Exercícios sobre aposto e sobre vocativo
(Unimontes)
A posse das coisas
Danuza Leão
Há muitos anos, vendi o apartamento onde morava para um americano, e como ele não tinha conta em banco, pediu para pagar em dinheiro; dinheiro vivo. Eu até gostei. No fundo, no fundo, muito melhor dinheiro do que cheque.
Depois que se deposita ainda são 48 horas para compensar, sabe-se lá se nesse tempo o comprador não morre e a mulher, com quem ele tem conta conjunta, vai lá e leva tudo. Em dinheiro é melhor.
[...]
No quinto pacotinho, pensei que com eles podia comprar um carro. Mas aí vieram os outros, e me perdi. Me perdi e só via montes de folhas de papel pintado, cortados do mesmo tamanho; muito bonitinhos até, mas apenas um monte de papel. Perdi a noção de que aquilo era dinheiro e comecei a pensar. Então estava trocando meu apartamento com vista para o mar, onde fui tão feliz, por aqueles montinhos de papel? E o tempo que levei escolhendo a cor das paredes, os sonhos que sonhei, os momentos de amizade, amor, felicidade, tristeza, desespero, ódio, esperança, tudo isso acabou, trocado por papel colorido? E o que era o dinheiro, afinal, essa invenção diabólica, razão de brigas, deslealdades, traições, guerras, mortes?
[...]
O dinheiro acabou de ser contado, assinei a escritura, suspirei, esperei pelo recibo do depósito e saí. Já era noite, os ônibus passavam lotados; dei graças a Deus por ter dinheiro para tomar um táxi e fui para casa pensando que talvez fosse bem bom viver no meio do mato. Mas para isso seria preciso ter nascido há uns 500 anos.
Folha de São Paulo, 26-9-2010.
As expressões “essa invenção diabólica” e “razão de brigas...” referem-se ao substantivo “dinheiro”, vêm obrigatoriamente entre vírgulas e têm a função sintática de
A) vocativos.
B) apostos.
C) adjuntos adnominais.
D) complementos nominais.
Alternativa B.
“Essa invenção diabólica” e “razão de brigas” são apostos explicativos. Não podem ser adjuntos adnominais, já que não apresentam caráter adjetivo.
(Unimontes)
Aprenda a se concentrar
Edison não conseguia se concentrar de jeito nenhum. Tinha sempre dois ou três empregos e passava o dia indo de um para outro. Adorava trocar mensagens, e se acostumou a escrever recados curtos e constantes, às vezes para mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Apesar de ser um homem mais inteligente do que a média, sofria quando precisava ler um livro inteiro. Para completar, comia rápido, dormia pouco e não conseguia se dedicar ao casamento conturbado, por falta de tempo. Identificou-se? Claro, quem não tem esses problemas? [...].
É verdade que tudo ao nosso redor serve para nos distrair, que as ferramentas criadas para roubar o nosso tempo estão cada vez mais interessantes, e que todos aqueles links na internet são muito mais legais do que o nosso trabalho. Homens do tempo de Edison não tinham um celular que tocava ou recebia e-mails enquanto eles tentavam ler um livro — mas a luta humana pela concentração está longe de ser um problema moderno. Na verdade, é bem mais antigo do que você imagina. O que a neurociência já sabe é que se trata de um processo de escolha do que é importante. Vamos entender na prática.
[...]
Mas o verdadeiro desafio é focar naquilo que não é tão fascinante assim. Você sabe do que estamos falando: certamente já tentou estudar para uma prova ou prestar atenção no seu chefe, mas simplesmente não conseguiu. A culpa para a sua mente avoada está nos nossos ancestrais. Seu cérebro simplesmente não foi moldado pela evolução para passar muito tempo focado no mesmo assunto. Nossos parentes evolutivos — outros mamíferos, aves e répteis — precisavam sempre tomar decisões rápidas, fugir de um predador, caçar, procurar abrigo.
Para nossa sorte, e ao contrário de outros animais, somos capazes de acionar nosso neocórtex — a parte mais evoluída do cérebro — para tomar decisões a longo prazo, como a de estudar para uma prova, por exemplo. Mas, para cumpri-las, precisamos lutar contra a parte mais primitiva que carregamos — nosso cérebro reptiliano.
[...]
BLANCO, Gisela. Aprenda a se concentrar. Revista Superinteressante, São Paulo, p. 48-55, julho de 2012. Texto adaptado.
