Exercícios sobre advérbio
(Fumarc)
Rapidinho
Todos nos beneficiamos e nos orgulhamos das conquistas da vida moderna, especialmente da crescente velocidade com que fazemos as coisas acontecerem. Mudanças que antigamente levavam séculos para se efetivarem agora podem ser realizadas em poucos anos, às vezes em poucos meses. Quando não em poucas semanas, ou até em poucos dias. Nas sociedades tradicionais, as normas de conduta, as leis, os costumes, o modo de se vestir, os estilos artísticos tinham uma extraordinária capacidade de perdurar. Tudo se modificava, é claro, mas sempre muito devagar. [...]
Na utilização dos meios de comunicação, os mensageiros foram substituídos pelo telégrafo elétrico, que cedeu lugar ao telégrafo sem fio, ao telefone, à televisão, ao fax, ao e-mail e às maravilhas da eletrônica contemporânea. Não somos bobos, tratamos de aproveitar as possibilidades criadas por todos os novos recursos tecnológicos. Para que perder tempo? Se podemos fazer depressa o que os nossos antepassados só conseguiam fazer devagar, por que não haveríamos de acelerar nossas ações? Um dos expoentes do espírito pragmático da modernidade, o americano Benjamin Franklin, já ensinava no século XVIII: “Tempo é dinheiro”, time is money.
[...]
[...]. Uma reflexão que se sabe condenada a desenvolver-se num exíguo prazo predeterminado não será, inevitavelmente, superficial? O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?
Leandro Konder. In: O Globo, 29/08/96.
Os termos destacados têm natureza adverbial, EXCETO:
A) “Mudanças que antigamente levavam séculos para se efetivarem [...].”
B) “O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?”
C) “Quando não em poucas semanas, ou até em poucos dias.”
D) “Um dos expoentes do espírito pragmático da modernidade, o americano Benjamin Franklin, já ensinava no século XVIII [...].”
Alternativa D.
“Antigamente” é advérbio de tempo. “Rapidinho” é advérbio de modo. “Não” é advérbio de negação. “Pragmático” é adjetivo que qualifica o substantivo “espírito”.
(Facape)
Texto I
Em defesa dos adjetivos
Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um murmúrio débil.
[...]
O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura. O senhor do meu lado no metrô: uma lista inteira de adjetivos. Está fingindo que cochila, mas por entre as pálpebras semicerradas observa os colegas passageiros. De vez em quando, o sorrisinho arqueado nos seus lábios vira uma torção irônica. Não sei se o que há nele é desespero calmo, fadiga ou um paciente senso de humor que não se dobra à passagem do tempo.
[...]
E também não existiriam as lembranças não fosse pelo adjetivo. A memória é feita de adjetivos. Uma rua comprida, um dia abrasador de agosto, o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos pelo pó do verão, os teus dedos despachados... (tudo bem, teus é pronome possessivo).
ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí. N. 52, jan. 2011. p. 47.
Texto II
Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
[...]
Manuel Bandeira.
Existe advérbio de lugar na seguinte passagem:
A) “Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos” (Texto I).
B) “O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles” (Texto I).
C) “O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura” (Texto I).
D) “Irene sempre de bom humor” (Texto II).
E) “o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos
pelo pó do verão, os teus dedos despachados...” (Texto I).
Alternativa E.
Em “o portão rangendo que dá para um jardim e ali, [...]”, é possível apontar o advérbio de lugar “ali”.
(Fumarc) A palavra “bastante” pode funcionar como um advérbio ou como um adjetivo. Isso pode interferir na ocorrência (ou não) de concordância nominal na frase.
Qual frase apresenta concordância nominal adequada com a palavra “bastante”?
A) Não havia pratos e talheres bastantes para tantos convidados.
B) O coquetel estava bastante agradável.
C) Os estudantes trabalharam bastante nas férias.
D) Os filmes do Festival de Tiradentes eram bastante interessantes.
Alternativa A.
Na frase “Não havia pratos e talheres bastantes para tantos convidados”, o adjetivo “bastantes” concorda, adequadamente, com “pratos e talheres”. Nas demais frases, “bastante” é advérbio de intensidade e, portanto, invariável.
