Exercícios sobre Escravidão no Brasil
(UFPE) As razões que fizeram com que no Brasil colonial e mesmo durante o império a escravidão africana predominasse em lugar da escravidão dos povos indígenas podem ser atribuídas a (à):
- setores da Igreja e da Coroa que se opunham à escravização indígena; fugas, epidemias e legislação antiescravista indígena que a tornaram menos atraente e lucrativa.
- religião dos povos indígenas, que proibia o trabalho escravo. Preferiam morrer a ter que se se submeterem às agruras da escravidão que lhes era imposta nos engenhos de açúcar ou mesmo em outros trabalhos.
- reação dos povos indígenas, que, por serem bastante organizados e unidos, toda vez que se tentou capturá-los, eles encontravam alguma forma de escapar ao cerco dos portugueses.
- ausência de comunicação entre os portugueses e os povos indígenas e à dificuldade de acesso ao interior do continente, face ao pouco conhecimento que se tinha do território e das línguas indígenas.
- um enorme preconceito que existia do europeu em relação ao indígena, e não em relação ao africano, o que dificultava enormemente o aproveitamento do indígena em qualquer atividade.
Letra A.
A alternativa B está incorreta porque a religião indígena não era um impedimento para a escravidão, já que os portugueses não se importavam com isso; C está incorreta porque mesmo a resistência indígena não impediu a escravização em muitos casos, sendo que na maioria das vezes não conseguiam fugir; D está incorreta em razão de haver sim comunicação entre europeus e indígenas, além de o interior do Brasil ter sido acessado, inclusive com o objetivo do apresamento de indígenas pelos bandeirantes paulistas; e E está incorreta porque o preconceito do europeu era tanto contra o indígena quanto com o africano.
(UFC-CE) Por aproximadamente três séculos, as relações de produção escravista predominaram no Brasil, em especial nas áreas de plantation e de mineração. Sobre este sistema escravista é correto afirmar que:
- impediu as negociações entre escravos e senhores, daí o grande número de fugas.
- favoreceu ao longo dos anos a acumulação de capital em razão do tráfico negreiro.
- possibilitou a cristianização dos escravos, fazendo desaparecer as culturas africanas.
- foi combatido por inúmeras revoltas escravas, como a dos Malês e a do Contestado.
- foi alimentado pelo fluxo contínuo de mão de obra africana até o momento de sua extinção em 1822.
Letra B.
A letra A está incorreta porque em muitos momentos havia negociações entre escravos e senhores, o que garantia alforrias e trabalhos no âmbito doméstico, não sendo esse o motivo das fugas; em C é afirmado que houve uma cristianização total e o desaparecimento da cultura africana, tal afirmativa é incorreta porque houve mais um sincretismo que a predominância de um sobre outro; em D é afirmado que a revolta do Contestado era uma revolta escrava, o que não é verdade; e em E existe a afirmação de que o tráfico encerrou-se em 1822, o que não ocorreu, pois mesmo com legislações posteriores, o tráfico continuou a acontecer até a abolição da escravidão.
Leia a letra da música abaixo:
Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro
Marcelo Yuka e O Rappa
Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? qual é negão?
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a aids possui hierarquia
Na áfrica a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
A letra acima retrata a permanência do preconceito sofrido pelos negros africanos em decorrência de mais de trezentos anos de escravidão em terras brasileiras. A partir da letra da música e de seus conhecimentos sobre a escravização no Brasil, indique a alternativa incorreta.
- O fim da escravidão no Brasil não foi acompanhado de medidas para inserir os africanos escravizados na sociedade, já que não eles tiveram acesso a terra e, quanto à adoção do trabalho assalariado, foi dado um estímulo maior aos imigrantes europeus.
- Os africanos exerciam uma série de atividades, dentre as quais podem ser destacadas as domésticas, quando trabalhavam nas casas, e também quando eram escravos de ganho, administrando pequenos comércios, praticando o artesanato ou prestando pequenos serviços para seus senhores.
- Após a Independência do Brasil, em 1822, houve uma intensa campanha pelo fim da escravidão do Brasil, organizada principalmente por abolicionistas que se adiantaram às pressões dos ingleses pelo fim do Trafico no Atlântico. Em razão da ação dos abolicionistas, a Lei Eusébio de Queirós foi promulgada em 1850.
- Um dos principais exemplos da permanência do preconceito contra os negros no Brasil após o fim da escravidão pode ser encontrado na violência policial, que durante todo o século XX incidiu muito mais nos descendentes de africanos que sobre a população branca.
Letra C. Após a Independência, a escravidão se manteve no Brasil, mesmo com a pressão inglesa pelo fim do tráfico no Atlântico. O movimento abolicionista se iniciou no fim do Império, por volta da década de 1870.
“Nos mais de trezentos anos de existência da escravidão africana na América, e nos anos em que existiu a escravidão indígena, as populações escravizadas resistiram de diferentes formas ao processo de escravidão. Resistir, entretanto, não significa aqui suportar, mas sim lutar contra a dominação imposta, buscar a liberdade.”
JUNIOR, Roberto Catelli. História: texto e contexto. São Paulo: Scipione, 2006. p. 300.
Durante o período colonial e imperial, a resistência dos africanos escravizados contra a escravidão ocorreu de várias formas. Dentre elas, estavam lutas contra os governos que foram organizadas por escravos ou que tiveram como uma de suas reivindicações o fim da escravidão. Dentre as revoltas abaixo com essas características, não podemos incluir:
- Revolta Farroupilha
- Revolta dos Malês
- Confederação do Equador
- Balaiada
Letra A. A Revolta Farroupilha foi uma revolta da elite proprietária de terras no sul do Brasil, que apenas garantiu alforria aos escravos que dela participaram, não prevendo o fim da escravidão.
Leia abaixo um trecho de uma entrevista de Abdias do Nascimento, escritor, político e militante do movimento negro:
“Os cultos afro-brasileiros eram uma questão de polícia. Dava cadeia. Até hoje, nos museus da polícia do Rio de Janeiro ou da Bahia, podemos encontrar artefatos cultuais retidos. São peças que provavam a suposta delinquência ou anormalidade mental da comunidade negra. Na Bahia, o Instituto Nina Rodrigues mostra exatamente isso: que o negro era um camarada doente da cabeça por ter sua própria crença, seus próprios valores, sua liturgia e seu culto. Eles não podiam aceitar isso.”
Retirado do Portal Afro: <http://www.portalafro.com.br/entrevistas/abdias/internet/abdias.htm> acessado em 25/09/2013.
A partir do trecho acima citado, é possível afirmar que:
- apesar da escravidão a que estavam sujeitos, os africanos sempre tiveram autonomia para praticar seus cultos religiosos.
- ao chegarem ao Brasil e passarem a conviver com os europeus, os africanos escravizados foram paulatinamente perdendo seus traços culturais originais, adotando ao final integralmente a cultura europeia.
- mesmo com todo o tipo de repressão a que estavam sujeitos, os africanos escravizados ainda buscaram manter vivas suas tradições culturais religiosas.
- Nina Rodrigues e seus seguidores estavam certos ao afirmarem que os africanos eram degenerados por não aceitarem a cultura europeia como superior às suas.
Letra C. A resistência cultural africana se manteve durante todo o período da escravidão e também depois, sendo possível ainda hoje haver espaços criados pelos afrodescendentes para se expressarem culturalmente.