Exercícios sobre referenciação
Sobre os perigos da leitura
Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...]
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)
(TJ/SP – 2010 – VUNESP)3- A palavra “a”, em –...no entanto, não foi a esperada.(3.º parágrafo), refere-se a
(a) candidatos.
(b) pergunta.
(c) reação.
(d) falar.
(e) gostaria.
Alternativa “c”.
O artigo “a” refere-se ao substantivo “reação”, fazendo assim uma referenciação anafórica, ou seja, faz um movimento retrospectivo para recuperar o objeto, no caso, a palavra reação.
Sobre os perigos da leitura
Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...]
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)
(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 4- A expressão “um vazio imenso”(3.º parágrafo) refere-se a
(a) candidatos.
(b) pânico.
(c) eles.
(d) reação.
(e) esse campo.
Alternativa “e” .
A expressão “um imenso vazio” faz uma referenciação anafórica do termo “esse campo”.
Sobre os perigos da leitura
Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...]
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)
No terceiro parágrafo do texto de Rubem Alves, alguns elementos retomam, por meio da referenciação anafórica, o termo “os candidatos”. São eles:
(a) nunca, alguém, pensando.
(b) eles, lhes, sua.
(c) aquilo, eles, seus.
(d) eles, isso, próprios.
(e) eles, outros, próprios.
Alternativa “ b”.
O pronome “lhe” remete ao termo “os candidatos”, assim como os pronomes eles e sua, que apesar de estarem elipsados, constam como objeto de análise: Na verdade, nunca lhes havia passado pela (sua) cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que (eles) estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela (sua) cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.
Leia o texto a seguir para responder à questão:
Júlia tem um sonho, ela pretende estudar nos Estados Unidos, mas como não tem condições financeiras, pensa que seu sonho é impossível. Contudo, a menina recebeu um telefonema, o qual anunciava que ela havia ganhado uma bolsa de estudos em Los Angeles.
Os elementos em destaque no texto fazem uma referenciação:
(a) anafórica.
(b) catafórica.
(c) anafórica indireta.
(d) anafórica associativa.
(e) desfocalizada.
Alternativa “c”.
A expressão “bolsa de estudos em Los Angeles” é uma referenciação do tipo anafórica indireta, pois remete à âncora “estudar nos Estados Unidos”, reativando-a através de uma recuperação indireta. Através desse movimento, a âncora passa a ter novamente o foco do texto.