Exercícios sobre a terceira fase do modernismo brasileiro
Qual das alternativas a seguir descreve corretamente o contexto sócio-histórico em que se desenvolveu a terceira fase do modernismo brasileiro?
A) Período marcado pelo ápice da Segunda Revolução Industrial, refletindo-se na literatura pela oposição ao cientificismo e pela busca por elementos místicos e pelo olhar subjetivo.
B) Período marcado pela industrialização e pela urbanização, refletindo-se na literatura pela valorização da objetividade e pelo culto à forma e à erudição.
C) Período marcado pela queda da política do café com leite, refletindo-se na literatura pelo rompimento com a tradição e pelo desejo de repensar a nacionalidade.
D) Período marcado pela quebra da bolsa de Nova Iorque e pela Era Vargas, refletindo-se na literatura pela preocupação social e regionalista e pelo engajamento político.
E) Período marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial e pela popularização de veículos de comunicação em massa, refletindo-se na literatura pelo tom introspectivo e pelo rigor formal.
Alternativa E.
Na terceira fase do modernismo (surgimento da conhecida Geração de 45), o contexto histórico trazia o fim da Segunda Guerra Mundial, o início de novas configurações políticas e culturais no Brasil, além da popularização de veículos de comunicação em massa, como rádio, televisão e cinema, o que se refletiu na forma de produzir literatura. As demais alternativas descrevem períodos em que se desenvolveram outros movimentos, como o simbolismo (alternativa A), o parnasianismo (alternativa B), a primeira fase do modernismo (alternativa C) e a segunda fase do modernismo (alternativa D).
Leia a seguir algumas características de diferentes fases do modernismo:
I. Crítica sociopolítica.
II. Linguagem objetiva.
III. Conflito existencial e espiritual.
IV. Antissentimentalismo.
V. Busca pela identidade brasileira.
Qual alternativa apresenta características que se encaixam na poesia da Geração de 45?
A) I, II e III.
B) I, II e IV.
C) I, II e V.
D) II, IV e V.
E) III, IV e V.
Alternativa B.
A poesia da Geração de 45 é marcada por crítica sociopolítica, linguagem objetiva e antissentimentalismo. O conflito existencial e espiritual é uma característica predominante na segunda geração. Já a busca pela identidade brasileira é característica marcante da primeira geração.
(Uece – Adaptada)
Assinale a opção em que todas as informações sobre a terceira fase do modernismo brasileiro são corretas.
A) Entre os principais autores desse terceiro momento modernista, destacam-se: Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Aluísio Azevedo e Machado de Assis.
B) A ficção da terceira fase do modernismo brasileiro caracteriza-se ou por suas tendências introspectivas ou por um tipo de regionalismo – universalista – diferente daquele da segunda fase.
C) A terceira fase do modernismo brasileiro teve ênfase nas produções poéticas com seu experimentalismo, mas ignorou a prosa para se opor aos excessos da crítica social da segunda geração.
D) Os autores da terceira fase do modernismo brasileiro buscavam a fuga da realidade, o que se nota em suas produções marcadas por elementos subjetivos e fantasiosos que pouco se voltavam para o exterior do indivíduo.
Alternativa B.
A terceira geração é marcada pelas tendências introspectivas, como ocorre em Clarice Lispector, mas também pelo regionalismo universal, como é o caso de Guimarães Rosa.
As demais alternativas estão erradas: Aluísio Azevedo (naturalismo) e Machado de Assis (realismo) não pertencem à terceira geração do modernismo (alternativa A); a terceira fase do modernismo teve produções marcantes tanto na poesia quanto na prosa (alternativa B), e não apenas na poesia; e a terceira fase do modernismo não é caracterizada pela fuga da realidade, e sim por um olhar introspectivo que, no entanto, ainda reflete sobre a realidade ao seu redor.
(Cespe/Cebraspe) Em 2020, a escritora Clarice Lispector completaria cem anos de idade. Autora de prosa e ficção, ela é uma representante da terceira geração modernista. As obras produzidas pelos escritores dessa geração ficaram marcadas, entre outras características,
A) pela importância dada à forma, o que fez muitos autores serem considerados experimentalistas.
B) pela preocupação exagerada com a forma, o que impedia que esses autores fossem considerados experimentalistas.
C) pela despreocupação com o conteúdo, o que tornava esses autores instrumentalistas.
D) pelo descuido da forma e pela preocupação com o conteúdo, representando a tendência poética denominada práxis.