(Unesp)
Letra de canção e poesia
Antonio Cicero
Como escrevo poemas e letras de canções, frequentemente perguntam-me se acho que as letras de canções são poemas. A expressão “letra de canção” já indica de que modo essa questão deve ser entendida, pois a palavra “letra” remete à escrita. O que se quer saber é se a letra, separada da canção, constitui um poema escrito.
“Letra de canção é poema?” Essa formulação é inadequada. Desde que as vanguardas mostraram que não se pode determinar a priori quais são as formas lícitas para a poesia, qualquer coisa pode ser um poema. Se um poeta escreve letras soltas na página e diz que é um poema, quem provará o contrário?
Neste ponto, parece-me inevitável introduzir um juízo de valor. A verdadeira questão parece ser se uma letra de canção é um bom poema. Entretanto, mesmo esta última pergunta ainda não é suficientemente precisa, pois pode estar a indagar duas coisas distintas: 1) Se uma letra de canção é necessariamente um bom poema; e 2) Se uma letra de canção é possivelmente um bom poema.
Quanto à primeira pergunta, é evidente que deve ter uma resposta negativa. Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema. Mas talvez o que se deva perguntar é se uma boa letra é necessariamente um bom poema. Ora, também a essa pergunta a resposta é negativa. Quem já não teve a experiência, em relação a uma letra de canção, de se emocionar com ela ao escutá-la cantada e depois considerá-la insípida, ao lê-la no papel, sem acompanhamento musical? Não é difícil entender a razão disso.
Um poema é um objeto autotélico, isto é, ele tem o seu fim em si próprio. Quando o julgamos bom ou ruim, estamos a considerá-lo independentemente do fato de que, além de ser um poema, ele tenha qualquer utilidade. O poema se realiza quando é lido: e ele pode ser lido em voz baixa, interna, aural.
Já uma letra de canção é heterotélica, isto é, ela não tem o seu fim em si própria. Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa. Em outras palavras, se uma letra de canção servir para fazer uma boa canção, ela é boa, ainda que seja ilegível. E a letra pode ser ilegível porque, para se estruturar, para adquirir determinado colorido, para ter os sons ou as palavras certas enfatizadas, ela depende da melodia, da harmonia, do ritmo, do tom da música à qual se encontra associada.
Folha de S. Paulo, 16.06.2007.
Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema.
O advérbio necessariamente, nas três ocorrências verificadas na passagem mencionada, equivale, pelo sentido, a:
A) forçosamente.
B) raramente.
C) suficientemente.
D) independentemente.
E) frequentemente.
Alternativa A.
O sentido do fragmento se mantém se trocamos “necessariamente” por “forçosamente”: “Nenhum poema é forçosamente um bom poema; nenhum texto é forçosamente um bom poema; logo, nenhuma letra é forçosamente um bom poema”.
Preencha as lacunas do texto com o tipo de advérbio indicado entre parênteses.
Cheguei __________ (advérbio de lugar) às doze horas. __________ (advérbio de tempo) pensei que fosse tanta gente ao show. Aproximei-me __________ (advérbio de modo) do palco. Eu estava __________ (advérbio de intensidade) ansioso.
A sequência correta de preenchimento das lacunas é:
A) dificultosamente, nunca, muito, lá.
B) dificultosamente, lá, muito, jamais.
C) lá, jamais, dificultosamente, muito.
D) lá, nunca, muito, dificultosamente.
E) jamais, lá, dificultosamente, muito.
Alternativa C.
O texto deve ser escrito assim: “Cheguei lá às doze horas. Jamais pensei que fosse tanta gente ao show. Aproximei-me dificultosamente do palco. Eu estava muito ansioso”.
Analise este período:
Os livros certamente estão atrás daquela porta.
O enunciado apresenta os seguintes tipos de advérbio:
A) de tempo e de modo.
B) de afirmação e de lugar.
C) de tempo e de afirmação.
D) de modo e de lugar.
E) de dúvida e de intensidade.
Alternativa B.
“Certamente” é advérbio de afirmação. Já “atrás” é advérbio de lugar.
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) “À direita” é locução adverbial de lugar.
( ) “De repente” é locução adverbial de intensidade.
( ) “Bastante” é locução adverbial de intensidade.
A sequência correta é:
A) V, V, V.
B) F, F, F.
