Enem: lista de exercícios sobre metafísica e teoria do conhecimento

Esta lista de exercícios testará seus conhecimentos sobre metafísica e teoria do conhecimento, assuntos importantíssimos para a prova de Ciências Humanas do Enem. Publicado por: Francisco Porfírio
Questão 1

 (Enem)

Afresco “A Escola de Atenas”, com o filósofo Platão apontando para o alto.

No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a

a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.

b) realidade inteligível por meio do método dialético.

c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.

d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.

e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.

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Letra B. O ser humano descobre a realidade inteligível por meio de um aparato que possibilita a nossa ampla percepção (de que somos matéria, mas também de que somos raciocínio). Essa possibilidade provoca um movimento dialético da racionalidade, que luta entre a razão e a materialidade física.

Questão 2

(Enem 2019) Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da região sul-americana, via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais não exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de exportadores de natureza no que seria o mundo depois da colonização ibérica: enxergou-nos como territórios condenados a aproveitar os recursos naturais existentes.

ACOSTA, A. Bem viver: urna oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).

A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência da seguinte corrente filosófica:

a) relativismo cognitivo.

b) materialismo dialético.

c) racionalismo cartesiano.

d) pluralismo epistemológico.

e) existencialismo fenomenológico.

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Letra C. O comentário extremamente etnocentrista feito por Humboldt evidencia uma perspectiva trazida pelo racionalismo cartesiano de que o ser humano é aquele que domina a natureza. Nesse sentido, deveríamos, perante o racionalismo, sair da condição animalesca para a condição humanizada, ou seja, aquela que, pela racionalidade, domina.

Questão 3

(Enem) É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.

SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o(a):

a) dissolução do saber científico

b) recuperação dos antigos juízos

c) exaltação do pensamento clássico

d) surgimento do conhecimento inabalável

e) fortalecimento dos preconceitos religiosos

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Letra D. radicalizar o processo de dúvida significa levar a cabo o projeto cartesiano de uma dúvida que seja, ao mesmo tempo, metódica e hiperbólica. Esse é o pressuposto para se chegar ao cogito — o primeiro conhecimento claro e distinto, portanto, inabalável.

Questão 4

Analise o trecho seguinte.

Visto que nascemos sem discernimento e fizemos vários juízos acerca das coisas sensíveis antes de ter o uso pleno de nossa razão, vemo-nos desviados por muitos prejuízos do conhecimento da verdade, dos quais parece que não podemos ser liberados de outra maneira senão aplicando-nos uma vez na vida a duvidar de todas as coisas nas quais encontremos a menor suspeita de incerteza. Mais ainda, será útil até mesmo ter por falsas as coisas de que duvidarmos, a fim de descobrir com tanto maior clareza o que afinal é o mais certo e o mais fácil de conhecer. 

René Descartes. Princípios de Filosofia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002.

Nessa passagem, Descartes descreve um dos passos para alcançar o conhecimento verdadeiro. Esse passo consiste em:

a) analisar as questões filosóficas discutidas pela tradição para encontrar o que nelas há de verdadeiro.

b) procurar na primeira infância a origem do nosso conhecimento.

c) duvidar radicalmente de todas as coisas a fim de encontrar um fundamento sólido para o conhecimento.

d) examinar cuidadosamente as Sagradas Escrituras em busca das verdades da fé.

e) realizar um processo radical de dúvida, mostrando a absoluta impossibilidade do conhecimento da verdade.

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Letra C. Esse trecho evidencia a dúvida hiperbólica, que consiste numa dúvida exagerada, radical, tão radical que faz o sujeito duvidar da própria existência. Esse é o caminho para o primeiro conhecimento sólido do ser humano.

Questão 5

Leia o trecho a seguir.

Quanto ao método, entendo por isso regras certas e fáceis cuja exata observação fará que qualquer um nunca tome nada de falso por verdadeiro, e que, sem despender inutilmente nenhum esforço de inteligência, alcance, com um crescimento gradual e contínuo de ciência, o verdadeiro conhecimento de tudo quanto for capaz de conhecer.