E) pela valorização excessiva da tradição das gerações anteriores, embora de forma renovada.
Alternativa A.
A terceira geração modernista, de fato, dava importância à forma do texto, mas não de modo a restringir a produção literária, e sim de forma livre, tornando-o mais experimental.
A alternativa B está errada, pois a importância dada à forma não significava apego às tradições, e sim liberdade para experimentar.
A alternativa C está errada, pois havia preocupação com o conteúdo.
A alternativa D está errada, pois também havia cuidado com a forma, e não apenas com o conteúdo.
A alternativa E está errada, pois não havia valorização excessiva das tradições anteriores.
(Cespe/Cebraspe) Leia o texto a seguir para responder à questão.
Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração. Não é que eu esteja analfabeto. Soletrei, anos e meio, meante cartilha, memória e palmatória. Tive mestre, Mestre Lucas, no Curralinho, decorei gramática, as operações, regra de três, até geografia e estudo pátrio. Em folhas grandes de papel, com capricho tracei bonitos mapas. Ah, não é por falar: mas, desde o começo, me achavam sofismado de ladino. E que eu merecia de ir para cursar latim, em Aula Régia – que também diziam. Tempo saudoso! Inda hoje, apreceio um bom livro, despaçado. Na fazenda O Limãozinho, de um meu amigo Vito Soziano, se assina desse almanaque grosso, de logogrifos e charadas e outras divididas matérias, todo ano vem. Em tanto, ponho primazia é na leitura proveitosa, vida de santo, virtudes e exemplos – missionário esperto engambelando os índios, ou São Francisco de Assis, Santo Antônio, São Geraldo... Eu gosto muito de moral. Raciocinar, exortar os outros para o bom caminho, aconselhar a justo. Minha mulher, que o senhor sabe, zela por mim: muito reza. Ela é uma abençoável. Compadre meu Quelemém sempre diz que eu posso aquietar meu temer de consciência, que sendo bem-assistido, terríveis bons-espíritos me protegem. Ipe! Com gosto... Como é de são efeito, ajudo com meu querer acreditar. Mas nem sempre posso. O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo... quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.
Guimarães Rosa. Grande sertão: veredas., In: João Guimarães Rosa / Ficção completa, vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 12-4.
Na terceira fase do Modernismo brasileiro, Guimarães Rosa apontou novos rumos para a literatura brasileira, por meio de uma perspectiva renovada para o regionalismo. Considerando a leitura do texto 42A2-III e aspectos da literatura brasileira, assinale a opção correta a respeito dessa perspectiva.
A) Em oposição à proposta dos regionalistas da segunda fase modernista, os escritores da chamada “Geração de 45” passaram a se preocupar menos com as questões políticas, ideológicas e culturais e privilegiaram a questão estética, a exemplo da recriação poética da linguagem sertaneja na narrativa de Guimarães Rosa.
B) Guimarães Rosa renovou a linguagem da prosa regionalista ao explorar recursos da expressão poética na narrativa e ao aprofundar a caracterização do homem sertanejo, dando-lhe preocupações existenciais e metafísicas.
C) O sertanejo, na obra de Guimarães Rosa, é caracterizado como um ser que luta pela sobrevivência diante das forças da natureza árida do sertão e da violência de um meio que oprime o trabalhador rural pobre e inculto.
D) O espaço das narrativas de Guimarães Rosa sempre é rural e habitado por sertanejos pobres, mas dotados de elevada intelectualidade, que se revela por meio de uma linguagem literária elevada e abstrata, repleta de sugestões musicais.
E) O regionalismo em Guimarães Rosa tem como ponto de partida o contraste entre cidade e campo, ou entre homem culto da cidade e homem iletrado do campo; e tem como finalidade sondar a diversidade regional da realidade brasileira.
Alternativa B.
Como se pode notar no trecho, Guimarães Rosa ainda usa a prosa regionalista (característica da segunda geração do modernismo), mas com novos temas, como a preocupação existencial e metafísica, típicos da terceira geração do modernismo.
A alternativa A está errada, pois a Geração de 45 ainda se preocupava com as questões políticas e culturais.
A alternativa C está errada, pois, como se nota no trecho, a caracterização do personagem sertanejo não se limita a uma luta por sobrevivência em um ambiente natural desafiador, nem tampouco o personagem é caracterizado como inculto.
A alternativa D está errada, pois nem sempre as narrativas de Guimarães têm o ambiente rural como ambientação ou personagens sertanejos pobres intelectuais. Há mais variedade na produção desse autor.
