Exercícios sobre charges
(Enem) Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:
O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:
A) Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/ Brasília: José Aguilar/ INL, 1971)
B) Essa cova em que estás
Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967)
C) Medir é a medida
mede
A terra, medo do homem, a lavra;
lavra
duro campo, muito cerco, vária várzea.
(CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escuta. São Paulo: Summums, 1978)
D) Vou contar para vocês
um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983)
E) Trago-te flores, — restos arrancados
Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
(ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986)
Alternativa B.
A charge sugere que a demarcação de terras indígenas corresponde às covas para os indígenas que vão ser assassinados na luta por suas terras. Desse modo, o texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é o de João Cabral de Melo Neto, já que, em tal texto, o eu lírico afirma que a cova em que o severino ou nordestino está é a parte que lhe cabe do latifúndio. Assim como o indígena, ele vai morrer sem conseguir ter terra própria.
O gênero textual charge pode apresentar as seguintes características, exceto:
A) Crítica social.
B) Ironia.
C) Temática atual.
D) Imparcialidade.
E) Texto não verbal.
Alternativa D.
São elementos da charge: crítica social, ironia, temas da atualidade e texto não verbal. A charge sempre faz algum tipo de crítica social ou política, de forma que ela jamais será marcada pela imparcialidade.
(Enem)
Álcool, crescimento e pobreza
O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos anos 80, esse trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização da colheita o obrigou a ser mais produtivo. O corta-cana derruba agora oito toneladas por dia.
O trabalhador deve cortar a cana rente ao chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas, quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não seja lanhado pelas folhas da planta. O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãibra, convulsão. A fim de aguentar dores e cansaço, esse trabalhador toma drogas e soluções de glicose, quando não farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por exaustão nos canaviais.
O setor da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que consome e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e engenheiros para desenvolver máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As pesquisas, privada e pública, na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a genética no país.
Folha de S. Paulo, 11/3/2007 (com adaptações).
Folha de S. Paulo, 25/3/2007.
Confrontando-se as informações do texto com as da charge acima, conclui-se que
A) a charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor agrícola.
B) a charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades distintas e sem relação entre si.
C) o texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista tecnológico.
D) a charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da produção da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro.
E) o texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e condições precárias de trabalho, que a charge ironiza.
Alternativa E.
O texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e condições precárias de trabalho, evidenciando os males provocados pelo excesso de trabalho no cortador de cana. Já a charge ironiza as condições precárias de trabalho e o uso de alta tecnologia, pois evidencia apenas o trabalho braçal (mas explicita que “o mundo [está] de olho em nossa tecnologia”), além de mostrar um cortador de cana que se preocupa em comer com a mão, como se regras de etiqueta fossem mais importantes do que as duras condições de trabalho.
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) A charge apresenta caráter apenas anedótico, típico da piada.
( ) A charge apresenta caráter crítico ou irônico.
( ) O cartum, preferencialmente, não apresenta texto verbal.
A sequência correta é:
A) V, V, F.
B) F, V, V.
C) V, F, F.
D) V, F, V.
E) F, V, F.
Alternativa B.
O cartum possui caráter apenas anedótico e, preferencialmente, não apresenta texto verbal. Já a charge apresenta caráter crítico ou irônico.
(Enem)
Disponível em: http://www.wordinfo.info. Acesso em: 27 abr. 2010.
O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o contexto apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode ocasionar
A) o surgimento de um homem dependente de um novo modelo tecnológico.
B) a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem sua realidade.
C) a problemática social de grande exclusão digital a partir da interferência da máquina.
D) a invenção de equipamentos que dificultam o trabalho do homem, em sua esfera social.
E) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de ferramentas como lança, máquina e computador.
Alternativa A.
A charge mostra um homem curvado diante de um computador e, portanto, dependente de um novo modelo tecnológico. Esse homem se diferencia do homem que está no centro da charge, o qual está ereto e, aparentemente, é mais independente.
Analise estas afirmações:
I. a charge política ironiza personalidades políticas ou acontecimentos da política de um país.
II. a charge esportiva apresenta temática esportiva, a qual critica ou ironiza personalidades ou acontecimentos esportivos.
III. a charge eletrônica é qualquer tipo de charge veiculada na internet.
Estão corretas as afirmativas:
A) I e II apenas.
B) II e III apenas.
C) I e III apenas.
D) I, II e III.
Alternativa D.
As afirmações I, II e III trazem definição correta acerca das charges política, esportiva e eletrônica.
(Enem)
Disponível em: http://jconlineinteratividade.ne10.uol.com.br. Acesso em: 17 set. 2015.
Ao relacionar o problema da seca à inclusão digital, essa charge faz uma crítica a respeito da
A) dificuldade na distribuição de computadores nas áreas rurais.
B) capacidade das tecnologias em aproximar realidades distantes.
C) possibilidade de uso do computador como solução de problemas sociais.
D) ausência de políticas públicas para o acesso da população a computadores.
E) escolha das prioridades no atendimento às reais necessidades da população.
Alternativa E.
Em uma seca, há necessidades maiores do que a inclusão digital, é o que sugere a charge. Ela mostra pessoas na realidade da seca (sem água e comida), que recebem um computador, o que nada resolve sua triste realidade. Portanto, a charge faz uma crítica a respeito da escolha das prioridades no atendimento às reais necessidades da população.