René Descartes. Regras para a orientação do espírito.  São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

Sobre o método de Descartes, assinale a alternativa correta.

a) A divisão dos problemas em partes menores não é recomendada, pois torna muito longos os raciocínios.

b) Ele só pode ser aplicado por pessoas que tenham muita inteligência, pois suas regras são complexas.

c) Uma das suas regras é nunca aceitar como verdadeiro aquilo que pode ser duvidado.

d) A ciência pode crescer e se desenvolver com ele, mas nunca chegará ao conhecimento certo e verdadeiro.

e) A enumeração é a parte dele voltada a enumerar os problemas e dividi-los em partes menores.

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Letra C. O projeto cartesiano de chegada a um conhecimento claro e distinto precisa de confiabilidade. Para isso, René Descartes estabeleceu um método, e uma das suas principais regras é não aceitar como verdadeiro algo do qual se pode duvidar. Se há um mínimo de incerteza em uma sentença, duvide dela!

Questão 6

(Enem)

TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

René Descartes. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisamos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

Adaptado de David Hume. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004.

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume:

a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.

b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.

c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.

d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.

e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

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Letra E. O Texto I traz uma citação de Descartes, filósofo racionalista. Para os racionalistas, o conhecimento verdadeiro somente pode ser obtido por meio da racionalidade pura. Os sentidos podem atrapalhar essa busca por conhecimento. O Texto II traz uma citação de David Hume. Hume foi um empirista, e para os empiristas, todo o conhecimento se origina na experiência prática proveniente dos sentidos do corpo.

Questão 7

Leia o trecho seguinte.

Na filosofia e no pensamento modernos, a dúvida ocupa a mesma posição central que, em todos os séculos anteriores, cabia ao thaumaein (admirar-se) dos gregos, o assombro diante de tudo o que é como é. Descartes foi o primeiro a conceituar esta forma moderna de duvidar, que depois passou a ser o motor evidente e inaudível que vem movendo todo pensamento, o eixo invisível em torno do qual o pensamento tem girado. 

Hannah Arendt. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. p. 286.

Tendo em vista seus conhecimentos sobre a dúvida metódica de Descartes, marque a alternativa correta.

a) Descartes conceitua a dúvida moderna de acordo com o conceito antigo de admiração.

b) Sendo inaudível, o duvidar se mostra limitado para as trocas intersubjetivas.

c) Como nos céticos, a dúvida se coloca como o primeiro passo para o conhecimento.

d) A dúvida, segundo Hannah Arendt, é um motor do pensamento filosófico desde a Antiguidade.

e) A dúvida cartesiana é metódica, isto é, faz parte de um método que visa a alcançar o conhecimento do mundo.

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Letra E. O primeiro passo para obter-se o conhecimento deve ser suspeitar, ou seja, duvidar daquilo que já se conhece. Essa dúvida deve ser hiperbólica, ou seja, exagerada, mas também deve ser metódica, isto é, organizada por um método para que dê resultados confiáveis.

Questão 8

(Enem) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado, menores durante toda a vida. 

KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa:

a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.

b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.

c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.

d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.

e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.

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Letra A. O conceito de maioridade, em Kant, refere-se à capacidade de o ser humano cumprir a norma moral sem ser obrigado, vigiado ou coagido para isso. Essa maioridade somente é possível pelo processo de conhecimento dado pelo esclarecimento, daí a ligação entre conhecimento e moral em Kant.

Questão 9

 (Enem) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que

a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.

b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.

c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.

d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.

e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. 

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Letra A. O conhecimento metafísico original se deixava guiar pelos objetos. Por isso ele não tinha êxito. O conhecimento metafísico proposto por Kant visa a atingir os objetos, sendo estes submetidos ao conceito, algo que parte da razão pura e não da cisma em si.

Questão 10

(Enem 2019)

TEXTO I

Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.

KANT, I. Critica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).

TEXTO II

Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.

FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.

