de práticas estrangeiras descrito no texto dessa questão, exatamente como propõe a alternativa [E].
(Enem Digital 2020) Na maior parte da América Latina, os museus surgiram no século passado, fundados com a intenção de "civilizar", ou seja, de trazer para o Novo Mundo os padrões científicos e culturais das nações colonizadoras. Os museus seriam, dessa forma, instituições transplantadas, criadas dentro dos ideais positivistas de progresso. Não por acaso, ficaram, em sua maior parte, sujeitos aos moldes clássicos, a partir da valorização de aspectos da cultura erudita, fortemente associados à elite. Era necessário, pois, assumir uma função social de maior alcance e ocupar um espaço relevante, capaz de atrair grande quantidade de público.
BARRETO, M. Turismo e legado cultural. Campinas: Papirus, 2002 (adaptado).
A transformação de um número cada vez mais expressivo de museus latino-americanos em espaços destinados a atividades lúdicas e reflexivas está associada ao rompimento com o(a):
a) ideal de educação tradicional.
b) utilização de novas tecnologias.
c) modelo de atrações segmentadas.
d) participação do setor empresarial.
e) resgate de sentimentos nacionalistas.
Em um contexto de crítica ao colonialismo, os museus latino-americanos têm buscado novas formas de utilização desse espaço de preservação da memória e de construção de identidade, relacionando-se com uma intencionalidade educativa de transformação da realidade social. Assim, é correta a opção [A].
(Enem 2018)
O anúncio publicitário da década de 1940 reforça os seguintes estereótipos atribuídos historicamente a uma suposta natureza feminina:
a) pudor inato e instinto maternal.
b) fragilidade física e necessidade de aceitação.
c) isolamento social e procura de autoconhecimento.
d) dependência econômica e desejo de ostentação.
e) mentalidade fútil e conduta hedonista.
A propaganda apresentada na questão descreve a mulher como sendo frágil e com necessidade de agradar aos homens. Esse estereótipo continua, de alguma forma, ainda presente em nosso imaginário social, por mais que haja muitas mudanças no posicionamento da mulher na sociedade atual. Assim, é correta a opção [B].
(Enem 2017) Muitos países se caracterizam por terem populações multiétnicas. Com frequência, evoluíram desse modo ao longo de séculos. Outras sociedades se tornaram multiétnicas mais rapidamente, como resultado de políticas incentivando a migração, ou por conta de legados coloniais e imperiais.
GIDDENS. A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).
Do ponto de vista do funcionamento das democracias contemporâneas, o modelo de sociedade descrito demanda, simultaneamente,
a) defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo.
b) universalização de direitos e respeito à diversidade.
c) segregação do território e estímulo ao autogoverno.
d) políticas de compensação e homogeneização do idioma.
e) padronização da cultura e repressão aos particularismos.
A existência de populações multiétnicas depende do reconhecimento das diversas etnias no território nacional. Isso somente pode ocorrer por meio da universalização de direitos e de um amplo respeito jurídico e social à diversidade. Assim, é correta a opção [B].
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 julho de 2021.
O trecho da Constituição Federal de 1988 ressalta a importância da defesa do patrimônio cultural brasileiro ao considerar que:
a) sua preservação seja administrada e gerida pelo poder público e por seus órgãos responsáveis.
b) seu reconhecimento como tal seja feito por um grupo populacional considerável, em razão proporcional ao tamanho do município no qual ele se insere.
c) seu tombamento confirme sua excepcionalidade ou valor artístico incomum como bens materiais.
d) sua conservação seja de interesse privado para garantir o crescimento econômico de diferentes grupos que constituem a sociedade brasileira.
e) seu valor seja atestado por mais de uma geração e confirmado por especialistas no assunto com reconhecida trajetória acadêmica, bem como por um júri internacional.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, o patrimônio cultural é o conjunto de todos os bens, manifestações populares, cultos, tradições, tanto materiais quanto imateriais (intangíveis), que, reconhecidos de acordo com sua ancestralidade, importância histórica e cultural deuma região, adquirem um valor único e de durabilidade representativa. Assim, cabe ao Estado a sua salvaguarda (proteção), para garantir a sua continuidade e preservação. Assim, é correta a opção [A].
Considere os textos a seguir:
TEXTO I
A filosofia punk era a do “se você não gosta do que existe, faça você mesmo” – ou, simplificando, o lema “do it yourself”. E os punks de primeira hora começaram a criar suas próprias artes plásticas, suas próprias roupas diferentes, seus próprios discos (dando início a um real sistema de gravadoras independentes) e suas próprias publicações (revistinhas xerocadas chamadas fanzines).
OROZCO. Marcelo. Três décadas de “faça você mesmo”.
Revista Cult, edição 96, outubro de 2005.
TEXTO II
Da esquerda para a direita: Sid, Steve, John, Paul.
Disponível em: http://www.sexpistolsofficial.com/photos/?wppa-album=3&wppa-photo=389&wppa-occur=1. Acesso em: 6 de jul. 2021.