A alternativa E está errada, pois não existe essa dicotomia “homem culto da cidade” e “homem iletrado do campo” em Guimarães Rosa, o que é perceptível no trecho apresentado.
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede:
E eis que sinto que em breve nos separaremos. Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.
Para cada um de nós – em algum momento perdido na vida – anuncia-se a missão a cumprir? Não cumpro nada: apenas vivo.
Clarice Lispector. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Considerando as características da terceira fase do modernismo brasileiro, por que esse trecho é representativo dessa geração?
A) O texto revela uma preocupação exclusivamente formal e métrica, priorizando rimas ricas e a perfeição estilística.
B) A linguagem do trecho se volta sobretudo à crítica social e ao engajamento político, apresentando personagens e cenários marcados pelo regionalismo.
C) O excerto destaca emoções exaltadas e a ruptura radical com a forma tradicional, representando os discursos intensos do eu lírico para mudar sua realidade.
D) A narrativa explora a subjetividade e o mergulho no interior da personagem, evidenciando a busca existencial e o tom introspectivo.
E) O fragmento revela um enfoque essencialmente romântico, privilegiando emoções expansivas e idealização amorosa em detrimento de reflexões existenciais mais profundas.
Alternativa D.
O trecho apresenta uma reflexão interior sobre o sentimento de solidão e questões existenciais, refletindo características da terceira fase do modernismo, representada por Clarice Lispector.
A alternativa A está errada, pois o texto não está em forma de poesia, e sim de prosa.
A alternativa B está errada, pois o texto não tem conteúdo voltado para o engajamento político, nem marcas de regionalismo.
As alternativas C e E estão erradas, pois o texto não apresenta emoções intensas ou tom exaltado.
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede:
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições de pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
*
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
Melo Neto, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1966.
O que se pode afirmar a respeito do texto apresentado, considerando a terceira geração do modernismo brasileiro?
A) A ênfase recai sobre a musicalidade do verso e as imagens transcendentais, o que revela o misticismo e o tom onírico que se sobrepõem ao sentido concreto.
B) Os versos evidenciam o rigor formal, a objetividade e a ênfase na materialidade das palavras, focando em uma expressão contida e reflexiva.
C) A busca por novas formas e estruturas poéticas é marcada no poema pela temática da educação e pela imagem da pedra, como crítica às tradições anteriores.
D) O poema se concentra em temas regionais e questões de denúncia social para retratar a realidade do sertão por meio de um tom emotivo e politicamente engajado.
Alternativa B.
A poesia de João Cabral de Melo Neto é marcada pelo rigor formal, sendo que a poesia apresentada traz uma expressão contida e reflexiva, característica da terceira geração do modernismo. A figura da pedra é usada como um objeto de aprendizado e metáfora, sem cair em sentimentalismos ou em engajamento social direto, típicos de outras gerações do modernismo brasileiro.
A alternativa A está errada, pois o texto não foca em imagens transcendentais, nem usa um tom onírico.
A alternativa C está errada, já que a estrutura do poema apresentado não rompe completamente com as tradições, havendo rigor formal como a adoção de versos rimados.
A alternativa D está errada, pois o poema não dá ênfase às questões sociais, nem é marcado pelo tom emotivo. Na verdade, é marcado pela contenção emocional e pelo rigor formal.
(Enem)
A partida de trem
Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.
Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:
— A senhora deseja trocar de lugar comigo?
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:
— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?
LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento).
A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a):
A) incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.
B) anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.
C) constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.
D) sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.
E) comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada.
Alternativa E.
No trecho “[...] e o que foi não importa. Começara uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se.”, a narrativa evidencia sentimentos e reflexões internas da personagem a respeito do processo de envelhecimento, que se traduzem no decorrer do trecho como algo solitário.
As demais alternativas estão erradas porque apresentam interpretações sobre elementos que não se destacam no trecho, como incompatibilidades psicológicas, diferenças sociais, formalidade e vaidade.
(Enem)
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a)
A) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
B) notícia, por informar sobre um acontecimento.
C) diário, por trazer lembranças pessoais.
D) fábula, por apresentar uma lição de moral.
E) crônica, por tratar de fatos do cotidiano.
Alternativa A.
O trecho exposto traz uma reflexão breve sobre a vida, criando um aforismo, ou seja, uma sentença que apresenta reflexão prática ou moral, o que é típico da terceira geração do modernismo. As demais alternativas estão erradas, já que o texto não apresenta informações, fatos ou lembranças pessoais.