A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:

a) possibilidade da liberdade e obrigação da ação

b) prioridade do juízo e importância da natureza

c) necessidade da boa vontade e crítica da metafísica

d) prescindibilidade do empírico e autoridade da razão

e) interioridade da norma e fenomenalidade do mundo

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Letra E. O primeiro trecho trata da interioridade da lei moral, dada pelo conhecimento esclarecido e fonte da autonomia, segundo Kant. O segundo trecho, retirado de uma poesia chamada “Kant (relido)”, brinca com uma proposta de teoria do conhecimento posterior a Kant que, no entanto, reconhece um ponto de partida essencial no filósofo, a noção de sujeito, que precisa ser ampliada para além da metafísica. Esse é o ponto inicial da fenomenologia, uma corrente que fala sobre o conhecimento por meio da psicologia e do subjetivismo do “eu”.

Questão 11

Leia o trecho a seguir.

Quando se refere aos conhecimentos dos teólogos, Galileu usa quase sempre a palavra “sublime’”. A seu ver, aquele tipo de saber tem uma característica fundamental: com base naqueles “sublimes” conhecimentos, uma vez demonstrada e conhecida como verdadeira uma tese científica, é sempre possível encontrar depois na Escritura “exposições concordantes com aquela” e interpretações com ela congruentes: “Como de antemão a estimam falsa (a verdade copernicana), parece-lhes encontrar, ao ler as Escrituras, só passagens dela discordantes, mas se tivessem formado outro conceito, encontrariam por certo outros tantos que são concordantes”.

Nas anotações pessoais, é possível captar a revolta de Galileu contra “ter que admitir que pessoas ignorantíssimas de uma ciência ou arte sejam juízes dos inteligentes, e pela autoridade que lhes é concedida possam dirigi-los a seu modo”.

Paolo Rossi. A ciência e a filosofia dos modernos. São Paulo: Unesp, 1992. p. 116-117.

No que se refere à condenação de Galileu, assinale a alternativa correta.

a) Galileu foi condenado porque era considerado mais sábio que os outros homens e corrompia a juventude.

b) A defesa de Galileu do modelo geocêntrico resultou em sua condenação por heresia.

c) Galileu reinterpretou a Bíblia, mostrando como ela é compatível com o sistema copernicano.

d) Galileu nunca abjurou as suas teses heliocêntricas e morreu na fogueira por ordem da Santa Inquisição.

e) A principal acusação feita pela Inquisição contra Galileu foi a de prática de magia e bruxaria.

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Letra C. Galileu foi condenado por heresia e quase foi levado à pena de morte, caso não tivesse abjurado suas teses. As teses que resultaram na condenação do cientista e filósofo moderno eram favoráveis ao heliocentrismo, proposto por Nicolau Copérnico, e mostravam como era necessária uma nova interpretação das Escrituras Sagradas.

Questão 12

Leia o extrato a seguir.

(...) a maneira pela qual Galileu concebe um método científico correto implica uma predominância da razão sobre a simples experiência, a substituição de uma realidade empiricamente conhecida por modelos ideais (matemáticos), a primazia da teoria sobre os fatos. Só assim é que (...) um verdadeiro método experimental pôde ser elaborado.
Um método no qual a teoria matemática determina a própria estrutura da pesquisa experimental, ou, para retomar os próprios termos de Galileu, um método que utiliza a linguagem matemática (geométrica) para formular suas indagações à natureza e para interpretar as respostas que ela dá.

Alexandre Koyré. Estudos de história do pensamento científico. Tradução de Márcia Ramalho. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. p. 74.

Galileu teve contribuição ímpar para a formação do método científico moderno. Sobre esse seu método, é correto afirmar que:

a) é um método no qual há o predomínio da experiência sobre a razão.

b) é um método segundo o qual a Matemática determina a estrutura da natureza.

c) é um método independente da experiência, pois dela a razão está afastada.

d) é um método experimental e que necessita de uma instância teórica que anteceda a experiência.

e) é um método segundo o qual a experiência interpreta a natureza.