Em todas as alternativas, obedecendo-se à norma culta, os travessões foram usados, substituindo as vírgulas, para separar um aposto explicativo, EXCETO
A) “Nossos parentes evolutivos — outros mamíferos, aves e répteis — precisavam sempre tomar decisões rápidas...”
B) “Homens do tempo de Edison não tinham um celular que tocava ou recebia e-mails enquanto eles tentavam ler um livro — mas a luta humana pela concentração está longe de ser um problema moderno.”
C) “...somos capazes de acionar nosso neocórtex — a parte mais evoluída do cérebro — para tomar decisões a longo prazo...”
D) “Mas, para cumpri-las, precisamos lutar contra a parte mais primitiva que carregamos — nosso cérebro reptiliano.”
Alternativa B.
O fragmento “mas a luta humana pela concentração está longe de ser um problema moderno” é uma oração coordenada sindética adversativa.
(Unimontes)
Viramos escravos da tecnologia?
(Por Caroline Mariano e Nina Neres/ São Paulo; Lucas Rossi/ Estados Unidos)
Nas mudanças comportamentais e sociais que smartphones, softwares, tablets, aplicativos e redes sociais estão provocando, o trabalho tem um papel central. Talvez o escritório seja o lugar em que as marcas da tecnologia sejam as mais profundas — tanto as boas quanto as ruins. Uma pesquisa feita em 2012 pelas consultorias McKinsey e IDC aponta que, nos últimos quatro anos, ferramentas colaborativas aprimoraram a eficiência de processos corporativos. Das mais de 2.000 companhias consultadas pela pesquisa, 74% afirmam que o acesso ao conhecimento aumentou, 58% declaram ter reduzido custos de comunicação, 40% conseguiram um aumento na satisfação dos funcionários.
Mas a tecnologia criou novos problemas profissionais. Um deles, aparentemente simples de resolver, é a distração. Estamos disponíveis para receber mensagens e estímulos eletrônicos o tempo inteiro. Um estudo da Universidade da Califórnia, campus de Irvine, mostra que profissionais que trabalham em frente de um computador são interrompidos (ou interrompem-se espontaneamente) a cada três minutos. Toda vez que isso ocorre, leva-se até 23 minutos para retomar a tarefa. “Em uma semana, um profissional distraído perdeu muitas horas de trabalho”, diz o psiquiatra Frederico Porto, consultor da LHH/ DBM, empresa de recolocação de executivos, de Belo Horizonte. “Além disso, o desgaste mental de mudar de uma atividade para outra faz a pessoa ficar muito mais cansada”, diz Frederico.
A tecnologia também tem efeitos sérios sobre a ansiedade. De acordo com Kelly McGonigal, PhD em psicologia e professora da escola de negócios da Universidade Stanford, em São Francisco, o sistema de recompensa do cérebro, o mesmo que nos faz ingerir alimentos para não morrer de fome, se adaptou à era digital e hoje é carente também da informação. A consequência é sentir necessidade de consumir notícias como se sente vontade de jantar. Essa avidez por atualização se reflete no trabalho de algumas maneiras. Em primeiro lugar, ela causa um aumento da insegurança: os profissionais sentem-se na obrigação de estar disponíveis 24 horas por dia, já que o trabalho não fica mais restrito ao escritório. Além disso, as pessoas passam mais tempo observando os outros nas redes sociais e fazendo comparações. Com isso, elas deixam de se medir com o colega para se comparar, no limite, com todos os usuários do LinkedIn, o que pode ser terrível para a autoestima. O mesmo hábito faz a pessoa conviver com a sensação de ter ficado para trás. A ansiedade digital levou a Associação de Psiquiatria Americana a incluir a partir deste ano a desordem de uso da internet no Manual de Transtornos Mentais, espécie de lista das doenças psiquiátricas existentes. “Trata-se de um vício, na linha das dependências comportamentais, como comprar ou jogar”, diz Cristiano Nabuco, coordenador do programa de dependência de internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
[...]
Adaptado da revista Você S/A. Março de 2013, p. 29-37.
Nas orações abaixo, de acordo com as características individualizantes, de explicação, de esclarecimento, resumitivas, especificadoras, de referência a um sentido global anterior, etc., alusivas ao aposto, pode-se afirmar que NÃO se constitui como aposto o termo sublinhado na alternativa
A) “Com isso, elas deixam de se medir com o colega para se comparar, no limite, com todos os usuários do LinkedIn, o que pode ser terrível para a autoestima.”
