Exercícios sobre poemas de Olavo Bilac
Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac
O poema Língua portuguesa, de Olavo Bilac, apresenta características que podem ser imediatamente associadas ao:
a) Romantismo, pois apresenta uma linguagem simples e acessível, com versos melódicos que exploram métricas e ritmos variados.
b) Arcadismo, pois seus versos representam o ideal árcade de valorização da vida simples e natural.
c) Realismo, pois apresenta uma linguagem culta e direta, além de descrições e adjetivações idealizantes.
d) Concretismo, pois prega o fim da poesia intimista e o desaparecimento do eu lírico e apresenta a estética da geometrização e visualização da linguagem.
e) Parnasianismo, pois apresenta vocabulário culto, gosto pelas descrições, rimas raras e o apreço pela métrica.
Alternativa “e”. O parnasianismo, escola literária que teve Olavo Bilac como seu principal representante, apresenta uma linguagem universalizante que busca a contenção dos sentimentos e a perfeição formal. A própria poesia e o fazer poético constam como principais temas da estética parnasiana, como pudemos observar no soneto Língua portuguesa.
A UM POETA
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, no silêncio e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica, mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac
Sobre o poema de Olavo Bilac, é correto afirmar apenas:
a) É um soneto metalinguístico, pois nele o poeta trata do próprio ato de escrever poemas. Há uma preocupação excessiva com a forma e, para alcançar a perfeição, o poeta trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua, conforme o último verso do primeiro quarteto do soneto.
b) Há um manejo especial de ritmos da linguagem com estranha combinação de rimas e recursos sonoros, como aliteração e assonância.
c) O irracionalismo dos versos parnasianos facilita a compreensão e interpretação do poema, escrito em tom denotativo.
d) Na busca de sugerir sensações, uma das principais características do parnasianismo, o poeta aproxima a poesia da música.
Alternativa “a”. A poesia parnasiana de Olavo Bilac pregou a rejeição do “excesso de lágrimas” e da linguagem coloquial e declamatória do Romantismo, valorizando o cuidado formal e a expressão mais contida dos sentimentos, com um vocabulário elaborado (às vezes, incompreensível por ser tão culto) e racionalista, além de uma temática voltada para assuntos universais.
(PUCCAMP)
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre;
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelo plange ao longe em doloroso dobre.
O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Podemos reconhecer nas estrofes acima do poema Vila Rica, de Olavo Bilac, as seguintes características do estilo de época que marcou sua poesia:
a) Interesse pela descrição pormenorizada da paisagem, numa linguagem que procura impressionar os sentidos.
b) Uso do vocabulário próprio para acentuar o mistério, a realidade oculta das coisas, que deve ser sugerida por meio de símbolos.
c) Valorização do passado histórico, em busca da definição da nacionalidade brasileira.
d) Utilização exagerada de hipérboles, perífrases e antíteses, no desejo de não nomear diretamente as coisas, mas de fazer alusão a elas.
e) Busca de imagens naturais e vocabulário simples, predileção pelo verso branco e negação de inversões sintáticas.
Alternativa “a”.
(CEFET-PR)
E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes
Olavo Bilac
Sobre o fragmento poético, não é correto afirmar:
a) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.
b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu poético.
c) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa a presentificar o movimento dos astros.
d) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
e) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.
Alternativa “b”. Embora valorizasse a forma, a estrutura e a construção dos versos, Olavo Bilac não era um escritor frio, incapaz de escrever com sentimento. No poema Via-Láctea, o eu lírico trava um diálogo imaginário com o leitor, empregando um vocabulário diferente daquele encontrado na maioria dos poemas parnasianos, vocabulário que sugere proximidade e afetividade. Além do vocabulário, é possível observar também o emprego de sinestesias, recurso que convida o leitor a partilhar da experiência do eu lírico.