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Letra B. O método de Galileu propõe que há uma codificação para o Universo e a chave para decodificar a natureza está na Matemática, da qual, e por isso mesmo, a Física necessita tanto.

Questão 13

(Enem) Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.

DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da Filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por

a) estabelecer o ceticismo como opção legítima.

b) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.

c) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.

d) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.

e) questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.

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Letra D. A afirmação cartesiana consegue, pela primeira vez, estabelecer uma verdade inquestionável e indubitável, levando ao que Descartes chamou de conhecimento claro e distinto.

Questão 14

(Enem 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.

O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:

a) desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.

b) atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.

c) defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.

d) aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente.

e) agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo.

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Letra C. Para os céticos adeptos da corrente proposta por Pirro, o ser humano não pode chegar a qualquer conhecimento verdadeiro. Ele deve, então, manter-se indiferente frente a pretensão de verdade, caso contrário, cairá na frustração.

Questão 15

 (Enem) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.

RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de

a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.

b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.

c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.

d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.

e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. 

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Letra D. Para os sofistas, não existe verdade absoluta. Esses professores de retórica foram acusados, por Sócrates, de serem relativistas, pois eles defendiam que a verdade se relaciona à capacidade individual de falar e ao convívio social de expor suas normas, que mudam entre as diferentes sociedades.

Questão 16

 (Enem) Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.

PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.

Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia o(a):

a) caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo.

b) sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense.

c) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos.

d) sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia ateniense.

e) teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das ideias. 

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Letra E. O trecho expressa a teoria do conhecimento platônica, que se baseia na passagem que o indivíduo deve fazer do conhecimento sensorial, que é superficial e errôneo, para o conhecimento inteligível, que habita o Mundo das Ideias e é superior.

Questão 17

 Analise o excerto:

Sendo então a alma imortal e tendo nascido muitas vezes, e tendo visto tanto as coisas que estão aqui quanto as que estão no Hades, enfim todas as coisas, não há quem não tenha aprendido; de modo que não é nada de admirar, tanto com respeito à virtude quanto ao demais, ser possível a ela rememorar aquelas coisas justamente que já antes conhecia. Pois, sendo a natureza toda congênere e tendo a alma aprendido todas as coisas, nada impede que, tendo alguém rememorado uma só coisa — fato esse precisamente que os homens chamam aprendizado —, essa pessoa descubra todas as outras coisas, se for corajosa e não se cansar de procurar. Pois, pelo visto, o procurar e o aprender são, no seu total, uma rememoração.

Adaptado de Platão. Mênon. Texto estabelecido e anotado por John Burnet. Tradução de Maura Iglésias. Rio de Janeiro: PUC-RJ/Loyola, 2001.

Para Platão, o conhecimento provém da razão e não da experiência. Para justificar esse posicionamento, ele cria a teoria das reminiscências, forma mítica do racionalismo. De acordo com essa teoria, é correto afirmar que o conhecimento é:

a) uma forma de significação do mundo construída por meio das experiências individuais, tradições culturais e do uso da razão.

b) construído de premissas advindas das percepções sensíveis, das quais são deduzidas posteriormente novas verdades.

c) resultado da ação divina, que revela aos homens verdades eternas por intermédio de sacerdotes ou sacerdotisas.

d) reconhecido por intuição intelectual, pois as ideias aprendidas antes da encarnação são lembradas na vida presente.

e) proveniente da impressão das imagens dos objetos sensíveis na memória, com base no que são formadas as ideias simples na mente. 

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Letra D. O processo dialético da educação proposto por Platão visa a levar a pessoa a uma intuição intelectual que a faça lembrar daquele conhecimento que ela obteve anteriormente, enquanto era uma alma desencarnada, e do qual ela se esqueceu quando encarnou.

Questão 18

 Interprete o excerto a seguir.