O movimento punk apresenta manifestações culturais referentes aos seus processos históricos, como:
a) negação das novas indumentárias masculinas, valorizando a liberdade de gênero.
b) oposição aos valores ingleses baseados no relativismo cultural.
c) contestação aos padrões culturais e normativos dos anos 1970.
d) aceitação dos valores éticos e morais da sociedade europeia do pós-Segunda Guerra.
e) participação da juventude nos exércitos envolvidos na Guerra do Vietnã.
Surgido na década de 1970, nos Estados Unidos e na Inglaterra, o movimento punk foi um fenômeno social marcado por sua forte ideologia de contestação do sistema capitalista, sendo identificado como um movimento de contracultura. Assim, é correta a opção [C].
Considere o texto a seguir:
A Constituição Federal de 1988 revitalizou e ampliou o conceito de patrimônio estabelecido pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e Artístico, por Patrimônio Cultural. Essa alteração incorporou o conceito de referência cultural e significou um aprimoramento importante na definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter imaterial. A Constituição inova, ainda, quando estabelece a parceria entre o poder público e as comunidades para a promoção e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro. Mas, mantém a gestão do patrimônio e da documentação relativa aos bens sob responsabilidade da administração pública.
O Decreto de 1937 estabeleceu como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”. Enquanto o artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
IPHAN. Patrimônio Cultural.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218. Acesso em 07 de jul. 2015.
Com base no texto, ao ampliar o conceito de patrimônio, é possível inferir que esse processo buscou:
a) determinar a definição de cultura sob uma ótica etnocêntrica.
b) estimular a produção artística no que tange às culturas materiais.
c) fortalecer a proteção dos bens culturais em território nacional.
d) incentivar a criação de patrimônios imateriais críticos da tradição.
e) fomentar o processo de privatização dos patrimônios regionais.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura que responde pela preservação do patrimônio cultural brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do país, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras. Assim, é correta a opção [C].
Considere o texto a seguir:
Art. 1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional.
Parágrafo único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis do País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas nesta Lei.
Estatuto do Índio. Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.htm. Acesso em: 07 de jul. 2015.
O Estatuto do Índio tem por objetivo:
a) dificultar o acesso aos direitos indígenas nos territórios fora das aldeias.
b) proteger as etnias indígenas nas suas singularidades e diferenças.
c) reconhecer os costumes nativos como civilizadas e urbanas.
d) estabelecer critério de isonomia entre os povos indígenas e os brancos.
e) limitar a atuação política dos povos indígenas dentro das comunidades demarcadas.
O Estatuto do Índio, surgido em 1973, carregava uma prática assimilacionista; porém, como a Constituição Federal de 1988, o seu objeto, entre outros, é promover a proteção e promoção dos conhecimentos tradicionais de comunidades indígenas sobre os seus usos e práticas culturais como povo. Assim, é correta a opção [B].
Considere os textos a seguir:
TEXTO I
“(...) Breve sequência de intervalos, fácil de memorizar, como mostrou a canção de sucesso (...) são, como todos detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Confirmá-lo, compondo-o eis sua razão de ser”.
ADORNO, W. Theodor, Max Horkheimer. Dialética do esclarecimento. Fragmentos filosóficos.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 118.
TEXTO II
“O hit sertanejo lançado em 2012, “Eu quero Tchu, Eu quero Tcha”, da dupla João Lucas e Marcelo usa de repetição dessa onomatopeia 224 vezes ao longo da canção que contém 1.084 palavras ao total. Outra música, do cantor solo Gustavo Lima, também merece destaque. A música “Balada- Tche Tcherere” tem repetição de 80 vezes em 1439 palavras. Já em “Bara Bere”, de Cristiano Araújo, 84 vezes há repetições em um todo de 428 palavras”.
ARAÚJO, Priscilla Millan Andrade.
Música na indústria cultural: um estudo de caso sobre o gênero Sertanejo Universitário.
XVIII Colóquio Internacional da Escola Latino-Americana de Comunicação e o I Fórum Brasileiro das Tendências da Pesquisa em Comunicação. São Paulo, UMESP, 2014, p. 11.
A partir dos pontos de vista expressos nos textos, infere-se que ambos expressam:
a) uma normatização que engloba uma produção crítica do fazer musical.
b) uma massificação da cultura por meio da valorização da crítica social.
c) uma mercantilização da música calculada para as novas demandas populares.
d) uma padronização dos gostos pela homogeneização dos valores.
e) uma desvalorização da harmonia musical usada pela diversidade cultural.
O conceito desenvolvido por Adorno e Horkheimer se refere à ideia de produção em massa, comum nas fábricas e indústrias, que passou a ser adaptada à produção artística. É uma nova concepção de se fazer arte e cultura, utilizando-se técnicas do sistema capitalista. Dessa maneira, músicas, filmes, espetáculos e outras obras são desenvolvidos sob a lógica de produção em massa. Assim, é correta a opção [D].