B) “Trata-se de um vício, na linha das dependências comportamentais, como comprar ou jogar [...].”
C) “[...] diz o psiquiatra Frederico Porto, consultor da LHH/ DBM, empresa de recolocação de executivos, de Belo Horizonte.”
D) “Uma pesquisa feita em 2012 pelas consultorias McKinsey e IDC aponta que [...] ferramentas colaborativas aprimoraram a eficiência de processos corporativos.”
Alternativa B.
Na alternativa A, o “o” é aposto da oração. Na alternativa C, temos o aposto explicativo “consultor da LHH/ DBM”. Já na alternativa D, há o aposto de especificação “McKinsey e IDC”. Por fim, “na linha das dependências comportamentais” não explica o que é o vício, de forma que é apenas uma informação complementar e não um aposto.
Assinale a alternativa cujo aposto sublinhado é enumerativo.
A) O medo, grande amigo dos fortes, permite-nos sobreviver.
B) Naquela manhã, encontramos Dilcileia na rua 8 de Maio.
C) Abominava estas coisas: atraso, desorganização e barulho.
D) Dinah, Cleiton e João, todos estavam de azul e branco.
E) Meu irmão, um carro desgovernado, não é confiável.
Alternativa C.
O trecho “grande amigo dos fortes” é aposto explicativo. “8 de Maio” é aposto de especificação. O trecho “atraso, desorganização e barulho” é aposto enumerativo. Já “todos” é aposto recapitulativo ou resumidor. Por fim, “um carro desgovernado” é aposto comparativo.
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) O vocativo é um termo integrante da oração.
( ) Aposto e vocativo são termos essenciais.
( ) O aposto é um termo acessório da oração.
A sequência correta é:
A) V, V, V.
B) F, F, F.
C) V, F, F.
D) F, V, V.
E) F, F, V.
Alternativa E.
O vocativo é um termo independente. Já o aposto é um termo acessório da oração. Portanto, o aposto e o vocativo não podem ser termos essenciais da oração.
Analise estes enunciados:
I. Dulce, pegue isto: um lápis, uma caneta e uma folha de papel.
II. Dulce, professora de desenho, pediu-me uma folha de papel.
III. O edifício Dulce fica a poucos metros daqui, Ricardo.
Apresenta(m), ao mesmo tempo, um aposto e um vocativo o(s) enunciado(s):
A) I apenas.
B) II apenas.
C) III apenas.
D) I e II apenas.
E) I e III apenas.
Alternativa E.
Em “Dulce, pegue isto: um lápis, uma caneta e uma folha de papel”, temos o vocativo “Dulce” e o aposto enumerativo “um lápis, uma caneta e uma folha de papel”. Já em “Dulce, professora de desenho, pediu-me uma folha de papel”, “professora de Desenho” é aposto explicativo. Por fim, em “O edifício Dulce fica a poucos metros daqui, Ricardo”, é possível apontar o aposto de especificação “Dulce” e o vocativo “Ricardo”.
Sua estupidez
Meu bem, meu bem
Você tem que acreditar em mim
Ninguém pode destruir assim
Um grande amor
Não dê ouvidos à maldade alheia
E creia
Sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo
Meu bem, meu bem
Use a inteligência uma vez só
Quantos idiotas vivem só
Sem ter amor
E você vai ficar também sozinha
E eu sei porque
Sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo
[...]
CARLOS, Erasmo; CARLOS, Roberto. Sua estupidez. In: CARLOS, Roberto. Roberto Carlos. Rio de Janeiro: CBS, 1969.
Marque a alternativa em que o verso destacado da letra de música apresenta um vocativo.
A) “Meu bem, meu bem”
B) “Você tem que acreditar em mim”
C) “Não dê ouvidos à maldade alheia”
D) “Use a inteligência uma vez só”
E) “Que eu te amo”
Alternativa A.
A expressão “meu bem” é uma invocação ou chamamento, ou seja, um vocativo.
Assinale a alternativa que apresenta um aposto distributivo.
A) Pegue dois pães: um para Adalberto e outro para mim.
B) Adalberto e eu queremos isto: um pão e um copo de leite.
C) Adalberto e eu, os artistas do bairro, estamos de férias.
D) Não queria, Adalberto, fazer uma obra tão medíocre.
E) Meu irmão Adalberto chegou muito tarde ontem.
Alternativa A.