C) V, F, F.
D) F, V, V.
E) V, F, V.
Alternativa C.
“À direita” é locução adverbial de lugar. “De repente” é locução adverbial de tempo. Por fim, “bastante” não é locução adverbial, mas apenas advérbio de intensidade.
Analise as seguintes afirmações:
I- “Efetivamente” é um advérbio de afirmação.
II- “Possivelmente” é um advérbio de afirmação.
III- “Rapidamente” é um advérbio de afirmação.
Está correto o que se afirma em:
A) I apenas.
B) II apenas.
C) III apenas.
D) I e II apenas.
E) II e III apenas.
Alternativa A.
“Efetivamente” é um advérbio de afirmação. Já “possivelmente” é um advérbio de dúvida. Por fim, “rapidamente” é um advérbio de modo.
Feliz, alegre e forte
O que importa se o tempo passou?
O que importa se vai demorar?
O que importa se o dia chegou?
O que importa se nunca virá?
O que importa se alguém falou?
O que importa se ninguém falar?
O que importa é aqui e agora
Toda hora é hora
Enquanto eu posso estar
O que importa é ser aqui e agora
Toda hora é hora
Enquanto eu posso estar
Sou feliz, alegre e forte
Tenho amor e sorte
Aonde quer que eu vá
Sou feliz, alegre e forte
Tenho amor e muita sorte
Aonde quer que eu vá
[...]
MONTE, Marisa; SERRINHA, Pretinho da; LUZ, Rachell. Feliz, alegre e forte. MONTE, Marisa. Portas. Rio de Janeiro: Phonomotor/ Sony Music, 2021.
Qual dos versos da letra de música, destacados abaixo, apresenta advérbio?
A) “O que importa se o tempo passou?”
B) “O que importa se nunca virá?”
C) “O que importa se ninguém falar?”
D) “Toda hora é hora”
E) “Enquanto eu posso estar”
Alternativa B.
A palavra “nunca” é um advérbio de negação.
Stela, me perguntaram
se permaneces no tempo.
Se teu rosto de coral
e teus cabelos de pedra
ficarão indefinidos
no espaço, pedindo sol.
Ainda ontem te vi.
Olhar quase estagnado.
Descias azuis escadas
com aquele teu xale verde.
Aquele xale de Stela
parecia feito d’água:
verde aguado, verde aguado.
[...]
HILST, Hilda. Da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
Qual dos versos destacados abaixo apresenta advérbio?
A) “se permaneces no tempo.”
B) “e teus cabelos de pedra”
C) “Ainda ontem te vi.”
D) “Descias azuis escadas”
E) “parecia feito d’água:”
Alternativa C.
“Ontem” é um advérbio de tempo.
15 de julho de 1955
Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Ele ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne, 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açúcar e seis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.
Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Ele estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho. O ônibus atirou um garoto na calçada e a turba afluiu-se. Ele estava no núcleo. Dei-lhe uns tapas e em cinco minutos ele chegou em casa.
Ablui as crianças, aleitei-as e ablui-me e aleitei-me. Esperei até as 11 horas, um certo alguém. Ele não veio. Tomei um melhoral e deitei-me novamente. Quando despertei o astro rei deslisava no espaço. A minha filha Vera Eunice dizia: — Vai buscar agua mamãe!
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.10. ed. São Paulo: Ática, 2014.
Nesse trecho do diário de Carolina Maria de Jesus, todos os parágrafos apresentam advérbio ou locução adverbial de tempo, EXCETO:
A) o parágrafo 1.
B) o parágrafo 2.
C) o parágrafo 3.
D) o parágrafo 4.
Alternativa B.
O parágrafo 1 apresenta o advérbio “atualmente”; o parágrafo 3, a locução adverbial “à noite” (ou “a noite”, na escrita coloquial característica da autora). Já o parágrafo 4 apresenta a locução adverbial “às 11 horas” (“as 11 horas”, na escrita típica da autora).
Qual das palavras abaixo é um advérbio no grau superlativo sintético?
A) Muitíssimo
B) Celebérrimo
C) Claríssimo
D) Macérrimo
E) Agradabilíssimo
Alternativa A.
Com exceção de “muitíssimo”, todas as outras palavras exercem função adjetiva.
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