(Enem)
O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.
ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na
A) plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.
B) dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.
C) religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus costumes.
D) correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do campo.
E) humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem.
Alternativa E.
No trecho, a humanização das presas (o tatu, o tamanduá, os macacos) se dá pela descrição de sentimentos dos animais, o que confere uma expressividade que contrasta com a brutalidade do ser humano que os caça.
A alternativa A está errada, pois o narrador não se detém na descrição plástica de cores ou da sonoridade do ambiente.
A alternativa B está errada, pois o enfoque não está na movimentação de ataque e fuga, e sim na dimensão afetiva.
A alternativa C está errada, pois não se elabora uma narrativa pautada na religiosidade na contemplação do sertanejo, e sim na humanização do sofrimento animal.
A alternativa D está errada, pois o texto não busca explicar hábitos ou tradições do sertão.
(Enem)
Dois parlamentos
Nestes cemitérios gerais
não há morte pessoal.
Nenhum morto se viu
com modelo seu, especial.
Vão todos com a morte padrão,
em série fabricada.
Morte que não se escolhe
e aqui é fornecida de graça.
Que acaba sempre por se impor
sobre a que já medrasse.
Vence a que, mais pessoal,
alguém já trouxesse na carne.
Mas afinal tem suas vantagens
esta morte em série.
Faz defuntos funcionais,
próprios a uma terra sem vermes.
MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés temático muito presente em João Cabral de Melo Neto. No fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)
A) inutilidade de divisão social e hierárquica após a morte.
B) aspecto desumano dos cemitérios da população carente.
C) nivelamento do anonimato imposto pela miséria na morte.
D) tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.
E) indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.
Alternativa C.
Nos quatro primeiros versos, afirma-se que “não há morte especial”, já que não há um modelo especial para os mortos, o que implica a condição de anonimato imposta pela morte, trazendo todas as pessoas para o mesmo nível.
A alternativa A está errada, pois não se fala no poema sobre as hierarquias do tempo em vida, e sim sobre a condição da morte.
A alternativa B está errada, pois o texto não se atém à ideia de cemitérios a uma população em particular, nem descreve as condições estruturais desses cemitérios.
A alternativa D está errada, pois o poema aborda a impessoalidade da morte, e não a fragilidade dos corpos.
A alternativa E está errada, pois não há nada no poema a respeito de comportamento de indiferença ou mesmo de um personagem especificamente sertanejo.
(PUC)
Ao longo da década de 1950, período marcado pelo que se chamou de “desenvolvimentismo”, manifestou-se uma nova geração de escritores, bastante viva, apostando em profundo mergulho num Brasil histórico e mítico, como no caso singular de Guimarães Rosa, ou em tendências de vanguarda, como a dos poetas do “Concretismo”, que concebiam a linguagem como objeto visual, disposta na página em relação funcional com o espaço branco ou colorido, e aproveitando ainda, por vezes, o chamamento de recursos gráficos usuais nas mensagens de propaganda.
(MOREIRA, Tibúrcio. Inédito)
A singularidade de Guimarães Rosa, de cuja obra é ponto culminante o romance Grande sertão: veredas, está sobretudo no fato de ter conseguido, nessa obra prima,
A) expressar aspectos regionais numa narração excepcionalmente criativa e de alcance universal.
B) combinar os gêneros de um poema em prosa modernista e de uma exemplar novela de cavalaria.
C) alternar o falar caipira e o falar urbano, numa sucessão de quadros de diferentes regiões brasileiras.
D) retomar o gênero épico por meio de uma narrativa que dramatiza nosso processo colonial.
E) estabelecer um novo padrão linguístico com base na valorização criativa da norma culta.
Alternativa A.
Uma característica da terceira geração do modernismo brasileiro é o regionalismo universal, o que se vê na obra Grande sertão: veredas, que traz a realidade do sertão, mas apresentando questões existenciais universais por parte dos personagens.
A alternativa B está errada, pois Grande sertão: veredas não é um poema em prosa e nem uma novela de cavalaria.
A alternativa C está errada, pois o foco da linguagem no romance de Guimarães Rosa é o sertão mineiro, buscando recriar o português sertanejo, sem preocupação em representar falares urbanos ou de outras regiões.
A alternativa D está errada, pois o romance não tem a intenção de reconstituir historicamente o período colonial.
A alternativa E está errada, pois não há valorização da norma culta no romance. Na verdade, o registro popular também é uma fonte muito usada na construção do romance.
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