Em Mênon, a questão tratada é a natureza da virtude e se esta pode ser ensinada. Sócrates sustenta que a virtude não pode ser ensinada, consistindo em algo que trazemos conosco desde o nosso nascimento, que pertence a nossa natureza. Trata-se de uma defesa do inatismo, concepção segundo a qual temos em nós um conhecimento inato, que, entretanto, se encontra obscurecido ou esquecido desde o momento em que a alma se encarnou no corpo. O papel da filosofia é fazer-nos recordar esse conhecimento, o que ficou conhecido como doutrina platônica da reminiscência, ou lembrança.

Danilo Marcondes. Textos básicos de filosofia - Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 32.

A defesa do inatismo era necessária para que Platão pudesse resolver o problema da(o):

a) origem do mal

b) divergência de opiniões

c) erro dos sentidos

d) dualismo entre corpo e alma

e) origem das ideias 

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Letra E. Como o conhecimento é obtido antes do nascimento da pessoa, segundo Platão, era preciso haver uma teoria que desse conta de explicar a origem das ideias. Essa teoria é a das ideias inatas, ou inatismo, que afirma que todas as ideias são originadas em uma instância metafísica, o Mundo das Ideias. Para explicar como nós as obtemos, Platão teve que se basear na hipótese de que elas são inatas, são impressas em nossas almas antes do nascimento. No nascimento nós nos esquecemos delas, e depois vamos nos lembrando aos poucos, quando as buscamos.

Questão 19

 Leia a citação.

As coisas belas, por exemplo, não são o Belo, mas contribuem para despertar na alma a intuição primitiva da Beleza, a fazê-la recordar a verdade esquecida. O conhecimento, para Platão, é lembrança (anámnesis). A experiência externa é só um ensejo para fazê-la recordar a verdade que já está nela, anterior àquela.

M. F. Sciacca. História da Filosofia - Antiguidade e Idade Média. Tradução de Luis Washington Vita. São Paulo: Mestre Jou. p. 71.

De acordo com o texto e seus conhecimentos sobre Platão, pode-se afirmar que o fundamento do conhecimento está baseado:

a) no inatismo

b) na percepção sensível

c) na lógica dedutiva

d) na revelação divina

e) nos costumes 

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Letra A. As ideias inatas são a fonte de todo o conhecimento verdadeiro, pois elas surgem no Mundo das Ideias.

Questão 20

  Analise o que vem a seguir e marque a alternativa correta.

Antes de vir habitar num corpo, as almas “veem”, quem mais quem menos, o mundo das ideias. Assim adquirem conhecimento do Ser eterno e imutável. Enquanto vivem naquele mundo, têm plena posse das Essências, as intuem, entendem absolutamente. Com a queda no mundo visível, vestem as mortalhas às quais permanecem ligadas durante todo o curso terreno da vida. A alma, caída do mundo invisível no corpo, contaminada e perturbada pelo elemento irracional, esquece o conhecimento das Ideias, erra no juízo, atraída e dominada pelo sensível.

M. F. Sciacca. História da Filosofia - Antiguidade e Idade Média. Tradução de Luis Washington Vita. São Paulo: Mestre Jou. p. 73.

Para Platão, as almas têm acesso às verdades, mas se esquecem delas ao encarnarem no mundo sensível. Contudo, a lembrança do conhecimento esquecido ainda é possível:

a) após a morte do corpo, quando a alma volta a contemplar o Ser eterno e imutável e relembra-se de tudo.

b) por meio da atividade do logos, que é capaz de purificar a alma dos elementos irracionais, aproximando-a do Inteligível, em que reside a verdade.

c) com base na negação de tudo que venha dos sentidos, visto ser o corpo que contamina e perturba a alma pelo elemento irracional.

d) via meditação, momento em que a alma se afasta temporariamente do corpo e volta a se conectar com o Ser.

e) graças à razão, que demonstra as ideias pela via dedutiva, sendo a inferência válida o critério de verdade do conhecimento.  

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Letra B. Somente a razão (o logos) pode nos levar a um conhecimento puro e verdadeiro, pois ela é o caminho para o Mundo das Ideias.