LAERTE. Disponível em: https://memorialdademocracia.com.br/resistencia-cultural/caricatura.
Sobre o texto verbal da charge de Laerte, é correto afirmar que:
A) a ironia é utilizada como forma de reflexão acerca de uma realidade política.
B) a metáfora é utilizada como forma de reflexão acerca de uma realidade política.
C) a ironia é utilizada como forma de defesa de regimes ditatoriais.
D) a metáfora é utilizada como forma de defesa de regimes ditatoriais.
E) o texto verbal é dispensável na construção de sentido da charge.
Alternativa A.
A ironia está presente no enunciado “vivemos numa democracia”, já que ele acompanha a imagem de um militar hipnotizando as pessoas, de forma a fazer com que elas acreditem que estão em uma democracia, apesar de estarem em um regime ditatorial. Portanto, a charge se configura em uma reflexão acerca de uma realidade política e faz uma crítica à ditadura militar.
O texto verbal é indispensável na construção de sentido da charge, pois sem ele o sentido do texto não verbal seria outro: apenas um representante da ditadura que hipnotiza e domina a população, sem o traço irônico impresso no seu ato de convencer a população de que ela vive em uma democracia.
PAIVA, Miguel. Disponível em: https://memorialdademocracia.com.br/resistencia-cultural/caricatura.
A charge de Miguel Paiva deixa transparecer que:
A) os problemas de moradia, alimentação e saúde não fazem parte da realidade brasileira.
B) a Constituição do Brasil é valorizada, respeitada e cumprida pelo Estado brasileiro.
C) a Constituição do Brasil é semelhante a uma ficção, já que não é devidamente cumprida.
D) a moradia, a alimentação e a saúde são direitos efetivamente garantidos pelo Estado.
E) o analfabetismo é a principal causa do não cumprimento dos direitos constitucionais.
Alternativa C.
A charge mostra uma família de pessoas sem-teto. O pai lê na Constituição do Brasil que todo brasileiro tem direito à moradia. A esposa então pede para ele ler o “pedaço bonito” que fala de comida e saúde. Assim, dá a entender que tais direitos são apenas palavras bonitas no papel, mas não respeitados na prática, já que tal família não tem moradia, comida ou acesso à saúde.
NANI. Disponível em: https://memorialdademocracia.com.br/resistencia-cultural/caricatura.
A charge é um gênero textual que costuma utilizar elementos políticos e culturais para fazer uma crítica social. Na charge de Nani,
A) é evidenciado o esforço dos representantes da República para beneficiar o trabalhador.
B) um símbolo cristão é utilizado para mostrar o sacrifício ou sofrimento do trabalhador.
C) é feita uma crítica à inércia do trabalhador diante das péssimas condições de trabalho.
D) o texto não verbal evidencia a defesa de crenças religiosas por parte do chargista.
E) o termo sublinhado no texto verbal apresenta marca de desvio da norma-padrão.
Alternativa B.
A cruz, símbolo cristão, é utilizada para dimensionar o sacrifício ou sofrimento do trabalhador. Para a compreensão da charge, a leitora e o leitor precisam ter conhecimento cultural acerca desse símbolo do cristianismo. Sem esse conhecimento, não é possível entender a mensagem transmitida pela charge.
GLAUCO. Folha de S. Paulo, 30 maio 2008.
A charge de Glauco apresenta uma crítica
A) ao capitalismo estrangeiro.
B) à ditadura militar.
C) ao discurso ambientalista.
D) à propaganda política.
E) ao desmatamento.
Alternativa E.
Na charge, vemos um presidente brasileiro (ele está com uma faixa presidencial), o qual prega em uma árvore a informação “A Amazônia é nossa”. Ao fundo, vemos muitas árvores cortadas. O personagem da charge parece entender que o fato de a Amazônia ser nossa nos dá o direito de desmatar a floresta. Dessa forma, Glauco faz uma crítica ao desmatamento, ao mostrar a atitude irresponsável do poder público.
BANDEIRA, Augusto. Disponível em: https://www.gov.br/memoriasreveladas/pt-br/centrais-de-conteudo/imagens-e-documentos-do-periodo-de-1964-1985/imagens-correio-da-manha/charge-de-augusto-bandeira-de-1964-mostra-o-marechal-castelo-branco-e-o-general-costa-e-silva-como-homens-da-caverna-agredindo-a-democracia/view.
A Charge de Augusto Bandeira usa como personagens dois presidentes da ditadura militar brasileira, com o intuito de:
A) mostrar o desrespeito da ditadura militar em relação à mulher brasileira.
B) mostrar que o governo militar estava aliado a valores democráticos.
C) ironizar o comportamento autoritário dos presidentes militares.
D) ironizar os atos de resistência passiva empreendidas por militantes pró-democracia.
E) evidenciar o caráter paradoxal do regime militar implantado no Brasil em 1964.
Alternativa C.
A charge mostra os presidentes Castelo Branco e Costa e Silva, que governaram o Brasil durante a ditadura militar iniciada em 1964. Eles estão vestidos como homens da caverna. Desse modo, Castelo Branco, além de carregar um porrete, puxa uma mulher pelos cabelos. Essa mulher (como vemos escrito em sua roupa) é a democracia. Assim, o texto verbal da charge mostra, em tom irônico, a falta de limites desse governo militar, o qual está fazendo o que quer, ou seja, agredir e dominar a democracia.
Ferramentas