O aposto “um para Adalberto e outro para mim” é distributivo. Já “um pão e um copo de leite” é aposto enumerativo. O trecho “os artistas do bairro” é aposto explicativo. Na oração “Não queria, Adalberto, fazer uma obra tão medíocre”, temos o vocativo “Adalberto”. Por fim, em “Meu irmão Adalberto chegou muito tarde ontem”, “Adalberto” é aposto de especificação.
[…]
Sim, meu Deus. Que se possa dizer sim. No entanto neste mesmo momento alguma coisa estranha aconteceu. Estou escrevendo de manhã e o tempo de repente escureceu de tal forma que foi preciso acender as luzes. E outro telefonema veio: de uma amiga perguntando-me espantada se aqui também tinha escurecido. Sim, aqui é noite escura às dez horas da manhã. É a ira de Deus. E se essa escuridão se transformar em chuva, que volte o dilúvio, mas sem a arca, nós que não soubemos fazer um mundo onde viver e não sabemos na nossa paralisia como viver. Porque se não voltar o dilúvio, voltarão Sodoma e Gomorra, que era a solução. Por que deixar entrar na arca um par de cada espécie? Pelo menos o par humano não tem dado senão filhos, mas não a outra vida, aquela que, não existindo, me fez amanhecer em cólera.
Teresa, quando você me visitou no hospital, viu-me toda enfaixada e imobilizada. Hoje você me veria mais imobilizada ainda. Hoje sou a paralítica e a muda. E se tento falar, sai um rugido de tristeza. Então não é cólera apenas? Não, é tristeza também.
LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Sobre o fragmento de texto de Clarice Lispector, é correto afirmar:
A) Apresenta apenas um vocativo.
B) Apresenta apenas dois vocativos.
C) Apresenta apenas três vocativos.
D) Não apresenta nenhum vocativo.
Alternativa B.
Há vocativos nas frases “Sim, meu Deus” e “Teresa, quando você me visitou no hospital, viu-me toda enfaixada e imobilizada”.
Todas as frases abaixo apresentam vocativo, com exceção de:
A) Sim, é a pura verdade que sou, ó amigo!, o mais infeliz dos homens.
B) Quem chegou foi ele, o meu amigo, o qual não via há muito tempo.
C) Amigo, ouça bem o que vou dizer, pois nunca mais repetirei.
D) Nuvens, por que me encantam com tanta fofura infantil?
E) Naquele dia, brasileiros, o céu estava escuro e muito triste.
Alternativa B.
Em “Quem chegou foi ele, o meu amigo, o qual não via há muito tempo”, temos aposto explicativo. Já os vocativos presentes nos outros enunciados são: “ó amigo”, “amigo”, “nuvens” e “brasileiros”.
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) O aposto da oração consiste em um comentário relacionado a uma oração.
( ) O aposto da oração consiste em um termo que resume uma oração.
( ) Em “Dormiu logo, sinal de seu cansaço”, há aposto da oração.
( ) Em “Dormiu logo, o que gerou preocupação”, há aposto da oração.
A sequência correta é:
A) V, V, V, V.
B) F, F, F, F.
C) V, F, F, V.
D) F, V, V, V.
E) F, F, V, V.
Alternativa A.
Em “Dormiu logo, sinal de seu cansaço”, é aposto da oração o trecho “sinal de seu cansaço”, já que ele consiste em um comentário relacionado à oração “Dormiu logo”. Por fim, em “Dormiu logo, o que gerou preocupação”, é aposto da oração o termo “o”, pois ele consiste em um termo que resume uma oração.
Todos os enunciados abaixo apresentam aposto ou vocativo, EXCETO:
A) O escritor Caio Fernando Abreu deixou obras cheias de profundidade.
B) Mozart, eu te dei o nome de um grande compositor, meu filho.
C) Dormi em um banco, porque você não me deixou entrar em casa.
D) O amor, uma flecha sem destino certo, provoca muitos estragos.
E) Quero tudo: bolo, chocolate, pão de queijo e sorvete.
Alternativa C.
Na alternativa A, “Caio Fernando Abreu” é aposto de especificação. Na alternativa B, “Mozart” e “meu filho” são vocativos. Na alternativa D, “uma flecha sem destino certo” é aposto comparativo. Na alternativa E, “bolo, chocolate, pão de queijo e sorvete” é aposto enumerativo. Por fim, na alternativa C, temos a oração principal “Dormi em um banco” e a oração subordinada adverbial causal “porque você não me deixou entrar em casa”.
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